Futebol Nacional
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TROPEIRO

Reprovado de novo

Mudanças no prato prometidas pela Minas Arena mais uma vez não agradaram à torcida e, principalmente, ao especialista convidado pelo Estado de Minas para provar a iguaria

postado em 03/03/2013 09:01 / atualizado em 03/03/2013 09:03

 (Alexandre Guzanshe/em/d.a press)

No primeiro reencontro, ele não foi aprovado pela torcida. Faltava a sustância de antes, e o preço (R$ 10) era apontado como salgado demais. Dois jogos e quase um mês depois do clássico Cruzeiro x Atlético, que marcou a reinauguração do Mineirão, o tradicional feijão-tropeiro voltou a ser servido no jogo Cruzeiro x Tombense, ontem, de uma forma diferente, mas continua sendo motivo de discórdia. Antes de a bola rolar, o Estado de Minas flagrou torcedores reclamando do número de ingredientes. E quem conhece bem do assunto alerta: “O tempero está bom, mas há muita farinha e muito o que melhorar”.

Depois de a Minas Arena declarar que exigiria dos fornecedores dos bares o oferecimento completo do feijão, com ovo, couve, calabresa, bacon e bife, o que se viu no jogo pela 4ª rodada do Campeonato Mineiro’2013 foi uma variedade de três tipos do mesmo tropeiro do clássico, com farinha de mandioca, carne de porco e linguiça calabresa picada, ovo mexido e cheiro verde, acrescido de couve, ovo partido ou, em alguns bares, simplesmente nada.

“O feijão-tropeiro regrediu muito. Se quiserem fazer um estádio de Primeiro Mundo, têm de servir comida do mesmo nível”, aconselha Moacir Costa Filho, de 48 anos. Tranquilo e bom de prosa, Moacir sabe bem do que fala: durante 17 anos, de 1988 a 2005, comandou o Bar 18, um dos vários existentes no antigo Mineirão antes do fechamento para a reforma da Copa das Confederações’2013 e Copa do Mundo’2014, em junho de 2010.

Hoje no ramo da construção (foi forçado a sair do negócio por causa de uma licitação), ele se surpreendeu com o novo projeto da arena, embora não esconda o receio da segurança de quem prepara o tradicional prato e o serve. Na avaliação dele, a bancada dos bares é baixa, há uma entrada livre e faltam grades de proteção, permitindo a qualquer torcedor que pule a barreira ou, em casos extremos, agrida funcionários. A preocupação faz sentido: no clássico, o único bar em funcionamento teve fichas furtadas por torcedores que pularam a bancada, causando terror entre funcionários terceirizados. “Às vezes, a gente preparava tropeiro para 15 mil, mas vinham 30 mil pessoas ao estádio. Tínhamos de improvisar, mas tudo acabava dando certo. Hoje não há proteção alguma para quem trabalha nos bares”, aponta.

O ex-dono de bar conta que, na sua época, também havia mais tempo e espaço para o preparo da iguaria. Numa área um pouco menor que a atual, Moacir tinha dois fogões industriais, além de três caixas disponíveis – contra um na gestão da Minas Arena. Os ingredientes eram preparados na cozinha do bar. “Também havia um freezer para gelar as bebidas mais rápido. Num jogo de grande público, as geladeiras usadas atualmente podem não dar conta. Cheguei a empregar até 20 pessoas por jogo”, revela.

DECEPÇÃO No primeiro contato com o novo tropeiro, veio a surpresa: “Só tem isso?”, indagou. Algumas colheradas depois, Moacir descobriu que havia arroz por baixo do prato. “Tá cozidinho, mas não tem nem comparação com o antigo. O tropeiro tem de voltar a ser como antes, mais completo e mais barato, pois R$ 10 é muito caro”. Em 2005, o prato custava R$ 5. Detalhes que fazem toda a diferença.

>> Itens obrigatórios no prato, segundo Moacir:

> Arroz
> Bife de porco
> Feijão-tropeiro
> Molho
> Ovo misturado
> Ovo por cima (o popular zoiudo)
> Torresmo

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