Futebol Nacional
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CRUZEIRO X ATLÉTICO

Cuca fresca e bola cheia

Antes criticado e acostumado a boas campanhas sem títulos, treinador alvinegro se redimiu e pode levantar troféu do Estadual pelo terceiro ano seguido, em momento especial

postado em 19/05/2013 08:47 / atualizado em 19/05/2013 08:49

(Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
A experiência acumulada em 15 anos à beira dos gramados ajudou o paranaense Cuca, de 49 anos, a se redimir. Ao longo dos anos, ele conseguiu formar grandes equipes que ficaram na memória do torcedor, como o Goiás de 2003, o São Paulo de 2004, o Botafogo de 2006 a 2008 e o Fluminense de 2009, mas nenhuma delas levantou um título, qualquer que seja. Agora, a história é bem diferente: além de fazer o Atlético recuperar a autoestima e a confiança com futebol de qualidade, ele se tornou vitorioso em Minas. Tanto é que pode ser tricampeão de forma consecutiva. Vencedor em 2011 com o Cruzeiro, repetiu o feito no ano passado com o time alvinegro e agora pode triplicar a dose.

Ao mesmo tempo em que se consolida como um dos principais técnicos do Brasil, ele tenta ser o mais tranquilo possível, melhorando sua fama de paizão do grupo e vencedor. Em Minas, busca o tri e transformar o Atlético num dos gigantes do país. O time vem encantando na Copa Libertadores, mas o próprio Cuca já avisa: “Vamos dar um passo de cada vez. Primeiro é a final do Estadual. Queremos ganhar o campeonato. É um motivo de orgulho e muita honra. Em três anos aqui no estado, três títulos em três estádios. Mas vamos esperar as coisas ocorrerem naturalmente. Todos estão motivados para esta final”.

Como qualquer treinador, ele ouviu gritos de “burro”, foi demitido várias vezes e conviveu com dezenas de jogadores problemáticos durante sua carreira. Mas no Galo ele tenta ser o mais aberto possível com todos. Foi o técnico que encaminhou a contratação do astro Ronaldinho Gaúcho no ano passado, mesmo sabendo de seus problemas no Flamengo. “Temos um grupo muito bom. O que fazemos aqui dentro fica aqui. O ambiente é o melhor possível. Isso faz o time se concentrar ainda mais para os desafios”, ressalta.

Se ele não tivesse persistência, teria abandonado logo o barco. Sua chegada ao Atlético, em 2011, ocorreu num momento difícil – perdeu seis jogos consecutivos, um deles para o Cruzeiro (2 a 1), em Sete Lagoas. Aos poucos, ajeitou a equipe, trouxe reforços (o volante Pierre foi um dos primeiros) e salvou o Galo do rebaixamento depois da goleada sobre o Botafogo por 4 a 0, em casa. Mas logo veio a goleada histórica de 6 a 1 sofrida para a Raposa, no encerramento do Brasileiro. “É difícil esquecer.”

No dia a dia na Cidade do Galo, sobretudo nestsa semana de clássico, o treinador tem se mostrado ponderado. Ele conversou muito com o presidente Alexandre Kalil e com o diretor de futebol Eduardo Maluf sobre a atual fase do grupo. E a todo momento pediu conselhos aos seus fiéis escudeiros: auxiliar e irmão Cuquinha e o preparador físico Carlinhos Neves. Demonstrou-se surpreso com a não convocação de Ronaldinho Gaúcho para a Copa das Confederações e assegurou que não teve influência na escolha de Luiz Felipe Scolari. “Minha conversa com o Felipão se resumiu apenas em critérios técnicos, não disciplinares”, justificou-se. Na quinta-feira, Felipão divulgou comunicado inocentando Cuca.

Ele comandou dois treinos secretos para ensaiar jogadas a serem utilizadas contra o Cruzeiro. E tentou trabalhar o lado psicológico do grupo, para que não haja desrespeito ou relaxamento no clássico. Em certos momentos nas atividades com bola, ficou de longe observando o desempenho dos zagueiros e do goleiro Victor e os orientou em relação ao posicionamento, evitando possíveis surpresas.

BASE

Cuca entende que falta um título de expressão para a torcida e entende que o Atlético está com uma base pronta para o Campeonato Brasileiro, no segundo semestre. O que o treinador deseja, na verdade, é ver o Galo atuando bem e arrancando aplausos da massa. “No ano passado, começamos como franco-atiradores no Brasileiro e chegamos em segundo. Depois, fomos apontados como um dos favoritos da Libertadores conseguimos comprovar isso, estando ao lado do Fluminense nas quartas de final. Temos que ir gradativamente.”

O treinador dirigiu o Atlético em 104 jogos oficiais, com 62 vitórias, 19 empates e 23 derrotas. É o primeiro técnico desde Jair Pereira (em 1991) a começar e terminar a mesma temporada no cargo. Em agosto, completará dois anos no comando. “É algo que me deixa orgulhoso, já que entro para a história do clube. Raramente um treinador costuma ficar tanto tempo no cargo. Isso dá mais confiança e motivação.”

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