Futebol Nacional
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Coluna Fred Melo Paiva: O melhor Atlético de todos os tempos

postado em 06/04/2013 09:13

Começo a achar que a coisa é mais séria do que imaginava o mais religioso dos atleticanos: este Atlético que estamos vendo corre o risco de ser o melhor Atlético de todos os tempos. Aliás, vou arriscar a pele na fogueira das vaidades: este Atlético não corre o risco de ser o melhor de todos os Atléticos – este Atlético já é o melhor de todos os Atléticos. Digo isso com lágrimas nos olhos. E beliscando meu couro carcomido pra ver se eu não tô sonhando.

Depois de 105 anos – uma dona Canô inteira, um Niemeyer da fralda comum à geriátrica! –, quando começávamos a nos acostumar com a nossa triste condição de palestinos do futebol, injustiçados inclusive na nossa incapacidade de perder a fé, eis que surge este Atlético. Eu, que sou cético, já venho até me tornando místico. Senão, como explicar essas duas goleadas coincidentes, esses dois 5 a 2 diante do Arsenal de Araque?

Só pode ser obra do meu “sabonete da Libertadores”, como diz o meu filho pequeno – um composto de sal grosso que aplico nos chacras antes dos jogos, conforme já relatei aqui. E que vem causando melhor efeito depois que finalmente descobri onde ficam os tais chacras – vão do saco ao topo da cabeça. Fiz a descoberta num encontro tântrico do qual participei como repórter interessado em fazer uma massagem, quer dizer, uma reportagem.

Recomendo à Polícia Militar de Minas Gerais e aos jogadores do Arsenal que experimentem meu sabonete. Tira a inhaca, traz bons fluidos e ainda faz o seu time ganhar (o Arsenal precisará de uma tonelada). Tivessem as partes se banhado com ele – inclusive nas partes –, dificilmente teriam se animado àquele corpo a corpo. Desleal, diga-se, porque os argentinos na base do soco e do pontapé, estilo vintage, enquanto a polícia dava borrachadas e apontava aquelas espingardas de caçar pumas na Patagônia.

Mas, enfim, já tergiversei demais, levado por esse misticismo que agora me acomete. Daqui a pouco arrumo um cajado e deixo a barba crescer como a de Matusalém. Culpa deste Atlético fenomenal, de outro mundo – que, como eu ia dizendo, é o melhor Atlético de todos os tempos, incluindo eras passadas, reencarnações e planos paralelos.

Este Atlético é o melhor de todos porque Ronaldo, em campo, é comparável a Reinaldo – mas fora dele, em razão desse superestrelato que não existia entre os jogadores de futebol dos anos 1970 e 1980 (foi promovido pelo patrocínio individual de marcas como Nike e Adidas e por uma exposição midiática de proporção nunca antes vista), R10 é maior. O magnetismo que ele exerce supera o de Pelé nos anos 1960.

Réver é igual ou melhor que Luizinho. Luizinho nunca teve um companheiro de zaga da qualidade de Leonardo Silva. Tardelli, por ser o ídolo que é e ser tão descaradamente atleticano, supera Éder Aleixo. Bernard é o nosso menino de ouro, como foi um dia o Reinaldo. É um Marques que já nasceu torcedor. O Galo nunca teve um banco como o de hoje. Sobretudo porque nele se senta o Cuca, um maestro da qualidade de Telê Santana.

Por fim, Alexandre Kalil supera o seu pai como maior presidente da história, porque Elias herdou um clube pronto e uma geração impressionantemente talentosa. Kalil, o filho, herdou um abacaxi.