Cruzeiro
None

CRUZEIRO

No Cruzeiro, Enderson vive fase turbulenta semelhante a episódio no América em 2017

Após lidar com pressão por vitórias, técnico conduziu time ao título

postado em 01/09/2020 08:00 / atualizado em 01/09/2020 08:43

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
A análise fria dos números de Enderson Moreira no Cruzeiro traz a aparência de um trabalho confortável e incontestável. Em dez jogos com o treinador, o time venceu seis, empatou dois e perdeu dois, com 66,66% de aproveitamento. Contudo, em uma avaliação do desempenho, a insatisfação é grande por parte dos torcedores celestes, sobretudo pela sequência de três partidas sem ganhar na Série B e a eliminação na terceira fase da Copa do Brasil, para o CRB, com um futebol de poucas finalizações e escasso em criatividade.

A cobrança em cima do técnico se intensificou com o pedido público de demissão por parte do conselheiro Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH, principal patrocinador da Raposa. Em entrevista à Rádio Super, pouco depois do revés por 2 a 1 para o América, no último sábado, o empresário não economizou nas críticas e afirmou que “se fosse o presidente mandaria a comissão técnica embora”. Desta forma, Enderson viverá uma espécie de “ultimato” diante do Brasil de Pelotas, nesta quarta-feira, às 21h30, no estádio Bento Freitas, em Pelotas-RS, pela sétima rodada da Série B.

Há três anos, quando dirigia o América, Enderson Moreira passou por situação semelhante. Eliminado da Copa do Brasil na segunda fase, com derrota nos pênaltis para o Murici-AL, e do Campeonato Mineiro nas semifinais, em duelos contra o Cruzeiro, o treinador foi pressionado a mostrar bons resultados na Série B por um Conselho de Administração que já se mostrava dividido entre mantê-lo no cargo e trocar o comando.

Nas seis primeiras rodadas, o time somou oito pontos (duas vitórias, dois empates e duas derrotas). Na sequência, empatou com Internacional, em casa, por 1 a 1, e Oeste, fora, por 0 a 0. Na classificação, o Coelho figurava em 14º lugar, com dez pontos - dois a mais que o 17º, Boa, e relativamente próximo ao quarto, Santa Cruz (13).

O embate da nona rodada seria justamente contra o Santa. O América foi melhor durante todo o jogo, mas o gol da vitória só saiu aos 33min do segundo tempo, em um belo lance de Matheusinho, que driblou dois marcadores e chutou com potência no canto direito de Júlio César. O triunfo fez o alviverde saltar para nono, com 13 pontos - um a menos que o quarto colocado, Goiás. Em entrevista na noite de 20 de junho, Enderson Moreira avaliou as dificuldades e disse que o grupo americano brigaria pelo acesso.

“A gente tem que ter tranquilidade para passar por esse momento. Mas vamos sair fortalecidos, não tenha dúvida. O grupo do América hoje, com todos os jogadores à disposição - e vamos ter todos em breve -, é um grupo qualificado, que eu tenho muita confiança que vai brigar pelo acesso. Tem qualidade, vai melhorar muito daqui pra frente, essa é a nossa confiança na sequência da competição”.

Após superar o Santa Cruz, o América emplacou mais nove rodadas de invencibilidade (sete vitórias e dois empates) e pulou para a liderança da Série B, com 36 pontos - seis de vantagem sobre o vice-líder, Internacional. No decorrer da disputa, o Coelho chegou a ser ultrapassado pelo Colorado, porém recuperou a ponta na 35ª rodada, batendo o Figueirense por 2 a 1, em Santa Catarina, e caminhou até o título, com 73 pontos (20 vitórias, 13 empates e cinco derrotas).

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

O cenário vivido por Enderson no Cruzeiro tem suas peculiaridades, a começar pela punição na Fifa em razão do não pagamento de 850 mil euros (R$ 5,5 milhões) ao Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, pela contratação por empréstimo do volante Denílson, em julho de 2016. A entidade máxima do futebol determinou que o clube iniciasse a Série B com seis pontos negativos. Ou seja, o time deveria somar 10 pontos com três vitórias, um empate e duas derrotas, mas contabiliza apenas quatro e aparece na 14ª posição.

Com relação ao elenco, há dificuldade na busca por um padrão tático que tenha boa capacidade de produção e saiba se desvencilhar de eventuais retrancas dos times rivais. Individualmente, algumas peças não vêm funcionando, como o lateral-esquerdo Giovanni, a dupla de volantes Henrique e Ariel Cabral e o atacante Marcelo Moreno, que reconheceu a obrigação de melhora e pediu paciência aos torcedores. 

“Faltam 32 rodadas ainda, e o torcedor tem que jogar com a gente, apoiar esse grupo. O grupo está se conhecendo e se entrosando agora com o trabalho que o Enderson quer que a gente faça. É uma responsabilidade de todos, sabemos que vamos melhorar muito nessas 32 rodadas. Com a ajuda do torcedor conseguiremos sair dessa situação”, disse o boliviano, segundo maior artilheiro-estrangeiro da Raposa, com 46 gols em 104 jogos, mas que balançou a rede apenas uma vez em 11 apresentações em sua terceira passagem pelo clube.

De acordo com o engenheiro Tristão Garcia, do site Infobola, o Cruzeiro precisaria obter 64 pontos para subir à Série A de 2021. Logo, é necessário atingir 62,5% de aproveitamento nas 32 rodadas restantes - 60 pontos em 96 possíveis. Depois do Brasil de Pelotas, a equipe celeste terá dois confrontos consecutivos no Mineirão: CRB, segunda-feira, 7, às 20h; e Vitória, sexta-feira, 11, às 21h30.

Tags: técnico Cruzeiro América pressão Coelho serieb interiormg futnacional Enderson Moreira