Uma frase de Alberto Tameirão, de 77 anos, morador do Bairro Estrela D’alva, em Contagem, resume bem o sentimento do torcedor que ontem esteve no Horto: “Ser americano é duro e prova realmente de muito amor”. Ele está certo que se o mesmo ocorresse com os rivais Atlético e Cruzeiro nem 10 torcedores estariam no estádio. E lá estavam os americanos, prontos para o que desse e viesse: “Até mais uma humilhação, porque isso faz parte de nossa história. Queremos mudá-la, mas está difícil”, afirmou, decepcionado.
Tameirão talvez tenha ganhado um alento com a partida de ontem. No primeiro tempo, Juninho fez 1 a 0, em chute de fora da área. No começo da etapa final, foi a vez de Fábio Júnior deixar a sua marca, fazendo o segundo gol. Nikão, o estreante da noite, balançou as redes duas vezes. Primeiro, com um chute da entrada da área, à direita do goleiro Leandro, que falhou no lance. Em seguida, o ex-atleticano mostrou personalidade ao assumir a responsabilidade de cobrar o pênalti sofrido por ele mesmo – bateu à direita do goleiro.
Para Tameirão, a culpa pelo mau momento é da diretoria que, segundo ele, não soube contratar e há muitos anos está tomando decisões erradas: “Deveríamos fazer uma base boa, porque os grandes times da história do América foram formados por jogadores da base e mais uns três ou quatro que vieram de fora”.
Ele e outros torcedores do América têm esperança de que a prata da casa volte a ser prestigiada. Ontem, o time teve apenas o zagueiro Lula como titular. Depois entrou China no lugar de Geovanni. Tameirão, que acompanha todos os jogos também da base, completou: “Estamos com um time cansado e que precisa de jogadores jovens. Só assim vamos conseguir alguma coisa na temporada”.
REVIRAVOLTA A goleada sofrida para o Atlético por 5 a 2, no domingo, deixou profunda mágoa nos americanos. Alexandre Barbosa, de 22 anos, estudante e morador do Prado, diz que se sentiu humilhado, mas nem por isso abandona a equipe, na expectativa de que o Coelho ainda reaja no Mineiro e entre na briga pelo título, agora sob o comando de Paulo Comelli: “Por esse motivo, largamos tudo e estamos aqui novamente”.
Já Luis Fonseca, de 63 anos, engenheiro civil, do Bairro Luxemburgo, falou com orgulho da sua paixão pelo clube, apesar dos contratempos: “Desde os 7 anos eu venho aqui em todos os jogos do América. É sofrimento, dói, dói muito, mas a gente aceita porque é americano”. Ontem, antes mesmo de a bola rolar, ele gritava, xingava os jogadores e a diretoria. Foi mais notado pela torcida que os próprios personagens dentro de campo e que, desta vez, não decepcionaram. Mas ele não se sentiu satisfeito com a goleada e foi embora ainda revoltado: “Precisamos reagir, porque hoje (ontem) a torcida do Guarani veio e fez mais barulho que a nossa. É o fim dos tempos. Acorda, América!”.
América 4 X 0 Guarani
América
Neneca; Gedeílson, Éverton Luiz, Lula e Wanderson; Claudinei, Doriva, Juninho e Rodriguinho (Nikão 20 do 2º); Geovanni (China 30 do 2º) e Fábio Júnior (Felipe 32 do 2º)
Técnico: Paulo Comelli
Guarani
Leandro; Rafael Pulga, Adalberto, Asprilla e Rafael Estevam; André, Nando (Silas 20 do 2º), Éder e Joubert(Thiago Papel 10 do 2º); Eric e Carlos Júnior (Vitor 10 do 2º)
Técnico: Leston Júnior
Estádio: Independência
Gols: Juninho 25 do 1º; Fabio Júnior 7 e Nikão 40 e 43 do 2º
Árbitro: Emerson Almeida Ferreira
Assistentes: Aristides Soares Vilarinho e Ricardo Júnior Soares
Cartão amarelo: Leandro, Nando e Asprilla
Pagantes: 325
Renda: R$ 6.110