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Fábio, do Cruzeiro, que um dia já foi contestado, homenageia Barbosa

Hoje ídolo máximo da torcida, goleiro celeste lembra do atleta da posição que foi injustiçado na Copa de 1950 e completaria 100 anos

postado em 28/03/2021 13:07 / atualizado em 28/03/2021 17:12

(Foto: Reprodução / Instagram )
O goleiro Fábio, do Cruzeiro, homenageou Moacyr Barbosa, goleiro da Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1950, a primeira realizada no Brasil. Fábio usou uma foto de Barbosa com a hashtag #BARBOSA100 nos stories do Instagram para lembrar de um dos maiores atletas da posição que, no último sábado, 27 de março, completaria 100 anos. Hoje ídolo incontestável, prazer que Barbosa não teve, Fábio chegou a viver altos e baixos com a torcida cruzeirense até a conquista do bicampeonato brasileiro, 2013 e 2014.  
 
Contestado na Seleção, mas querido do Vasco, clube que Fábio também defendeu entre 2000 e 2005, Barbosa ficou marcado pelo fatídico Maracanazo. Diante do maior público da história das Copas do Mundo, 173.850 pessoas, a Seleção Brasileira foi derrotada pelo Uruguai, por 2 a 1, e Barbosa foi considerado o maior culpado na época.  
 
O Brasil só precisava do empate para ser campeão no Maracanã. O ponta uruguaio Ghiggia, então, recebeu a bola na área e conseguiu chutar no canto esquerdo do gol, entre Barbosa e a trave. A Celeste Olímpica, assim conhecida pelo bicampeonato nas Olimpíadas de 1924 e 1928, além do tetra do antigo Campeonato Sul-Americano, atual Copa América, conquistava a Copa do Mundo pela segunda vez. A primeira taça havia sido levantada em casa, 20 anos antes, em 1930.  
 
Nascia ali uma das maiores injustiças da história do futebol brasileiro. Barbosa passou seus últimos anos no litoral de São Paulo, em Praia Grande, tentando exorcizar o Maracanazo. Ele faleceu no dia 7 de abril de 2000.  

Curiosidades da Copa de 1950 

Barbosa foi feito de bode expiatório na derrota brasileira de uma Copa que guarda algumas curiosidades:
 
- A final no Maracanã, em 1950, foi a primeira em que os jogadores atuaram com números nas camisas. 
 
- Foi a primeira vez que o pais sede perdeu a final da Copa. Em 1938, a França recebeu o Mundial, mas não conseguiu chegar à decisão que foi protagonizada por Hungria e Itália, que se sagrou campeã. 
 
- A “final” de 1950 não foi bem uma final. Foi a única decisão de Mundial em que uma seleção tinha a vantagem do empate graças ao regulamento que previa um quadrangular para se conhecer o campeão. As quatro seleções vencedoras dos grupos da primeira fase – Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha – tiveram o direito de buscar a taça Jules Rimet. O Brasil chegara ao quadrangular com duas super goleadas (7 a 1 e 6 a 1) sobre Suécia e Espanha.  Já o Uruguai havia vencido a Suécia (3 a 2), mas empatara com a Espanha (2 a 2). Por isso só a vitória lhe dava o título.  

Fábio também já foi contestado 

Até a conquista do bicampeonato brasileiro pelo Cruzeiro, com atuações decisivas, Fabio chegou a ser contestado pela torcida celeste. Alguns episódios, inclusive, incomodaram o jogador. Em um deles, antes de um embarque para São Paulo, onde enfrentaria o Tricolor Paulista pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro, no Morumbi, em 23 de setembro de 2012, um grupo de cerca 30 torcedores foram ao Aeroporto Internacional de Confins hostilizar os atletas. 
 
Nenhum jogador daquele elenco, que tinha até o meia argentino Montillo, foi poupado. Mas com Fábio as críticas foram mais pesadas. Insistentemente chamado de “mão de alface” por um torcedor, ele respondeu: “Eu não sou moleque, não! Não vem aparecer não, fazer graça!’. 
 
Na rodada anterior, contra o Vasco, no estádio Municipal de Varginha, Fábio foi considerado responsável pelo gol cruzmaltino. Ele errou o soco na bola após cobrança de falta e Nilton, livre na pequena área, marcou. A partida terminou 1 a 1.  Na época, o Cruzeiro vivia um jejum de quase nove anos sem grandes títulos. Os últimos haviam sido o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, em 2003. 
 
Fábio, que chegara à Toca da Raposa II em 2005, não era unanimidade na torcida também devido à final do Campeonato Mineiro de 2007. Na ocasião, um dos gols da goelada do Atlético, por 4 a 0, foi marcado pelo atacante Vanderlei enquanto Fábio se dirigia à meta celeste de costas para o lance. Ele não percebeu, após o terceiro gol do Atlético, de pênalti, que o árbitro havia autorizado o reinício da partida.
 
Diferente de Barbosa, porém, Fábio teve o prazer de se tornar ídolo máximo ainda em vida. Jogador que mais atuou com a camisa celeste, 928 vezes, o goleiro foi decisivo também no bicampeonato da Copa do Brasil, em 2017 e 2018.  Ele ainda tem seis títulos do Campeonato Mineiro (2006, 2008, 2009, 2011, 2014, 2018 e 2019) com a Raposa, além da Copa do Brasil de 2000, na sua primeira passagem pelo clube como reserva do goleiro André. 
 
Hoje, Fábio é o maior líder do elenco que tenta fazer uma boa campanha na Série B e levar o clube de volta à elite. 

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