Postura do Cruzeiro, o que esperar do Boca, pênaltis, torcida e mais: a última entrevista de Mano Menezes antes da 'decisão'

 Como o Cruzeiro se portará diante do Boca Juniors a partir do apito inicial do uruguaio Andrés Cunha (URU), nesta quinta-feira, às 21h45, no Mineirão, no duelo de volta das quartas de final da Copa Libertadores? O técnico Mano Menezes respondeu a essa e outras indagações em sua última entrevista coletiva na Toca da Raposa II. O comandante falaria apenas na sexta-feira, mas, diante da importância do confronto, que vale vaga nas semifinais do torneio continental, decidiu se dirigir à torcida. Apesar da difícil missão de derrotar os argentinos por três gols de diferença – ou 2 a 0, para levar a definição para os pênaltis -, Mano mostrou confiança e declarou que o Cruzeiro tem potencial para avançar.

O jogo é grande em importância, é grande em qualidade do adversário e nossa, o jogo é grande pelo objetivo que temos para alcançar. Então, um jogo como esse você precisa cuidar de tudo. Mas não é de um dia para o outro que você faz isso. Você começa a preparar a equipe antes, são vários treinamentos, são vários encontros, várias reuniões, são muitos vídeos de preparação do adversário e nossos, e a gente tem feito tudo isso para chegar preparado nesse que, talvez, seja o maior desafio da temporada em termos de tentativa e provavelmente a nossa chegada ao objetivo de disputar a semifinal da Libertadores.

Infelizmente, a Libertadores ainda limita o banco de reservas para sete jogadores. Me parece que, para a próxima edição, finalmente chegaremos à modernidade final. Mas o time está escalado, vocês sabem qual é o time, o torcedor do Cruzeiro sabe qual é o time. Eu não vejo que isso seja a parte mais importante. O mais importante é o desempenho lá dentro. É escolher uma maneira de jogar e executá-la bem. Propor uma estratégia aos jogadores, construir uma estratégia todos juntos, acreditar muito nela e fazer as coisas aconteceram dentro do campo, que isso é a parte principal.

A crença do torcedor é a nossa crença. Lógico que o carinho faz muito bem, você demonstrar isso de forma material é melhor ainda. Você receber isso na frente da sua casa, de sair para o treinamento. Nós estamos muito contentes com o que o nosso torcedor tem feito. Certamente, ele está fazendo porque aquilo que viu da equipe nos momentos decisivos faz ele acreditar e sonhar, como nós estamos. Todos juntos, no Mineirão, podemos. Sim, podemos. Vamos lutar.

Os dois jogadores estão prontos para jogar. O quanto que cada um vai jogar depende muito de cada jogo, depende daquilo que precisamos fazer. Em determinado momento da partida, podemos ter que arriscar mais, e aí para colocar um você precisa tirar outro. Mas são jogadores decisivos, importantíssimos para esses momentos. Nós estamos felizes de contar com eles e com todos, porque todos serão importantes nesse momento.

O ato simbólico da liberação do Dedé, ao meu ver, traz uma justiça para a disputa. Ou tenta reestabelecer uma justiça. Não vai reestabelecer na totalidade porque Dedé ficou fora de minutos importantes lá. Isso fez com que nossa equipe tivesse que ter um comportamento diferente com um homem a menos naquele momento do jogo. Aquilo não se recupera mais. Mas o que foi possível fazer para recuperar, a Conmebol teve a sensibilidade de fazer. Foi importante para todos nós e para o futebol.

Não (espera um Boca catimbando o jogo). O adversário que temos pela frente é um grande adversário e mostra isso sempre que é exigido deles. Não espero uma equipe que se omita de jogar. É uma equipe que sabe jogar fora de casa, tem qualidade para jogar fora de casa. Mas precisamos bater essa equipe do jeito que ela vier. As escolhas deles pertencem a eles. Vamos fazer as nossas para superar esse adversário que temos pela frente.

