
Pode-se dizer que não era o público que se costuma ver na Arena JK. O espaço, que normalmente é ocupado pelos esportes coletivos (vôlei, basquete e futsal), onde a gritaria serve de incentivo, é ocupado agora por um esporte silencioso. Isso mesmo. Enquanto a bola está em jogo, o silêncio é total. Essa é uma determinação da regra. Vibração, somente após a confirmação do ponto.
Mas, assim mesmo, o silêncio não durou muito tempo. Lá estava a Charanga do Bororó, uma marca do futebol mineiro, animando o público a cada paralisação para a troca de quadra dos jogadores. E, na banda, os integrantes estavam empolgados, como José Ferreira Veloso, de 73 anos, 60 deles como músico. “Estou feliz, pois é a primeira vez que toco em um jogo de tênis. Já animamos jogos de futebol, basquete, vôlei, handebol. Mas, no tênis, é a primeira vez.” A seu lado, o pistonista Armando Martins, de 40, se mostrava empolgado: “Nunca tinha visto um jogo ao vivo. Estou achando maravilhoso, emocionante”, revelou.
Próximo da charanga estava engenheiro Werner Rolfs, de 62. A Davis, aqui, é empolgante. É emoção o tempo todo. Estamos acostumados a ver jogos em outro piso, no saibro, que é lento. Aqui não. A Davis em BH é a valorização do esporte. Além disso, a melhor dupla do país é nossa, mineira. Ver isso aqui é um estímulo a todos nós, praticantes.” Ele estava com um grupo de amigos. “Compramos juntos os ingressos. Não poderíamos perder esta festa do esporte”, disse
O palco da Davis em BH se transformou em ponto de encontro. O professor de tênis Leonardo Flávio de Oliveira, de 50, anos, reencontrou sua ex-aluna Fernanda Assunção Walker, de 50, que também foi atleta. Para ele, ir ao Minas acompanhar a competição é um bom programa porque, “além de ver bons jogos, revemos os amigos”. E os ensinamentos dele não foram esquecidos pela ex-aluna. “A primeira coisa que me ensinou foi que tinha de ficar calma. Não vai dar piti não”, brincou.
• Hoje é dia de ginásio lotado
O segundo dia de disputas do confronto entre Brasil e Equador, que vale vaga no Grupo Mundial da Copa Davis, é o mais aguardado pelo torcedor. Pela primeira vez, uma dupla local, os belo-horizontinos Marcelo Melo e Bruno Soares, estará defendendo o Brasil em casa. Terão pela frente Emílio Gomez e Roberto Quiroz. Amanhã, serão disputados os dois últimos jogos de simples: Thomaz Bellucci x Emilio Gomez e Rogério Silva x Roberto Quiroz.
O interesse é tão grande que os ingressos para hoje estão esgotados. O jogo é importante não só para a Copa Davis, mas também porque serve de treino para os dois mineiros, que se preparam para o torneio de tênis dos Jogos Olímpicos, em que aparecem como favoritos ao ouro.
O fato de a partida ser em quadra rápida, semelhante à que jogarão no Rio, é fundamental, tanto para Marcelo quanto para Bruno, nessa preparação. “Será importante jogar num piso próximo ao que encontraremos no Rio”, diz Marcelo.
Bruno se lembra de um momento especial, há 10 anos, quando estava na arquibancada do Expominas torcendo pelo Brasil contra a Suécia. “Dez anos atrás fomos torcer e, hoje, a gente vai ter a oportunidade de estar dentro da equipe. Temos poucas oportunidades de agradecer ao Minas Tênis Clube, que foi extremamente importante na nossa carreira”, diz Soares.