Futebol Nacional
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Pra lá de Marrakesh

Depois dos 5 a 2 sobre o Sarandí, a camisa do Atlético se destacava nas principais ruas de Buenos Aires. Entre torcedores já há quem sonhe com título e o Mundial no Marrocos

postado em 28/02/2013 08:05 / atualizado em 28/02/2013 08:53

Buenos Aires – Sob uma temperatura agradável de 23 graus Celsius, a capital argentina amanheceu de um jeito bem diferente. Em vez das camisas do Boca Juniors e do River Plate, o uniforme alvinegro do Atlético era o mais evidente nas ruas centrais de Buenos Aires. Depois da goleada por 5 a 2 sobre o Arsenal de Sarandí, o assunto mais comentado era atuação de gala do time de Ronaldinho e a animação da torcida alvinegra, que compareceu em grande número no Estádio Julio Grondona.

“Melhor desempenho, impossível. Estou muito feliz, mas no fim das contas a vitória poderia ter sido ainda maior. Poderia ter sido uns 8 a 2”, festejava a estudante Larissa Moreira, de 15 anos, que acordou cedo para comprar bolsas de couro e aproveitar o último dia na cidade. Além dela, outros viajaram à tarde de volta para o Brasil, satisfeitos com o passeio e o triunfo do Galo.

Alguns atleticanos ficaram acordados durante toda a madrugada, passeando pelas avenidas Córdoba e Nove de Julho, pelo Obelisco e pela Rua Florida, no Centro de Buenos Aires. Depois da vitória, eles já miraram a realidade: “A expectativa agora é conquistar a Copa Libertadores. O ano propicia muita confiança, sobretudo porque nos dará muita sorte, pois 13 é Galo”, sonhava o personal trainner Rodrigo Carvalho, de 31 anos. Se a projeção se concretizar, o time disputará pela primeira vez o título do Mundial, marcado para dezembro, em Marrakesh, no Marrocos.

A historiadora Gabriela de Jesus, também de 31, destacou o empurrão da torcida como fator primordial no triunfo alvinegro: “É uma festa bonita e diferente. O time teve energia diferente. Fizemos de Sarandí o caldeirão do Galo”
O Arsenal é conhecido em Avellaneda, mas perde espaço para os tradicionais Boca Juniors, River Plate e San Lorenzo em Buenos Aires. Por isso, poucos torcedores haviam assistido à partida do Galo. As arquibancadas, com capacidade para 16 mil lugares, não estavam completamente tomadas. “Goleou por 5 a 2? Por isso estou vendo muitos brasileiros felizes. Dá para sentir que o Atlético ganhou. Se não tivesse vencido, estariam decepcionados”, afirmou o vendedor Marcelo Kesman.

VOLTA PARA CASA Depois de se unirem no Julio Grondona, os atleticanos começaram a se separar nos voos de volta para Belo Horizonte. Haveria partidas para o Brasil com escala em São Paulo e no Rio de Janeiro. O advogado Felipe Fonseca de Vasconcelos, de 32 anos, era uma das exceções, já que ficaria até amanhã na Argentina para passear nos estádios Monumental de Nuñez (River Plate) e na Bombonera (Boca Juniors). “Tenho que aproveitar o tempo de sobra”, diz ele.

"VESTI O MANTO COM GOSTINHO ESPECIAL"

Se na Argentina o clima entre os torcedores atleticanos era de euforia, o efeito Arsenal em Belo Horizonte resultou num mar de camisas alvinegras pelas ruas. Dos vários que saíram vestidos com o uniforme preto e branco, a maioria optou pelo de número 49, usado pelo armador Ronaldinho Gaúcho no ano passado. A goleada sobre o Arsenal só fez aumentar a confiança da massa na chance da conquista inédita na competição sul-americana.

Dono de um bar no Bairro São Bernardo, Região Norte da capital, Ronaldo Adriano da Silva, de 38 anos, uniu o útil ao agradável. Torcedor apaixonado, aproveitou para assistir à partida em seu comércio e lucrar com a venda de bebidas e churrasquinho. Também ganhou com sua jukebox. O hino do clube rodou diversas vezes na máquina musical do estabelecimento. “Hoje vesti o manto sagrado com gostinho especial. Meu barzinho lotou durante o jogo. Não perco uma partida do Atlético nem se tiver de fechar o bar.”

O duelo foi considerado “uma maravilha” pelo açougueiro Bruno Josefino, de 35 anos. “Ronaldinho Gaúcho teve uma grande participação. O Bernard, então, nem se fala. Desta vez o garoto teve a chance de mostrar a que veio em plena Argentina. Acordei muito alegre.”

Para o engenheiro Anderson dos Santos, 29 anos, que se orgulha da coleção de 32 camisas do Galo em casa, no Bairro Esplanada, Região Leste de BH, a emoção da goleada diante do Arsenal foi ainda mais especial. “Hoje decidi vestir a camisa 49. Não saio de casa sem a camisa do Atlético. O time argentino era mais fraco, mesmo assim a vitória foi gostosa. A torcida do Galo precisa desse tipo de atuação em campo. Agora só falta o título.” (com Bruno Freitas)