O futebol não se tem todas as escolhas como a gente quer. Por isso que precisamos estar preparados para todas as situações. Treinamos penalidades máximas ontem, vamos treinar hoje com o grupo que jogou no domingo. Dividimos em duas partes. Porque existe essa possibilidade e, se chegarmos a ela, precisamos estar preparados. Como tivemos em outras situações e levamos vantagem, conseguimos superar nas penalidades máximas. Se eu pudesse escolher, claro que eu não ia querer. Se o torcedor pudesse escolher, até nem sei se ele não ia querer, né. Mas vamos fazer tudo para conseguir antes o nosso objetivo.

O Cruzeiro vai atacar. Por mais que isso possa ser surpreendente para vocês, o Cruzeiro vai atacar. Precisa atacar. É a hora de atacar. É a hora correr riscos. Vamos correr riscos de maneira organizada, correr riscos que nos aproximem mais dos nossos objetivos do que o contrário. Mas jogo de futebol depende de competência de execução. Quem for mais competente é que vai fazer o resultado.

Primeiro vamos pensar na equipe, depois pensamos no banco. Mais importante é a equipe. O banco estará bem, mas é lógico que uma das condições, uma das premissas das escolhas para os jogadores que vão ficar à disposição vai obedecer isso, vai obedecer o fato de termos que arriscar, de termos que ter mais atacantes em determinado momento. Mas não dá para colocar oito atacantes. Se não, não vai ter ninguém para levar a bola para ele. Os riscos serão calculados em um jogo grande desse porte.

São os problemas que temos com as novas arenas. Não é só a nossa que tem show, as outras também têm. Precisamos conviver de vez em quando com isso. Temos muitos problemas que precisamos resolver nos nossos calendários, daqui alguns dias estaremos falando de Copa do Brasil, colocada no meio de uma data Fifa. Uma final da Copa do Brasil colocada no meio de uma data Fifa. Mas vamos deixar isso para depois. O gramado estará numa condição boa. Nós buscamos informações sobre isso também, tivemos a preocupação. Quem é responsável pelo gramado também está fazendo de tudo para deixá-lo bem. Não vai ser o problema.

Tem, mas não conto nem em pau de arara.

O futebol não é só coincidência. Se não, não conseguiríamos 14 vezes, um número tão significativo como esse. É competência da equipe, dos jogadores, nossa de enxergar esses caminhos que você precisa encontrar nessa hora de pressão total. A grande diferença dos grandes jogadores é o que eles fazem nesses momentos mais tensos. Geralmente, você tem mais facilidade em jogos de menos pressão, onde, mesmo que você perca, o prejuízo não é imediato como esse. O Cruzeiro tem um time acostumado a esses momentos, tem grandes jogadores que já passaram muitas vezes por esse momento. Tem uma torcida que acredita nesse time e, isso tudo somado, faz com que tenhamos mais sucessos até aqui. Um número bastante significativo. Amanhã vamos colocar isso à prova novamente. Esperamos que passemos ao 15º.

Eu falei que vocês sabem, mas não falei nome de ninguém (risos). A tentativa é boa, mas não vou confirmar ninguém antes do jogo, porque não tem sentido. Nunca fiz, não vou fazer aqui por coerência. Mas todos os jogadores são importantes nessa hora. Temos muitos jogadores decisivos. Eu disse aos jogadores, eles estarão amanhã em campo exatamente porque eles são esses caras. Esses caras que nos momentos mais importantes chamam a responsabilidade, são decisivos, acostumados a marcar gols importantes, que vamos precisar amanhã. Não tenho preferência absoluta sobre quem vai marcar o gol. Desde que seja azul, está feito.

Precisamos tirar o adversário da zona que ele quer ficar. Esse sempre é uma estratégia necessária quando você vai enfrentar um adversário que tem uma vantagem. Você não pode deixar ele levar o jogo como ele quer. Esse é o primeiro ponto importante em termos de estratégia. Como nós vamos fazer isso é que estamos treinando durante a semana para fazer bem feito. Como vamos pressionar o meio-campo para que eles não toquem a bola, e eles tocam a bola muito bem, é um time que tem posse, qualidade para fazer isso. Como vamos pressionar esse meio-campo? Vamos ter que tirar algum jogador de algum lugar diferente, colocar em outro lugar. De onde vamos tirar esse jogador para não correr riscos de levar contragolpe, levar ataques nas costas dos nossos defensores? Esse é o outro caminho que temos que encontrar. Estamos trabalhando de maneira diferente várias vezes. No primeiro momento, isso tem que ser feito dentro de uma lógica, dentro de uma coerencia maior. No último momento pode ser feito no coração, na emoção, porque o futebol pode exigir isso. E já vimos muitas vezes dar certo de um jeito ou de outro jeito. Não podemos ser o time de uma nota só. Pode requerer uma sinfonia mais complexa, né, chefe.

