Futebol Nacional
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No gol

Paredão alvinegro

Bom momento atleticano não se limita ao ataque. Chegada de Victor deu fim à desconfiança que marcava a camisa 1 do time. Sem gritaria, ele orienta a defesa e tem sido um dos destaques

postado em 10/03/2013 08:25

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press

Debaixo das traves, ele vibra intensamente com cada êxito de seu time. Procura orientar quando há algo errado, mas sem gritos ou palavrões. Para ele, a melhor forma de se dar bem no grupo é agir com companheirismo. Somente assim é que se começa um trabalho de sucesso. Na semana em que um ex-goleiro do Atlético domina os noticiários do país em situação nada abonadora, um paulista de Santo Anastácio cresce gradativamente e toma o posto de ídolo que pertenceu ao seu antecessor em 2005 e 2006. Hoje, Victor reconhece o investimento depositado em seu futebol, a rápida adaptação ao Galo e a Belo Horizonte e a boa fase de sua equipe na Copa Libertadores.

O goleiro considera-se tranquilo no jeito de ser, familiar e adora passear pela cidade. Da Região da Pampulha, onde reside, até a Cidade do Galo, são cerca de 30 minutos, evitando o tumultuado trânsito do Centro da cidade. Mas ele gosta de se aventurar pelos restaurantes da Savassi com a esposa, Gisele Bueno, com quem está há sete anos, e conhecer novos lugares, como cidades históricas e pontos turísticos importantes de Minas. Já foi passear em Ouro Preto e Tiradentes.

Dentro do campo, ele tenta misturar várias características. Gosta de ser sério, mas responsável e exigente quando necessário. Prefere não perder a razão ou ficar nervoso. “Minhas atitudes variam de acordo com o momento. Procuro orientar a defesa e passar tranquilidade, orientando, falando, motivando os companheiros”. O comportamento do goleiro interfere nos outros jogadores, por isso procuro manter a calma”, diz o camisa 1, cujos ídolos são Taffarel, Velloso, Dida, Marcos e Rogério.

Ele acredita que vive a melhor fase da carreira, justamente por conviver com Ronaldinho Gaúcho, um jogador de fama internacional. “Quero contar a meus filhos ou meus netos que joguei com o Ronaldinho, e isso é motivo de felicidade e orgulho. Aqui o ambiente do clube e da torcida é muito bom, o que nos dá motivação para continuar o trabalho com dedicação”.

Diferentemente do camisa 10, que normalmente é muito assediado pelos torcedores, Victor conta com mais tranquilidade para passear. Mas ele acredita que o apoio do torcedor é um item a mais para o sucesso em campo. “Esse assédio em cima do Ronaldinho é justificável pela história dele no futebol. mas há o reconhecimento sobre os demais jogadores também. Nunca tive problema. É sempre dentro de um limite, mas a lembrança da torcida é importante para nosso bem-estar e performance nos gramados.”

Victor foi contratado no meio do ano passado numa transação que custou 3 milhões de euros aos cofres do Galo. Na época, o presidente Alexandre Kalil disse que o ex-gremista encerraria de vez os as dúvidas da torcida sobre a posição titular da meta atleticana. Com oito meses de trabalho, Victor assumiu a responsabilidade, acumulou boa sequência de partidas e se transformou em herói alvinegro, como no empate com o Fluminense por 0 a 0, no Engenhão, e a goleada sobre o Palmeiras por 3 a 0, no Independência, ambas pelo Brasileiro, em que salvou o Galo com defesas importantes.

Desde Diego Alves, em 2008, o Atlético não teve um goleiro que caiu nas graças da torcida. Victor afirma que o que ajudou muito em sua carreira foi ter substituído o experiente Danrlei no Grêmio no fim de 2007, até então ídolo da torcida tricolor. “Ninguém tinha se firmado. Fui obrigado a jogar e a mostrar serviço. Era uma novidade para mim, mas graças a Deus tudo deu certo. Agora encaro essa pressão e responsabilidade com muita naturalidade. Sei que a torcida do Atlético espera grandes atuações, mas quero sempre corresponder”.

Uma das paixões de Victor é a criação de cachorros. Ele tem um golden, um dachsund (salsicha), e até um vira-lata. “Tenho de todos os tipos e tamanhos. Gosto de passear com eles nas minhas folgas. É um hobby que tenho há muito tempo”. Como todo jogador de futebol, ele também curte música nas concentrações para passar o tempo.

Altitude Victor está atento à maior velocidade da bola devido à altitude de La Paz, próximo destino do Galo na Copa Libertadores – contra o Strongest, quarta-feira. Mas está ciente de que os treinos que a equipe fará em solo boliviano serão fundamentais para se adaptar ao clima da cidade. “Será um jogo importante para nossas pretensões. Teremos de mostrar paciência e ter atenção nos chutes de longa distância do adversário”.

VICTOR LEANDRO BAGY

Nascimento: 21/1/1983, em Santo Anastácio-SP
Altura e peso: 1,93m e 83 kg
Clubes: Paulista (2001 a 2007), Grêmio (2008 a 2012) e Atlético (desde julho’2012)
Títulos: Copa do Brasil’2005, Copa das Confederações’2009 e Campeonato Gaúcho’2010
Convocações para a Seleção Brasileira: 5, No Atlético
Estreia: 2 x 0 Portuguesa, em 8/7/2012
Jogos: 35
Gols sofridos: 37