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Ex-diretor de futebol do Cruzeiro, Thiago Scuro critica gestão anterior do clube: 'Errado dando certo'

Dirigente diz que títulos encobriram erros e aponta falta de planejamento

postado em 02/02/2018 12:54 / atualizado em 02/02/2018 14:22

Leandro Couri/EM/D.A Press.
Atual CEO do Red Bull Brasil, Thiago Scuro relembrou o período em que trabalhou como diretor de futebol no Cruzeiro. Em evento de uma consultoria em São Paulo, o dirigente criticou o modelo de gestão do clube mineiro no período, classificando-o como o 'errado dando certo'. Scuro integrou a diretoria entre 2015 e 2016, quando o Cruzeiro era presidido por Gilvan de Pinho Tavares, sucedido por Wagner Pires de Sá no início de 2018. 

Na avaliação de Scuro, o sucesso esportivo encobriu os erros de administração do Cruzeiro. Com a diretoria anterior, a Raposa conquistou o bi do Campeonato Brasileiro, em 2013 e 2014, e a Copa do Brasil de 2017, além do Campeonato Mineiro de 2014. Neste ano, a nova direção assumiu o clube com dívida de quase R$ 50 milhões em processos na Fifa.

“Eu tive uma experiência de quase dois anos no Cruzeiro como diretor de futebol. Acho que (o Cruzeiro) não é a referência em gestão. Acho que serve de alerta, porque teve resultado esportivo sem uma estrutura de gestão, e isso é preocupante, porque, de certa forma, é o errado dando certo. Isso dificulta o trabalho de quem quer fazer certo e eventualmente não tem títulos”, declarou Scuro, de acordo com descrição do site ESPN Brasil.

Thiago Scuro também criticou da falta de planejamento na administração do Cruzeiro e apontou falta de sincronia com a diretoria da época. Sem citar nomes diretamente, ele afirmou que a verdadeira função do trabalho dele era desconhecida até por membros da direção.

“Para mim, o que mais pesou foi a falta de um direcionamento claro, de um planajamento, a falta de um orçamento, de definir que tipo de investimento você tem a capacidade de fazer. Eu vinha de clubes-empresa, como Audax e Red Bull, e foi um momento difícil de entendimento até do que as pessoas esperam de um diretor-executivo. Muitas vezes você é contratado para ser diretor-executivo, mas quem te contratou não sabe qual é o seu trabalho e nem como cobrar ou direcionar”, reclamou.

Thiago Scuro foi contratado em 24 setembro de 2015 pelo Cruzeiro. Formado em Ciência do Esporte pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), o executivo chegou ao clube com a promessa de profissionalizar o departamento de futebol, à época tocado por Valdir Barbosa (gerente de futebol) e Benecy Queiroz (supervisor de futebol). Convidado pelo vice-presidente de futebol Bruno Vicintin a assumir o cargo depois de uma série de entrevistas, o paulista acumulava experiências em clubes-empresa, casos de Audax-SP (antigo Pão de Açucar), Audax-RJ (ex-Sendas) e Red Bull Brasil. Ele anunciou a saída do Cruzeiro em dezembro de 2016 e voltou a trabalhar no Red Bull, sediado em Campinas.

No período de Scuro, o Cruzeiro fez 17 contratações. Algumas delas sem destaque, como o caso do argentino Sánchez Miño, aposta pessoal do dirigente, que não agradou aos torcedores. Além do lateral/meia, o clube celeste contratou Lucas, Ezequiel, Bryan, Edimar, Federico Gino, Lucas Romero, Denílson, Marciel, Robinho, Matias Pisano, Rafinha, Bruno Nazário, Rafael Silva, Rafael Sobis e Ramón Ábila. A passagem do diretor pelo Cruzeiro foi bastante criticada pela torcida.

Os modelos dos negócios também foram bastante questionados. No caso do atacante Ramón Ábila, o Cruzeiro se comprometeu a pagar ao Huracán US$ 4,2 milhões por 50% dos direitos econômicos em junho de 2016 e a adquirir a outra metade por US$ 4 milhões em dezembro de 2017. Se isso não fosse feito, o jogador teria de retornar ao ex-clube - como de fato aconteceu em agosto do ano passado. Já em relação ao meia Rafinha, o contrato inicial permitia ao atleta se transferir para outra equipe a "custo zero" caso a direção celeste não cobrisse uma proposta salarial superior. O Vasco chegou a acionar com uma oferta, mas a diretoria atual reajustou os vencimentos do camisa 18 e prorrogou o vínculo até dezembro de 2019.

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