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COLUNA DO JAECI

Respeito ao Cruzeiro

O que fizeram com o clube foi uma covardia sem precedentes. E se a vaga na Libertadores for perdida, tem de ser debitada na conta dos responsáveis por tal afronta

postado em 16/04/2015 12:00 / atualizado em 16/04/2015 08:15

AFP
O Cruzeiro se complicou na Libertadores, mas depende apenas de si mesmo para se garantir nas oitavas de final. Derrotado pelo Huracan por 3 a 1 na terça-feira, ele precisa vencer o Universitario de Sucre na próxima terça, no Mineirão, para não depender de ninguém. O time jogou mal, sem esquema e qualidade, e só não foi goleado porque o adversário é fraco. Uma coisa, porém, é certa: a covardia que fizeram com os jogadores celestes, obrigando-os a entrar em campo 49 horas depois de sair do clássico com o Atlético, foi decisiva para a péssima atuação. Por mais que os jogadores viajem em voo fretado, comam filé mignon e fiquem nos melhores hotéis, é desumano pô-los em campo sem que se respeite o intervalo de 60 horas de descanso – já foi de 72 horas. É inadmissível, no século 21, ainda termos esse tipo de degradação. E pior: o Cruzeiro se verá na mesma situação caso dispute no domingo, contra o Galo, a vaga nas finais do Mineiro e, dois dias depois, tenha de enfrentar os bolivianos.

Por essas e outras, o futebol brasileiro anda desacreditado, com gente querendo levar vantagem a qualquer preço. No lugar do presidente Gilvan de Pinho Tavares, eu teria entrado com recurso na Justiça e não poria o time em campo no domingo. Ficaria o resto de semana descansando para o jogo decisivo da Libertadores. Primeiro porque o Estadual não vale nada, a não ser pela rivalidade. Segundo por ser inadmissível punirem o clube como estão fazendo. O grande campeão das Minas Gerais merece respeito por parte de todos. Jogadores não são máquinas, e o fato de ganharem altos salários não justifica que tenham de entrar em campo sem que se respeite o prazo determinado pela lei. O que estão fazendo com o Cruzeiro nestas duas semanas é sacanagem sem precedente. Não sei a quem interessa tal descaso.

Quando vemos a Libertadores, principal competição do continente, disputada por equipes tão ruins, compreendemos os motivos de o futebol por essas bandas estar mesmo agonizando. Pior é saber que o Cruzeiro, em grupo talvez o mais fraco fraco da competição, tem dificuldades para conseguir uma das duas vagas. Imaginar que o Universitario Sucre é o líder do grupo, com 9 pontos, e a um empate de se classificar é mesmo o fim. Mesmo com todos os problemas que enfrenta, a equipe azul tinha a obrigação de se classificar com os pés nas costas, mas Marcelo Oliveira, bicampeão brasileiro com aquele timaço de Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Lucas Silva, Egídio, Marcelo Moreno, Dedé e Bruno Rodrigo, está mostrando que não sabe montar outro com as peças que tem. Tudo bem que a reposição não foi à altura, mas não há jogadores excepcionais no mercado. O clube contratou o que havia de melhor, e cabe ao técnico, que ganha muito bem, ajustar a equipe, dar a ela padrão de jogo e qualidade. É nestes momentos que vemos a capacidade de um treinador.

Em condições normais, diria que o Cruzeiro ganharia do Sucre com tranquilidad. Entretanto, nas circunstâncias, acho até isso difícil. Mesmo no Mineirão, diante da torcida, já não creio mais num time que em quatro meses não conseguiu estabilidade. E até aqui, tirando o Atlético, ele só enfrentou adversários de qualidade duvidosa, no Estadual e na Libertadores. Por isso, digo que se avançar e pegar um rival melhor, dará dirá adeus à competição.

Quanto ao Campeonato Mineiro, reafirmo: fosse o presidente, eu esgotaria todos os recursos para não disputar o clássico no domingo. Já que a Conmebol não vai mudar a data do jogo de terça-feira, que se mude a do Estadual. Prejudicar o time azul duas vezes consecutivas é crime. Fiquei assustado com o que vi do Cruzeiro terça-feira, na Argentina, mas acho justificável, por ter entrado em campo 49 horas depois de enfrentar o arquirrival, com chegada a Buenos Aires na manhã de segunda-feira, sem dormir à noite. O que fizeram com o clube foi uma covardia sem precedentes. E se a vaga na Libertadores for perdida, tem de ser debitada na conta dos responsáveis por tal afronta. Respeitem o Cruzeiro como o grande time que é, o maior campeão do Estado, com dois títulos da Libertadores, quatro do Brasileiro e quatro da Copa do Brasil.

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