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Sem projeto imediato para a recuperação do clube, presidente e vices do Cruzeiro serão convidados a renunciar

Presidente do Conselho, José Dalai Rocha, vai sugerir que todos entreguem os cargos

postado em 16/12/2019 06:00 / atualizado em 15/12/2019 21:57


O presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, e os vices Hermínio Lemos e Ronaldo Granata correm contra o tempo para apresentar um plano para salvar o clube. Pressionados pela torcida, que se mobiliza pela internet, e pelos integrantes do Conselho Deliberativo – com cujo presidente em exercício, José Dalai Rocha, vão se reunir nesta segunda –, os dirigentes ainda não conseguiram dar a resposta esperada, embora garantam que vão tirar a Raposa da crise que culminou com a queda para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Dalai deve sugerir a renúncia de todo Conselho e da diretoria. Se não houver acordo, uma reunião deve ser convocada no Conselho para tentar afastar a diretoria. Essa disputa política também pode parar na Justiça.

A principal preocupação é com o pagamento dos salários dos jogadores, que não recebem há dois meses. Se completar o terceiro mês seguido de inadimplência, eles poderão solicitar, na Justiça, o desligamento, podendo acertar com outro clube sem ressarcimento para o atual patrão.

Assim, o Cruzeiro corre o risco de começar 2020 sem time para disputar as competições que terá pela frente: Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e a Segunda Divisão Nacional. Até mesmo os atletas das equipes inferiores poderiam pedir a rescisão do vínculo, inviabilizando completamente a recuperação celeste.

Além disso, há problemas em outros setores. Funcionários, inclusive os de menor salário, estão sem receber vencimentos, férias e 13º salário, além de não terem parcelas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) depositadas.

Para completar, fornecedores também estão sem receber e já não estão mais dispostos a seguir trabalhando com o clube diante da falta de perspectiva de solução para a crise administrativa-financeira. A piscina da sede campestre, por exemplo, foi interditada na semana passada por falta de limpeza, prejudicando os frequentadores.

Wagner Pires de Sá admitiu não saber como solucionar os problemas. “Durmo e acordo pensando onde vamos arrumar dinheiro, não está fácil”, afirmou o mandatário, para, em seguida, dar alguma esperança aos cruzeirenses: “Temos alguma perspectiva, uma perspectiva boa. Acredito que vamos sair deste imbróglio”.

A oposição e boa parte da torcida, porém, não parecem dispostos a dar mais tempo à atual diretoria. Afinal, foram os dirigentes que fizeram a dívida do clube saltar de cerca de R$ 400 milhões em janeiro de 2018, quando assumiu, para aproximadamente R$ 700 milhões agora, praticamente inviabilizando o Cruzeiro financeiramente.

Houve até uma tentativa de buscar no mercado financeiro R$ 300 milhões para tentar diminuir o custo da dívida. Porém, diante de denúncias de irregularidades, como falsificação de documentos e falsidade ideológica, a instituição que aceitaria emprestar o dinheiro recuou.

Apesar da possibilidade cada vez maior de não terminar o mandato, Wagner Pires de Sá se mostra otimista. Segundo ele, a diretoria não está parada e trabalha para conseguir “devolver o Cruzeiro para o lugar de onde dele nunca deveria ter saído”.

“Estamos procurando planos e projetos para que possamos ser autossuficientes com rendas recorrentes fora do futebol. Temos diversos projetos, já vamos começar a implementar alguns e lançaremos outro logo no princípio de 2020, como nosso plano de saúde, atendendo sócio-torcedores e funcionários. Será aberto para o público em geral. Teremos nossa própria plataforma de telefonia; nosso projeto energético, na qual os nossos associados terão desconto de 15% nas contas de energia elétrica. Temos o 'Projeto Gol', que substitui o 'Projeto Uber'. Temos o Digi+, um banco em que faltou um pouco de liga entre ele e o Cruzeiro, e implementaremos. Quanto o maior o número de participantes, maior será nosso retorno. Tudo isso iremos continuar agora, e acredito que as receitas advindas desses projetos manterão o time sem a necessidade de recursos extras”, argumenta o presidente celeste.

Revolta


A situação política, porém, pode atrapalhar os planos da diretoria. Os torcedores estão cada vez mais revoltados com a falta de estratégia clara para que o Cruzeiro não só volte à Primeira Divisão, mas que recupere a estabilidade financeira.

No domingo, em carta assinada pela “Torcida do Cruzeiro Esporte Clube” e endereçada a José Dalai Rocha, é pedido a convocação imediata de reunião do Conselho Deliberativo para votar o afastamento da diretoria e, consequentemente, a convocação de novas eleições. “Sem renúncia, afastamento. Sem afastamento, não haverá paz! Se esta diretoria nos colocou neste purgatório, nós seremos o inferno dela”, escreveram.


Medidas urgentes

• Pagamento de salários atrasados, principalmente de jogadores
• Apresentação de plano de recuperação das finanças do clube
• Negociação de pendências com fornecedores e prestadores de serviço
• Busca de redução de salários das estrelas no futebol
• Contratação de reforços para a temporada'2020
• Definição de estratégias para aumentar adesão ao sócio-torcedor
• Busca de novos patrocinadores e parceiros que tragam recursos
• Corte de despesas, principalmente administrativas
• Pacificação do clube, com diálogo entre diversas correntes
• Abertura das contas não só para o Conselho Deliberativo, mas também para a torcida

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