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Finanças, política, comando técnico: o que estará em jogo para o Cruzeiro na semifinal da Copa do Brasil contra o Internacional

Peso do duelo vai além da pressão por fim dos maus resultados em campo

postado em 06/08/2019 06:30 / atualizado em 06/08/2019 12:10

<i>(Foto: Quinho/Estado de Minas)</i>
O jogo com o Internacional, nesta quarta-feira, às 21h30, pelas semifinais da Copa do Brasil, é naturalmente importante para o Cruzeiro. Depois de derrota por 2 a 0 no clássico contra o Atlético, domingo, no Independência, pelo Campeonato Brasileiro, pode ter relevância ainda maior e até mesmo se tornar divisor de águas para a equipe celeste. Se vencer, a Raposa se revigora e seguirá forte na busca do hepta do torneio mata-mata. Já se perder, vai aprofundar as marcas ruins mais recentes, como a sequência de sete jogos sem fazer gols, o retrospecto de uma vitória nas últimas 17 partidas e a presença na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro (18º, com dez pontos). Além disso, o clube poderá complicar suas combalidas finanças, marcadas pela dificuldade para honrar compromissos, inclusive salários de jogadores e membros da comissão técnica. O Estado de Minas aponta alguns pontos que estarão em jogo no duelo:

FINANÇAS


A eliminação na Copa do Brasil seria mais um baque no balanço financeiro cruzeirense. Ao deixar a Copa Libertadores nas oitavas de final, com derrota nos pênaltis para o River Plate (4 a 2), o clube já viu R$ 4,6 milhões escorrerem pelas mãos, pois esta é a cota de quem disputa as quartas de final. Por outro lado, se alcançar à decisão do mata-mata nacional, a Raposa garantirá, no mínimo, R$ 21 milhões, prêmio pago ao vice-campeão. Caso levante o caneco, o valor sobe para R$ 52 milhões, fora a vaga para a Libertadores de 2020. Descontado o bônus aos jogadores, que costuma ser de metade da premiação, o Cruzeiro teria dinheiro para quase três folhas salariais, além dos R$ 12,3 milhões já garantidos até o momento.

“O Cruzeiro passou por dificuldade como clube, nós passamos dificuldades como equipe e tudo isso provocou a situação atual. Vamos resolver todas as partes. Quando isso ocorrer, estaremos preparados para reagir” (Mano Menezes, técnico celeste)

CRISE POLÍTICA


Uma ação de conselheiros e associados do Cruzeiro levou a Justiça a afastar o vice-presidente de futebol Itair Machado. Já o presidente Wagner Pires de Sá adotou, estrategicamente, o silêncio justamente quando o Cruzeiro atravessa uma das maiores crises político-administrativas da história. Assim, a agremiação parece sem comando, não são anunciadas medidas para corrigir os desvios e a cada semana aparecem novas denúncias, sendo que as últimas foram feitas pela comissão de sindicância criada por determinação do presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, que esteve à frente o clube em duas ocasiões.

COMANDO TÉCNICO


Mano Menezes chegou a colocar o cargo à disposição dos dirigentes depois da derrota no clássico de domingo. Um novo insucesso poderá tornar a permanência do treinador insustentável ou, no mínimo, fazer crescer a pressão sobre ele e o restante da comissão técnica, que, à exceção da goleada por 3 a 0 sobre o Atlético, não tem conseguido fazer o time jogar o que pode. Há quem avalie que o ciclo do comandante chegou ao fim e ele não consegue tirar mais nada do grupo. Porém, se avançar, manterá a fama de “copeiro” – além do atual bi com o Cruzeiro, foi campeão da competição em 2009 com o Corinthians e montou o grupo do Flamengo que levantou a taça em 2013.

“A saída do Mano neste momento não seria o ideal. Ele sabe como lidar com esse tipo de situação e estamos juntos com ele. Temos parcela de culpa, não estamos rendendo o que ele nos passa, mas juntos vamos conseguir colocar o Cruzeiro lá em cima novamente” (Pedro Rocha, atacante)

CUSTO/BENEFÍCIO


Jogadores como Thiago Neves, Robinho, Edílson (se jogar) e Fred têm a chance de justificar mais uma vez o investimento feito pelo clube. Ainda que não estejam na melhor forma física, como é o caso de Robinho, que sofre com dor na panturrilha, eles têm qualidade para decidir jogos grandes e já demonstraram ser fundamentais em ocasiões anteriores. Porém, se não fizerem a diferença, poderão ser ainda mais questionados pela torcida, que dá mostras de impaciência, principalmente em função da crise financeira que o clube atravessa.

“O torcedor já vai para o jogo do meio de semana mais desconfiado. E a gente também. Mas em cima de dificuldades, grandes, tivemos respostas grandes. Então, vamos nos preparar, não achar que está tudo errado, corrigir onde tem de corrigir e na quarta-feira construir uma pequena vantagem” (Mano Menezes)

OPORTUNIDADE


Duelos decisivos como este Cruzeiro x Internacional, valendo vaga em final de Copa do Brasil, podem ser uma grande chance para jogadores que estão buscando espaço, caso dos atacantes David e Sassá. Entretanto, se continuarem entrando e não justificando a opção do técnico Mano Menezes, eles também verão os questionamentos aumentarem e podem não seguir no grupo na próxima temporada, até em função do que ocorrer até o fim do ano.

“A gente tem de rever alguns dos nossos conceitos, rever algumas coisas que estamos deixando de fazer, de colocar em campo. Não adianta a gente vir aqui falar um discurso legal, precisamos mostrar dentro de campo todo esse comprometimento que sempre prometemos” (Henrique, volante e capitão celeste)

FANTASMA DA SÉRIE B


Uma das quatro equipes que nunca disputou a Segunda Divisão, ao lado de Flamengo, Santos e São Paulo, o Cruzeiro amarga a zona de rebaixamento em 13 rodadas do Campeonato Brasileiro. Se uma vitória no jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil daria um impulso para a reação na Série A, até por ter três semanas “cheias” pela frente, o revés poderá levar a equipe a descer ainda mais no poço que se meteu desde a última vitória na competição, em 5 de maio (2 a 1 sobre o Goiás, no Mineirão). E aí, apesar de ter jogadores melhores que a maioria dos rivais, a Raposa correria sério risco de sofrer o primeiro descenso de sua história.

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