Futebol Nacional
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Emoção de Buglê

Autor do primeiro gol declara amor ao Atlético e clama por reconhecimento

postado em 03/02/2013 08:43

(Ivan Drummond/EM/D. A Press)
O dia 5 de setembro de 1965 tornou-se inesquecível para os mais de 73 mil torcedores que foram até a Pampulha para acompanhar a realização de um grande sonho, a inauguração de um estádio de futebol à altura dos clubes do estado, o Mineirão, que estava sendo aberto. Mas, para um dos participantes daquela festa, a data passou a ser a mais especial de sua vida, o armador José Roberto Bugleaux (Buglê), então jogador do Atlético, o autor do gol da Seleção Mineira na vitória sobre o River Plate por 1 a 0.

A história do jogador tem uma passagem interessante, a maneira como seu nome passou a ser escrito. “Estreei contra o Villa Nova, em 1964. Depois do jogo, um repórter me perguntou como falava meu nome. Falei e ele então me pediu para escrever. Vi que seria complicado e resolvi suprimir o final. Troquei o eaux por um simples ê", disse, mudando de Bugleaux para Buglê.

Sobre o lance, descreve como se fosse ontem: “Me lembro de cada detalhe do gol. Lembro que tomei uma bola na frente da nossa área e passei para o Dirceu Lopes. Ele lançou na frente, quando vi, o Gatti e um zagueiro deles tinham saído e se atrapalhado. Corri para tentar a sobra e deu certo. Fiz o gol mais importante da minha carreira”, conta o ex-jogador, que se recorda de que em sua época a posição que jogava no meio-campo era de armador. “Jogava com a camisa 8.”

Voltar a Belo Horizonte lhe traz, ao mesmo tempo, boas e más lembranças, todas relacionadas ao futebol. De positivo, o Mineirão e a torcida do Atlético. Por outro lado, o que ele chama de abandono. “Fui esquecido. Nunca me chamam para nada. Esse convite da TV Alterosa, para participar do Troféu Telê Santana, foi a primeira vez, a primeira homenagem. Ninguém mais fala disso. Mas felizmente alguém se lembrou de mim e fico muito feliz em estar aqui. Queria participar da festa, ver o jogo, o estádio cheio. Mas não me convidaram. Quer saber, vou ficar em casa, em Brasília, onde moro, esperando, até o último minuto. Seria um sonho estar novamente no Mineirão. É triste torcer de longe.”

Buglê diz que acompanha o Galo desde que encerrou a carreira. Ele, inclusive, revela que gostaria de trabalhar no ex-clube. “Queria continuar minha história no Galo, mas infelizmente não tive chance.” A vida do ex-jogador é em Brasília, mais precisamente em Taguatinga. “Vivo numa chácara e crio cavalos e bois. É pouca coisa, mas é o que dá para fazer, pois me aposentei pela idade e meu ganho é muito pequeno. O futebol no meu tempo não é como agora, quando os caras ganham muito. Quem dera fosse assim no meu tempo.”

O ex-armador conta que não vinha à capital mineira havia dois anos. “Tenho alguns parentes aqui e venho visitá-los de vez em quando. Se viesse mais por aqui, poderia encontrar ex-companheiros do Atlético. Mas também não gosto muito de ter notícias deles, pois muitas vezes são ruins, de doença ou morte. Não é bom ter esse tipo de notícia. Prefiro ficar com a minha memória, fechar os olhos e relembrar.”

E seu gol está sempre vivo. “Tenho a noção exata da importância do meu gol para a história. Foi o primeiro. Marcar gol na inauguração é uma coisa grandiosa. Numa reforma é outra coisa completamente diferente. Mas quem for o autor desse primeiro gol, nesta nova fase, também será lembrado merecidamente.”

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