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Cruzeiro: Fróes detalha reunião com candidatos e diz que divisão política no clube é problema muito mais grave que dificuldades financeiras

Presidente do Núcleo Dirigente Transitório não poupa críticas a quem mira 'interesses próprios', em vez de focar no clube: 'Não pensaram no Cruzeiro'

postado em 14/04/2020 12:00 / atualizado em 14/04/2020 12:54

(Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)
Se o futebol está paralisado por causa da pandemia do novo coronavírus, os bastidores do Cruzeiro seguem movimentados devido às eleições marcadas para 21 de maio. Nessa segunda-feira, o Núcleo Dirigente Transitório apresentou informações estratégicas sobre a administração aos candidatos à presidência do clube e do Conselho Deliberativo. Em entrevista à Rádio 98, Saulo Fróes, integrante do núcleo de gestores, detalhou o conteúdo da reunião virtual.

“Acho que é muito importante que eventuais candidatos conheçam os números para saberem o que vão encontrar. Quando nós entramos, em 23 de dezembro, pensávamos que a situação era muito ruim, mas, na verdade, eram um desastre, um cenário de guerra. Depois disso, fizemos um choque de gestão e conseguimos conciliar as contas dentro de uma certa normalidade”, afirmou.

Nesse período de 100 dias fizemos um trabalho profissional, organizamos o clube e agora achamos importante os candidatos à presidência e à presidência do Conselho tomarem conhecimento. Apresentamos um raio X de tudo que foi feito durante esse período e de toda a situação que pegamos e a atual. É um divisor de águas, eu tenho certeza que o conselho vai ficar marcado. Se não fosse um conselho gestor totalmente isento, sem ligações políticas, não conseguiria fazer o choque de gestão e deixar o Cruzeiro em condições de partir para outro caminho”, complementou.

O Núcleo Dirigente Transitório ficará no Cruzeiro até 31 de maio, quando o bastão será passado para o novo presidente. O mandato terá formato “tampão”, uma vez que haverá novo pleito este ano, em outubro, no qual o ganhador comandará o clube de 2021 a 2023.

De acordo com Saulo Fróes, a ideia inicial do conselho gestor era conduzir a administração até dezembro. Tanto que Emilio Brandi, um dos oito integrantes do grupo, lançou-se candidato, mas desistiu depois que Sérgio Santos Rodrigues informou que não abriria mão de concorrer à disputa - ainda que para uma gestão de apenas seis meses.

A nossa ideia era permanecer até o fim do ano para que não houvesse uma eleição agora e outra no fim do ano. Achamos que há um desgaste, a parte que perde acaba indo para o outro lado e virando uma oposição nem sempre salutar. Às vezes é uma oposição nociva ao clube. Infelizmente houve um segmento no Cruzeiro, às vezes das alas antigas de conselheiros, que acho que não pensaram no Cruzeiro, e sim em interesses próprios. Não digo especificamente do fato de a pessoa se candidatar, mas acho que não foi pensado nessa visão de ter apenas uma eleição na disputa. Resolvemos tirar o nosso candidato, Emilio Brandi, que achávamos ser a pessoa ideal para comandar até o fim do ano, e voltar à nossa origem de torcedor”.

Na opinião do dirigente, a divisão política interna no Cruzeiro é muito mais grave que as dificuldades financeiras - o passivo total atual é estimado em R$ 800 milhões.

“A parte financeira você vai conciliando, como nós fizemos. Negociamos com Fifa, credores, bancos, fornecedores e ganhamos credibilidade pelo fato de estar lá. Só olhar o que foi feito durante os 100 dias em que estivemos lá. Agora, a parte política é muito difícil, é muito interesse”.

Fróes lembrou, por exemplo, quando 132 conselheiros do Cruzeiro assinaram documento na Justiça pedindo a volta do ex-vice-presidente de futebol, Itair Machado, investigado por suspeitas de corrupção no clube. O antigo gestor era muito ligado ao grupo denominado Família União.

“Por mais que eu tenha respeito ao Conselho do Cruzeiro, vocês sabem o que aconteceu na gestão passada, quando 132 conselheiros assinaram para o Itair voltar, coisa que já tinha acabado com o Cruzeiro. A parte política é muito prejudicial”.

Apesar de o Núcleo Dirigente Transitório não cumprir o ciclo desejado de um ano, Saulo Fróes assegurou que o próximo presidente do Cruzeiro encontrará um cenário muito melhor, tanto no quesito financeiro quanto no administrativo.

“Eu nunca participei de nada com os demais, acho que já fiz minha parte e saio com a cabeça erguida. Certeza que fiz o melhor pelo Cruzeiro, assim como os conselheiros que lá estão. A gente se sente à vontade de deixar o Cruzeiro numa forma muito melhor. Infelizmente, a parte política é pior que os problemas financeiros, que são seríssimos, mas que aos poucos vamos conseguindo equilibrar”.

Os postulantes à presidência do Cruzeiro são o advogado Sérgio Rodrigues, o empresário Giovanni Baroni e o ex-vice-presidente Ronaldo Granata. Já Paulo Sifuentes, Luiz Carlos Rodrigues e Paulo César Pedrosa concorrem à presidência do Conselho Deliberativo. As chapas deverão ser oficializadas até 11 de maio, dez dias antes das eleições.

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