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RONALDINHO GAÚCHO

Ronaldinho Gaúcho mantém patrocínios e seguidores nas redes sociais após prisão

R10 ficou preso por seis meses após acusação de uso de passaporte falso

postado em 06/09/2020 13:11

(Foto: NORBERTO DUARTE/AFP)
Nos quase seis meses em que Ronaldinho Gaúcho esteve preso no Paraguai, acusado de usar passaporte falso para entrar no país, o ex-jogador se manteve ativo nas redes sociais e, assim, conseguiu ganhar seguidores e continuar com seus patrocínios. Até live de grupo de pagode Ronaldinho participou durante a prisão domiciliar em um hotel no centro de Assunção.

Nos últimos meses, Ronaldinho teve um aumento de 400 mil seguidores em suas redes sociais. Nas principais plataformas digitais, ele acumula mais de 100 milhões de seguidores. Somente no Instagram, são 51,7 milhões. Esses números fizeram, por exemplo, a Embratur manter o ex-jogador como Embaixador do Turismo do Brasil, independentemente do processo que corria contra ele na Justiça paraguaia.

"O passado vitorioso de Ronaldinho como ex-jogador de futebol é reconhecido no mundo inteiro, e possíveis erros em sua vida pessoal não apagam sua história de sucesso", diz nota enviada pela Embratur ao Estadão. "Seu trabalho como Embaixador do Turismo não consiste em cumprir agenda preparada pela Embratur, porém, quando chamado, costuma comparecer a eventos e também fazer postagens em suas redes sociais mostrando ao mundo as belezas do Brasil."

Sem restrição de uso do aparelho celular no hotel em que cumpriu prisão domiciliar enquanto esteve no Paraguai, Ronaldinho usou as redes sociais para parabenizar o amigo Lionel Messi pelo seu aniversário, relembrar dribles desconcertantes em dia de Gre-Nal e recordar as conquistas dos títulos da Copa Libertadores de 2013, com o Atlético-MG, e da Liga dos Campeões de 2006, com o Barcelona, entre outras postagens.

A casa de apostas Betcris, uma das patrocinadoras de Ronaldinho, manteve o contrato com o ex-jogador e, assim que ele saiu do Paraguai, lançou uma campanha com a imagem do astro nas redes sociais e nas placas de publicidade da partida entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro. "Em relação ao que aconteceu com ele no Paraguai, aprendemos com a mídia, como quase todo mundo. Confiamos no procedimento da Justiça e na presunção de inocência de Ronaldinho. Decidimos colocar em pausa a exposição durante esse período, mas estamos felizes por ele estar livre e esperamos ter campanhas bem-sucedidas com ele", disse Aurélien Lohrer, diretor de marketing da Betcris.

O especialista em marketing esportivo e professor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Marcelo Palaia compara Ronaldinho a Mike Tyson, considerado um dos maiores boxeadores de todos os tempos e dono de um longo histórico de problemas com a polícia e a Justiça dos Estados Unidos.

"A imagem do Ronaldinho já não era das melhores fora dos gramados. Porém, acredito que casos como o do Tyson ilustram bem no sentido de mostrar que o fã está disposto a perdoar deslizes de seus ídolos. Ele passou por vários episódios controversos, mas as pessoas não deixam de considerá-lo um dos grandes nomes do seu esporte. Na esfera de marcas e patrocinadores, é claro que existe uma mancha de não querer se associar a atletas que possam gerar prejuízo de reputação, mas ele ainda tem uma base de admiradores sólida que, eventualmente, abrem brechas para que empresas continuem o enxergando como potencial ícone", explica Palaia.

Quando a pandemia da covid-19 for controlada, talvez com uma vacina eficaz, faz parte dos planos de Ronaldinho e das empresas que o patrocinam voltar a organizar eventos pelo mundo. Era isso o que ele fazia antes do aparecimento da doença e sua prisão. A prisão de Ronaldinho em Assunção se deu justamente em uma dessas viagens, na qual ele iria participar do lançamento de um projeto da Fundação Fraternidade Angelical, da inauguração de um cassino e também promover a sua biografia, "Gênio da Vida".

México, China, Portugal, Israel, Tailândia, Japão, Alemanha, Quênia, Rússia... e Paraguai. Essa é a lista de países que Ronaldinho Gaúcho visitou antes de ser preso em Assunção, no dia 6 de março. O ex-jogador quer voltar a viajar pelo mundo para participar de eventos. Além de ele já ter admitido que gosta desse novo papel que assumiu desde quando pendurou as chuteiras, exibir a marca de seus patrocinadores virou importantíssima fonte de renda para Ronaldinho. Entre as empresas que contam com o astro nesse tipo de ação está a Betcris.

Legalmente, o ex-jogador está livre para ir a qualquer lugar depois de pagar multa de R$ 1,1 milhão à Justiça. "Não há nenhum impedimento para viagens. O resultado da suspensão do processo, com o pagamento da multa, é a absolvição", disse Sérgio Queiroz, advogado do ex-jogador e o do seu irmão, Assis.

Durante o período em que esteve preso, Ronaldinho conseguiu manter patrocínios e campanhas online com sua imagem foram lançadas assim que ele voltou ao Brasil. O próximo passo, quando a disseminação da covid-19 estiver controlada, serão ações com a presença do ex-jogador e de público.

"Ele nasceu como estrela mundial no período limite entre o analógico e o digital. E, apesar de ter uma legião de fãs de gerações seguintes devido ao seu futebol mágico, jogadores como ele possuem uma espécie de escudo que os eximem como ídolos de problemas de imagem. Deveria ser assim com todos. O ponto é que essa geração mais velha, que não nasceu na rede social e entende com mais facilidade alguns erros dos seus ídolos sem iniciar um movimento absurdo de ‘cancelamento’, também segue em suas redes sociais ídolos dessa geração atual, mas com um comportamento menos polarizado", analisa Gustavo Herbetta, fundador e diretor de criação da LMID, agência de marketing esportivo.

Voltar a viajar significará retomar um velho hábito para Ronaldinho. Ele está acostumado a rodar o mundo desde a adolescência - aos 17 anos, por exemplo, ele já vestia a camisa 10 da seleção no Mundial Sub-17 e foi o destaque da campanha do título conquistado no Egito.

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