Futebol Internacional
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FUTEBOL EM TEMPOS DE GUERRA

Dudu Cearense relata temor em Israel, mas diz que se sente mais seguro do que no Brasil

Volante falou ao Superesportes sobre a vida que leva em uma região de conflitos

postado em 17/08/2014 09:01 / atualizado em 17/08/2014 09:02

Thiago Madureira /Superesportes

REPRODUÇÃO / INSTAGRAM
Dudu Cearense fechou contrato com o Maccabi Netanya, de Israel, no início de junho. Em pouco tempo no Oriente Médio, o volante que atuou pelo Atlético entre 2011 e 2012 já passou por intensas experiências em função do conflito entre israelenses e palestinos que contabiliza quase 2 mil mortos.

Temeroso, ele pensou em voltar ao Brasil. “Senti medo no começo do conflito porque não sabia a realidade. Lembro que estava na Hungria, em pré-temporada, e pensei comigo que não poderia voltar para Israel com a situação daquele jeito como estava”, afirmou.

Residente de Netanya, cidade localizada em uma região relativamente distante da área onde ocorrem os bombardeios, Dudu Cearense buscou entender com mais profundidade os conflitos e confiou na segurança de Israel. “Se não existisse a Cúpula de Ferro (antimísseis), Israel já estaria acabado. Foram mais de 500 foguetes contra cidades de Israel”, explicou.

Mesmo com a tensão na região, o volante garante que tem uma vida sem sobressaltos: “Minha família está gostando da cidade. Vivemos bem. Está sendo uma experiência única, um crescimento pessoal enorme”, informou.

Dudu Cearense disse, inclusive, que se sente mais seguro em Israel do que no Brasil. “A diferença é que aqui mesmo com esses conflitos posso sair com minha família tranquilamente pelas ruas da cidade onde moro, sem medo de ser assaltado ou de passar por coisa pior. No Brasil, andamos 24 horas ligados, existe um sentimento de insegurança muito grande”, garantiu.

Jorge Gontijo/EM/D.A Press
Confira a entrevista de Dudu Cearense ao Superesportes:

Você chegou há pouco tempo em Israel e já encontrou um país em guerra. Como é a segurança no país?
Dudu Cearense: Apesar do conflito no Sul de Israel, todos mantêm uma vida normal. Claro que cidades próximas há um alerta maior. Mas, fora isso, existe uma segurança muito forte. Se não existisse a cúpula de ferro (antimísseis), Israel já estaria acabado. Foram mais de 500 foguetes contra cidades de Israel.

Sentiu medo? Pensou em voltar ao Brasil?
Onde vivo não houve ataque. Senti medo no começo do conflito porque não sabia a realidade. Com certeza pensei em voltar. Depois de ter passado um tempo, procurei entender melhor, ler sobre esse conflito, que dura muito tempo. Há muitas coisas ocultas nessa guerra. E é difícil opinar.

Algum momento de tensão?
No momento mais intenso do conflito, muitos voos foram cancelados. Lembro que nós estávamos na Hungria em pré-temporada. Pensei comigo que não poderia viajar para lá com a situação daquele jeito como estava. Mas um companheiro de equipe me tranquilizou: ‘Fique tranquilo porque todos os aviões de uma empresa israelense existem dispositívos antimísseis’.

Há algum paralelo entre a insegurança vivida em Israel e a realidade brasileira?
A diferença é que aqui mesmo com esses conflitos posso sair com minha família tranquilamente pelas ruas da cidade onde moro, sem medo de assaltado ou de passar por coisa pior. No Brasil, andamos 24 horas ligados, existe um sentimento de insegurança muito grande.

Um jogador de um time de Israel foi agredido na França por um grupo pró-Palestina. Você tem temor de que isso volte a acontecer? O que o seu clube diz a respeito e faz para mantê-los seguros?
Acho que é um momento crítico que Israel esta passando, então os israelenses fora do país são alvos. Eles evitaram jogos com público. O clube não se manifestou quanto ao ocorrido. Todos sabem o que fazer diante dessa situação. Não é a primeira vez que eles passam por isso.

A ATP cancelou o torneio de tênis em Israel. A Uefa vetou jogos no país. O esporte foi mesmo muito afetado pela guerra?
Por causa do conflito foram cancelados vários eventos esportivos. Mas o campeonato local vai começar no final de agosto.

Como é o ambiente no clube, os jogadores estrangeiros conseguem lidar bem com essa situação?
No clube, vida normal. No começo foi difícil pela desinformação. Hoje, estão mais tranquilos.

Você indicaria para algum jogador ir para Israel neste momento?
Indicaria. O problema é que no Brasil se vê apenas as piores imagens do conflito na TV. E o povo brasileiro não conhece o conflito a fundo. O medo com certeza iria afetar na decisão do convite de qualquer jogador. Mas se eles soubessem como realmente é com certeza viriam no primeiro convite.

Você está com a família em Israel?
Sim. Eles estão gostando muito da cidade. Agora, tenho que aguardar para matricular as crianças na escola. Vivemos tranquilos. Esta é uma experiência única e um crescimento pessoal enorme. Estou feliz por buscar essa evolução mesmo que seja por pouco tempo.

Seu contrato é de quanto tempo? Pensa em renovar ou é cedo demais para falar? E a estrutura do futebol, como é?
Tenho contrato de 1 ano. Muito cedo pra decidir algo, só tenho um mês e meio no clube e ainda não fizemos partidas oficiais. A estrutura é excelente, lindos estádios e torcida fanática. Ansioso pra ver nos jogos oficiais.

Qual o sentimento da população local?
Como eu falei, eles levam uma vida normal e torcem que esse conflito acabe o mais rápido possível pra eles viverem em plena tranquilidade. Espero que em breve tudo possa ser resolvido.

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