Futebol Nacional
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CAMPEONATO MINEIRO

Estrela de tricampeão

Cuca confirma seu amadurecimento como treinador ao conquistar o terceiro título consecutivo em Minas. Mudança da postura tática no segundo tempo foi fundamental

postado em 20/05/2013 09:00 / atualizado em 20/05/2013 10:43

Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
A preocupação inicial e a angústia deram lugar à explosão de alegria. À luz do dia, nada deu certo para o Atlético, mas foi a noite aparecer para que a equipe reencontrasse seu futebol e chegasse ao grande objetivo: o bicampeonato mineiro. O maestro da orquestra é Cuca, paranaense de 49 anos, que vem definitivamente conquistando os gramados na terra das Alterosas e do pão de queijo. Mesmo com a derrota por 2 a 1 para o arquirrival, Cruzeiro, ontem, no Mineirão, o treinador comemorou seu terceiro título estadual consecutivo.

Desde que Procópio Cardoso levantou o tri em 1980 com o Galo, nenhum outro técnico havia tido desempenho semelhante. O primeiro foi comandando a própria Raposa, em 2011, e o segundo com o próprio Galo. A terceira conquista, curiosamente, veio num terceiro estádio, desta vez o Gigante da Pampulha – antes, os troféus haviam sido faturados na Arena do Jacaré e no Independência. Ao fim da partida, ele exaltava o grupo e dedicava o título à torcida: “Eu disse na preleção que ninguém queria o título para si. Expusemos a imagem do torcedor, que nos ajudou o tempo inteiro e merecia essa conquista. Eles não tiveram como nos apoiar da maneira que queriam. Para eles, a conquista foi muito mais significativa do que para o grupo”.

Cuca começou a partida agradecendo às manifestações de apoio dos mais de 6 mil atleticanos presentes ao estádio (eles ocuparam a área reservada aos alvinegros e a maior parte do espaço VIP da Minas Arena). Apesar da temperatura agradável, ele não deixou de lado o agasalho preto que costuma sempre usar. Aparentava estar tranquilo e ciente de que o time corresponderia no gramado a tudo o que foi treinado durante a semana.

Nos instantes iniciais, agachou-se para observar os detalhes táticos, até para perceber melhor o posicionamento dos atletas. Ele não gostou do comportamento do lado esquerdo. Por isso, os primeiros a serem chamados à beira do campo foram o lateral Richarlyson e o atacante Bernard. Em seguida, pediu para o volante Josué se aproximar dos armadores do Cruzeiro.

O primeiro pênalti, de Gilberto Silva em Dagoberto, foi como uma ducha de água fria para os atleticanos. O treinador ficou imóvel e não reclamou da arbitragem. Ficou de costas nas duas cobranças de Dagoberto e preferiu não ver a festa azul. A reação imediata foi beijar a medalha de Nossa Senhora. A desvantagem no marcador o levou a tirar a blusa e a fazer mais gestos aos seus comandados. Por seguidas vezes, reclamou de faltas marcadas por Leandro Pedro Vuaden.

O comportamento de Cuca no segundo tempo foi muito diferente do primeiro. Quando Jô acertou a trave, ele deu um pulo como se a bola tivesse entrado. O Galo melhorou, pressionava, mas não conseguia marcar. O treinador foi conversar com Ronaldinho Gaúcho na área técnica. Foi a atitude que mudou o rumo da partida. Viu-se um camisa 10 bem mais presente e vivo na partida. Graças a um erro de Egídio, o craque diminuiu o placar, de pênalti. E Cuca pulou e vibrou muito, ao lado do irmão Cuquinha e do preparador Carlinhos Neves. “Agradeço ao Atlético por ter tido a paciência no começo. Respiro todos os dias o ar do clube. Moro no CT e procuro ajeitar as coisas que estão erradas. Nossa responsabilidade é grande, pois sempre temos de estar ganhando. Assim é o futebol”, disse.

ALÍVIO

Os minutos restantes foram de mais tranquilidade. Cuca beijou a imagem de Nossa Senhora outra vez e tinha a certeza de que o time estava no caminho certo. Atitude muito diferente do começo, quando estava apreensivo com a vantagem celeste. O apito final de Leandro Pedro Vuaden representou a redenção do treinador, que invadiu o gramado e comemorou ao lado dos atletas e de suas filhas. “É gratificante e me sinto honrado. Devo este título ao grupo. Eles são responsáveis pela minha derrota ou pela minha vitória. A minha família esteve presente e me deu força quando eu mais precisava. É momento de festejar.”

Ele, porém, não tira os olhos da Copa Libertadores, com o confronto com o Tijuana, no México: “A comemoração é curta, porque temos outra decisão na quinta pela Libertadores. Toda vez que o time está sendo chamado para decidir, está respondendo bem. Foi assim com o Arsenal, com o São Paulo e com o Cruzeiro. Não pode parar por aí”.