Eu imagino, sempre, que quando uma equipe vai iniciar um jogo decisivo dentro de sua casa, todos imaginam pressionar o visitante nos primeiros minutos. Todos imaginam. Ninguém vai iniciar um jogo desses esperando o adversário pegar a bola e fazer o que ele quer. Mas do outro lado tem um grande adversário, sabe disso, estuda a gente, toda essa história de jogos para trás que o Cruzeiro teve, possivelmente o pessoal do Boca estudou. Sabe que isso acontece aqui, que o Cruzeiro tem competência para fazer isso. A diferença que faz para os times vencedores, para os campeões, são que mesmo o adversário sabendo que você vai fazer, você faça bem feito de tal forma que ainda consiga ser eficiente. Isso é que o temos que fazer, é assim que somos, é por isso que temos conseguido os resultados.

É uma complicação que todos querem. Vai ser complicada, mas vai ser ótimo estar entre os quatro. Estar no meio dessa complicação toda. Pela primeira vez na história se abre a possibilidade de três clubes do mesmo país estarem numa semifinal, se o Cruzeiro eliminar o Boca. Veja como esses fatos são difíceis de acontecer e que pode estar aí com a nossa passagem amanhã. É jogar. Eu li que vou tentar quebrar um trauma de 2007. Quero dizer para as pessoas que não tenho trauma nenhum de 2007. Joguei uma final, perdi. E até acho que fomos, surpreendentemente, até onde podíamos ir em 2007. Não era nem para estarmos lá. Era para estar lá o Santos de Luxemburgo, o São Paulo de Muricy estar lá, mas tivemos a competência de eliminá-los durante a trajetória e chegamos contra o Boca. Perdemos porque um perde e outro ganha. Então, não tenho trauma nenhum. Aliás, trago ensinamentos de lá para estar aqui mais uma vez brigando por uma vaga na semifinal. É o que se aprende em jogos grandes, contra grandes adversários. Espero ter aprendido bastante para escrever a história um pouquinho diferente, que é o que vamos fazer amanhã à noite.

As histórias dos títulos, elas sempre culminam com jogos grandes e dificuldades extremas pelas quais você tem que passar para chegar nas grandes conquistas. Esse é um momento semelhante ao que o Cruzeiro passou no passado, que outras equipes também passaram. Se você atinge seu objetivo, você sai muito forte para as semifinais e finais. E o torcedor pode acreditar que nós estaremos fortes com eles amanhã à noite. O Boca é um grande adversário, mas temos capacidade de fazer o que vamos nos propor a fazer. E vamos lutar os 90 minutos para atingir esse objetivo. Ninguém vai sair deixando absolutamente nada para trás. Esse é o nosso objetivo como preparação final. Nosso time é competente, é qualificado, podemos acreditar em nós mesmos. Não temos que inventar um milagre para executar na quinta-feira. Vamos fazer aquilo que estamos fazendo na temporada até agora e é o que pode nos levar até a semifinal.

Estamos nos preparando para o jogo. Essas coisas não podem ser tão planejadas assim, se não elas perdem o efeito do que é para ser o ato. Vamos ver. Vamos tentar fazer tudo o que for positivo para que a equipe chegue na hora do jogo, que é a parte principal, abraçada pelo torcedor, bem preparada, equilibrada emocionalmente, para fazer um jogo de exceção para nos levar à semifinal.

Vamos esperar. Amanhã (quinta, dia do jogo) sai a relação dos jogadores que vão para o momento final. São 11 titulares, mais sete do banco e será um jogo extremamente forte. Então vamos tentar escolher os jogadores adequados para esse momento.