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Em meio a imbróglio sobre balanço financeiro, membros do Conselho Fiscal do Cruzeiro renunciam ao cargo

Membros efetivos do órgão apresentaram pedido formal de desligamento

postado em 08/05/2019 14:36 / atualizado em 08/05/2019 14:55

<i>(Foto: Juarez Rodrigues/EM/D. A. Press)</i>
Os três membros efetivos do Conselho Fiscal do Cruzeiro renunciaram ao cargo. Celso Luiz Chimbida, Geraldo Luiz Brinat e Ubirajara Pires Glória apresentaram um pedido formal de desligamento de seus postos ao presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, e ao vice-presidente, José Dalai Rocha. 

A notícia foi veiculada inicialmente pelo UOL e confirmada pelo Superesportes.

A renúncia ocorreu poucos dias depois do cancelamento da reunião do Conselho Deliberativo para avaliação do balanço patrimonial, agendada para 25 de abril. Os motivos do cancelamento não foram revelados pelo clube e o balanço financeiro do Cruzeiro acabou sendo divulgado mesmo sem ter sido submetido à apreciação do Conselho. O clube ainda não divulgou a nova data de reunião do órgão para análise do balanço.

A empresa de auditoria independente escolhida para analisar as contas celestes orientou o auditor independente Frederico Mendes sobre as alterações que deveriam ser feitas no novo documento. Algumas foram realizadas mediante apresentação de material comprobatório, enquanto outras não, justamente pela ausência dessas provas.

As contas do Cruzeiro foram questionadas também por um grupo de conselheiros da oposição. Liderados pelo ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares e pelo conselheiro Gustavo Gatti, eles apresentaram pedido de esclarecimento sobre pelo menos 15 pontos do Balanço Financeiro do exercício 2018. Ex-candidato à presidência do clube, Sérgio Santos Rodrigues também é um dos signatários do documento.

Venda de Arrascaeta


Um dos pontos polêmicos do balanço é a inclusão de dados da venda de Arrascaeta - realizada em 2019 - no exercício 2018. O Cruzeiro concretizou a venda do meia ao Flamengo em janeiro deste ano por de 13 milhões de euros (R$ 55,2 milhões na cotação da época).

Em tese, a receita deveria entrar no balanço patrimonial apenas no exercício de 2019, porém o clube “puxou” o dinheiro para os demonstrativos contábeis de 2018 em função de o Profut exigir que entidades desportivas tenham prejuízo de no máximo 10% em relação à arrecadação total em um ano (o gasto de R$ 400,5 milhões foi 7,3% maior que o faturamento de R$ 373,5 milhões).

Além disso, os conselheiros da oposição também questionaram o fato de o demonstrativo de fluxo de caixa indicar que os salários e ordenados aumentaram em R$ 9,6 milhões quando comparam-se os salários a pagar em dezembro de 2017 e dezembro de 2018. O documento apresentado pelos opositores ao Conselho Deliberativo questiona, inclusive, o salário do vice-presidente de futebol Itair Machado.

Explicações da Diretoria


O presidente Wagner Pires de Sá rebateu questionamentos de integrantes do grupo de oposição, alegando, entre outras coisas, que “as questões levantadas são até compreensíveis para algum conselheiro que não participou da gestão anterior, mas inaceitável para alguém que esteve dentro e ajudou a colocar o Cruzeiro em grave crise financeira”

A diretoria apresentou notas explicativas ao balanço, informando que a dívida circulante de R$ 7.340.004,00 e não circulante de R$ 30.123.443,00 com clubes nacionais.

Sobre a remuneração de dirigentes, Wagner Pires de Sá revelou que Itair Machado recebe R$ 180 mil por mês e que houve “acréscimo considerável” devido às premiações pagas pelas conquistas do Campeonato Mineiro e da Copa do Brasil.

Acerca da dívida geral do Cruzeiro, superior a R$ 500 milhões, o presidente ressaltou o parcelamento de R$ 170 milhões em 18 anos e que o restante está sendo equilibrado aos poucos.