Futebol Nacional
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"Eu não desisto"

Nem a derrota para o Olimpia por 2 a 0 no Paraguai, no primeiro jogo da final da Libertadores, tirou o otimismo dos atleticanos, que creem na conquista do título

postado em 19/07/2013 08:24

João Miranda/Esp. EM/D.A Press

É nas horas mais difíceis que o torcedor atleticano se volta para a famosa frase de Roberto Drummond. Aquela que fala que, se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento. No dia seguinte à derrota do Galo por 2 a 0 no Paraguai, no primeiro jogo da final da Copa Libertadores, a torcida deixou claro pelas ruas da capital uma enorme disposição para enfrentar a próxima tempestade, que tem data marcada para quarta-feira, quando o time enfrenta novamente o time paraguaio na partida de volta da final. Entre os motivos apontados pelos torcedores para manter a confiança em alta em busca do título inédito estão as últimas vitórias dramáticas do Atlético como mandante.

Dos mais jovens aos torcedores tarimbados – que já viram quase tudo acontecer com o Atlético –, continuam vivas as lembranças do pênalti defendido por Victor no último minuto contra o Tijuana, do México, pelo jogo de volta das quartas de final, e o gol de Guilherme próximo do fim da partida contra o Newell’s Old Boys, que garantiu a disputa de pênaltis, com mais emoções para a torcida e uma defesa milagrosa do goleiro Victor. “Depois de tudo isso que vivemos, não tem como desanimar com esse tropeço no Paraguai. Foi uma pena aquele gol no fim, mas esse grupo já mostrou que luta até o fim. É isso que espereamos deles na quarta-feira. Vai ser contra o vento, mas é assim mesmo que torcemos”, afirma o eletricitário Carlos Augusto Torres, de 50 anos, que fez questão de sair de casa ontem com a camisa do Galo.

A aposta na força das arquibancadas é outro fator que deixa os atleticanos com esperança renovada para ficar com a tão esperada taça continental. O troféu desembarcou na capital mineira na noite de ontem e foi levado para a sede da Federação Mineira de Futebol. De hoje, a partir das 10h, até o dia do jogo, ele ficará exposto no estacionamento do Mercado Central. Até a polêmica sobre o local do jogo – Independência ou Mineirão – já está descartada pela torcida, que confia em uma pressão ainda maior no Mineirão. “Com 60 mil empurrando o time do início ao fim, ganhamos muita força. Esse é o caminho. Manter a motivação lá em cima, pressionar logo no início e mostrar que o Galo é o time da virada”, diz a empresária Rebeca Xavier, de 27 anos.

IDEIAS PARA CUCA Além da crença nos fatores extracampo que têm ajudado muito o grupo alvinegro, os torcedores já pensam nas apostas táticas que podem ajudar o time a buscar o resultado de pelo menos dois gols para, no mínimo, levar a decisão para a prorrogação. “Nesta semana é preciso treinar algumas jogadas para que Ronaldinho Gaúcho consiga sair da marcação forte dos adversários. O principal é fazer um gol logo no início da partida, para pressionar os paraguaios”, indica a fisioterapeuta Jaqueline Klifford, de 36.

O camisa 10 do Galo é o mais lembrado pelos torcedores em relação ao jogador que mais precisa atuar bem para que o time seja campeão. “O Tardelli tem lutado muito como sempre e o Ronaldinho já mostrou que sabe tudo com a bola no pé e que joga com muita vontade também. Mas teve dificuldade ontem (quarta-feira). Então é contar com eles para essa decisão”, diz o estudante Roberto Cardoso, de 23. Já o professor de música Thiago Vidal, de 31, alerta que o craque precisa voltar a jogar mais recuado, fazendo lançamentos para os atacantes. “Não adianta ter R10 enfiado lá na frente, onde tem que brigar pela bola. No início do ano, quando estava mais próximo dos volantes e chegava de trás, as jogadas eram perfeitas.”

Para grande parte dos atleticanos, os dois desfalques nas laterais não devem ser tão sentidos pelo time, uma vez que Richarlyson tem sido muito questionado por parte da torcida. A volta de Bernard e a possível recuperação de Leandro Donizete também são motivos de confiança. “O meio-campo do Galo ganha mais força com Donizete, que participa muito da saída de bola. É um jogador fundamental para a próxima partida. E Bernard, jogando o que sabe, cria uma ótima opção de gols. A expectativa é boa e jogando em casa vamos dar trabalho”, afirma o economista Evaldo Oliveira, de 70.

Independentemente da tática apontada como ideal, um consenso entre a torcida é que na quarta-feira será preciso jogar com muito coração. Alguns torcedores já esperam um sofrimento grande durante a partida, mas apostam que no fim serão recompensados com o título. “Esse Galo não deixa a gente sem uma emoção à flor da pele. E é assim que estamos acostumados sempre. Agora é hora de renovar as energias, preparar o coração e ir com tudo até o fim. Nosso apoio está sempre garantido”, promete a comerciante Lourdes Maciel, de 60 anos.


MEMÓRIA
Só uma façanha
Na história da Copa Libertadores, apenas uma vez uma equipe conseguiu tirar a vantagem do adversário depois de perder por 2 a 0 no jogo de ida da decisão. Foi em 1989 e o mesmo Olimpia estava prestes a comemorar o título diante do Nacional de Medellín depois de triunfar pelo placar em Assunção, gols de Bobadilla e Sanabria. Na Colômbia, o Nacional devolveu os 2 a 0 com Miño (contra) e Usuriaga. Na decisão por pênaltis, os paraguaios perderam por 5 a 4.