Futebol Nacional
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COPA LIBERTADORES

Carinho gringo só até o apito inicial

Mexicanos seguem o Atlético por toda parte em Tijuana e idolatram Ronaldinho Gaúcho. Apoio, contudo, deve ter fim assim que a bola rolar no Estádio Caliente

postado em 23/05/2013 08:30 / atualizado em 23/05/2013 09:02

Thiago de Castro
Enviado especial a Tijuana, no México

Thiago de Castro/Superesportes
O Atlético não poderia estar mais longe de casa para um duelo da Copa Libertadores. São 9,7 mil quilômetros entre Belo Horizonte e Tijuana, no México. Contudo, tão grande quanto a distância que separa o Galo de seu caldeirão, no Horto, é o carinho que o clube recebe na capital da Baixa Califórnia, onde enfrentará os Xolos hoje, às 21h30 (de Brasília), no Estádio Caliente, no jogo de ida das quartas de final.

No aeroporto, nos treinamentos, no hotel, nas ruas. Onde há o símbolo do Atlético em Tijuana há um mexicano encantado com o clube de Ronaldinho Gaúcho. Torçam para o América do país, Pumas, Monterrey, Chivas ou Tijuana, não importa. Quem gosta de futebol abre um sorriso ao saber que o camisa 10 do Galo vai se apresentar na cidade e fica feliz por recebê-lo.

O atacante Jô, amigo de Ronaldinho, afirma viver um momento inédito na sua carreira. Ser tão bem recebido em território que teoricamente é inimigo lhe causa surpresa. “Recordando rapidamente, não me lembro de situação semelhante, ainda mais longe do nosso país. Fora do Brasil é a primeira vez. Vai ficar guardado.”

Os jogadores alvinegros tiveram o primeiro contato com o gramado sintético do Estádio Caliente ontem à tarde, quando Cuca comandou treino de cobranças de faltas e escanteios. A torcida não teve acesso à atividade, que durou aproximadamente duas horas – cerca de 45 minutos foram fechados à imprensa. Um torcedor do Tijuana, no entanto, teve o privilégio de acompanhar o treino e ainda tirou foto com Ronaldinho Gaúcho: o presidente dos Xolos, Jorge Hunk Inzunza.

O campo artificial causou estranheza no grupo. Alguns jogadores, como Diego Tardelli, afirmaram que vão testar a chuteira para futebol soçaite. “Esse campo premia o jogador técnico e dedura o caneleiro. Porque ela bate na canela, meu amigo. É um jogo para quem é técnico”, brincou Cuca. Sobre o time titular, ele avisou ter uma dúvida na defesa: Leonardo Silva, que se recupera de fratura na mão, ou Gilberto Silva.

HISTÓRIA

Mais de 20 mil mexicanos terão a sorte de ver o astro atleticano de perto – o estádio tem capacidade para 23.333 torcedores. Todos os ingressos do time da casa esgotaram-se com antecedência, apesar de o preço ser considerado salgado: entre 400 e 850 pesos mexicanos, aproximadamente R$ 65 e R$ 140, respectivamente.

Vários tijuanenses e mexicanos torcedores de outros clubes, fãs do Gaúcho, terão de assistir à partida pela televisão. Mas eles aproveitam outras oportunidades para, pelo menos de longe, ver o Atlético e Ronaldinho ao vivo. A porta do hotel em que o clube está hospedado fica sempre lotada. Entre os vários admiradores do R10, um se destacou: o historiador Tarcísio Villarruel, de 60 anos, que registra tudo que passa no futebol local em um livro. “Quero que o Ronaldinho assine esse livro histórico da cidade, para guardar nos arquivos. Registramos tudo desde os anos 1940. A presença dele em Tijuana é histórica.”

A publicação já tem uma foto do craque do Galo com a camisa alvinegra, além de personagens importantes, como Pelé (que aparece em fotos ao lado de futebolistas de Tijuana) e até o papa João Paulo II. O livro fica exposto no Instituto de Arte e Cultura da cidade.

Mas ninguém tem conseguido contato direto com o craque. Ontem, na saída para o treino, Ronaldinho passou como um furacão pela porta do hotel e logo entrou no ônibus da delegação. Um tumulto foi formado e poucos conseguiram tocar o craque.

Mesmo com tanta adoração, moradores e jornalistas locais avisam: quando o Tijuana joga, é a sensação da região. Contra Ronaldinho, então, mais ainda. “O clube foi abraçado por todos, vêm torcedores até dos Estados Unidos. Antes, vinham os mexicanos que lá moravam. Agora, os americanos também vêm para nos apoiar. Geralmente de Los Angeles e de San Diego”, relatou Miguel Muniz, de 41 anos, torcedor dos Xolos.

Torcedores do Tijuana querem ver lances mágicos que o craque alvinegro pode proporcionar, mas preferem ficar com a vitória e a classificação de seu time. “Esse apoio aconteceu no treino. No jogo, vão torcer para o time deles”, acredita Jô.

Tijuana X Atlético

Tijuana
Saucedo; Núñez, Gandolfi, Ortíz e Castillo; Pellerano, Arce, Corona e Martínez; Riascos e Moreno
Técnico: Antonio Mohamed

Atlético
Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Junior César; Pierre, Leandro Donizete, Diego Tardelli, Ronaldinho e Bernard; Jô
Técnico: Cuca

Estádio: Caliente
Horário: 21h30
Árbitro: José Hernando Buitrago (COL)
Assistentes: Wilmar Navarro e Wilson Berrio (COL)
TV: FOX Sports

Chave do jogo

O atacante Jô conhece bem os caminhos em grama sintética. Entre 2006 e 2008, ele defendeu o CSKA, clube russo que também atua em piso artificial. Além disso, o jogo aéreo pode ser decisivo em um gramado onde a bola fica “mais viva”