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Dalai detona gestão de Wagner Pires no Cruzeiro: 'Terra arrasada', 'farra de ingressos' e 'cartões corporativos'

Presidente diz que clube foi vítima de contratos da administração anterior

postado em 17/04/2020 11:00 / atualizado em 17/04/2020 13:53

(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)
O presidente em exercício do Cruzeiro, José Dalai Rocha, detonou a gestão de seu antecessor, Wagner Pires de Sá, em entrevista ao canal do jornalista Jorge Nicola no YouTube. Em bate-papo com mais de 1h30min de duração, o dirigente se esquivou de várias perguntas relacionadas ao futebol, porém abriu o jogo em assuntos relacionados à administração e à política do clube.

Em uma das primeiras respostas, Dalai classificou a participação de Pires de Sá como presidente do Cruzeiro como “terra arrasada”. A dívida total do clube, de acordo com o Núcleo Dirigente Transitório, gira em torno de R$ 850 milhões - um aumento de 122% em relação à era Gilvan de Pinho Tavares, cujo passivo estava na casa de R$ 383 milhões.

“Terra arrasada. Terra queimada. Tudo que não precisava ser feito e nem podia ser feito, foi feito. Parece que o propósito era realmente deixar o Cruzeiro em uma situação na qual não pudesse se reerguer. Contratos feitos de uma maneira que você não admite que um contratante pudesse fazer isso. Em muitos contratos, o Cruzeiro não é contratante, e sim vítima. É esse conhecimento que estamos tentando levar às autoridades esportivas, sobretudo à Fifa, mostrando que o Cruzeiro foi vítima”.

Apesar da gestão temerária, Wagner e o ex-vice-presidente de futebol Itair Machado tinham grande quantidade de apoiadores no Conselho Deliberativo no Cruzeiro, na ala denominada “Família União”. Esses integrantes, segundo Dalai Rocha, eram beneficiados com a “farra de ingressos gratuitos”.

“Chama-se farra. Orgia. Distribuir esses ingressos para os jogos, inclusive de tribuna e camarote, como se distribui folheto de propaganda na rua. Era absurdo. Tudo isso para conservar conselheiros apoiando determinadas correntes. Foi feito esse levantamento, e deixamos de auferir R$ 8 milhões em renda somente com ingressos de cortesia. Isso reflete um pouco o que era o Cruzeiro”.

O presidente também criticou os aumentos exponenciais em salários. “Folha de pessoal inchadíssima. Histórias que você não acredita que pudesse ser realidade. Por exemplo, determinado funcionário ganhando 5 mil reais, o sujeito chega e fala: ‘pra quê 5? Vamos passar para 15, 20!’. Os salários aumentavam de 7 para 20, de 10 para 30, de 30 para 80, de 80 para 130. Como se tivéssemos uma filial da Casa da Moeda”.

Conforme José Dalai Rocha, os integrantes do Núcleo Dirigente Transitório do Cruzeiro, em sua maioria administradores de grandes empresas, assustaram-se com a política de reajuste praticada por Wagner Pires de Sá. Assim, foi necessário realizar cortes no quadro de funcionários do clube, acarretando em economia anual de R$ 25 milhões.

“Os membros do conselho gestor, todos eles empresários de sucesso, com mil, dois mil, 20 mil funcionários, sempre falavam: ‘um bom empregado, com salário de 6 mil, vamos passar para 6.500, para 7 mil reais. Uma orgia. Demos uma enxugada na folha de pessoal, cortamos mais de 100 funcionários, e o Cruzeiro continua funcionando bem”.

Cartões corporativos


Outro ponto em que o Cruzeiro obteve redução de despesas foi com cartões corporativos. Sem detalhar gastos mensais, o presidente disse que era mais fácil saber quem não tinha acesso ao benefício. “Vamos fazer uma relação e mostrar que talvez o porteiro e o zelador não tinham”. 

Dalai garante que hoje são apenas duas unidades: uma em posse do departamento de futebol e outra a serviço da tesouraria. “Tal como faziam com ingressos, faziam com cartões corporativos. Centenas (de cartões corporativos)! Hoje só têm dois. Um na Toca da Raposa II, com o pessoal do departamento de futebol, que precisa para as despesas, e outro na sede administrativa, no setor de tesouraria, para fazer compras de emergência, essa coisa toda. Hoje, ninguém da direção tem cartão corporativo”.

Correntes partidárias


Com as mudanças feitas pelo conselho gestor, o mandatário cruzeirense crê que o próximo presidente, a ser eleito no pleito de 21 de maio para um mandato-tampão de seis meses, terá luz no fim do túnel para terminar de tirar o clube da grave crise financeira e institucional.

“Os candidatos são bem preparados, certamente com os melhores propósitos. Vejo com muita satisfação o surgimento de três candidaturas (Sérgio Santos Rodrigues, Giovanni Baroni e Ronaldo Granata). Como as chapas podem ser registradas dez dias antes da eleição marcada para 21 de maio, podem ser que surjam outras chapas. De qualquer forma, vejo com muita satisfação o surgimento desses candidatos. É sinal de que estamos conseguindo fazer o Cruzeiro atrair outras correntes partidárias”. disse.

“Quando o conselho gestor começou a trabalhar e nós começamos a fazer o levantamento, era comum eles falarem: ‘se a gente soubesse, não teria pegado essa bomba’. Era demais. Hoje, pessoas conscientemente se oferecem para pegar o leme desse barco, que agora começa a pegar um rumo. O incêndio começa a dar sinais de que será debelado”, complementou Dalai.

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