Futebol Nacional
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Azar no jogo, sorte no amor

postado em 19/07/2013 08:31

João Miranda/Esp. EM/D.A Press

“Ela finge que não, mas no seu coração ainda sou artilheiro. Só faz isso porque, meu irmão, eu sou Galo e ela é Cruzeiro…” A música de Vander Lee se encaixa direitinho na história de Thiago Ferreira Caetano, de 28 anos, e Joyce Inácio Reis, de 27. Namorados há quatro anos, os dois combinam em quase tudo, até na profissão, de publicitários, mas quando se trata de futebol é bola fora. “Na final da Libertadores de 2009, a gente já namorava e fomos a um bar ver o jogo. Aí você já viu, quase terminou o namoro. Foi alegria demais para a gente e muita tristeza para ela”, ironizou Thiago. Mas quando o Galo perdeu de 6 a 1 para o Cruzeiro, o casal tinha marcado de se encontrar à noite para namorar e acabou não acontecendo. “Fiquei em casa, quis evitá-la. Era a vez de ela me zoar”, disse o publicitário.

Thiago conta que até um ano de namoro tentou levar Joyce para o “lado negro da força”, sem sucesso. Mas ele teve a satisfação de vê-la rezando pelo Galo na disputa contra o Tijuana, pela Libertadores. Era final de maio e os dois estavam na pacata Desterro de Entre Rios, Região Central de Minas. “A TV pegava muito mal e Thiago quase tendo um enfarto. Quando aconteceu o bendito do pênalti, foi a única vez que rezei para o Galo ganhar, com medo de ele cair morto”, justificou a namorada. O goleiro Victor fez a defesa do pênalti cobrado por Riascos, aos 47min do 2º tempo, e o estádio quase veio abaixo. “Graças a Deus o goleiro conseguiu pegar. Ainda tive que sair à meia-noite, de pijama de bolinha, para comemorar com Thiago na praça e ele se acalmar”, lembrou.

Thiago confessa que ficou desesperado com a possibilidade de eliminação do Galo. “Joyce torceu pelo bem da minha pessoa, até comemorou, mas falou que era a única vez que torceria pelo Galo”, contou. No jogo contra o Newell's Old Boys, que foi para os pênaltis, a namorada torceu pelos argentinos. “Só que foi em vão. Nós ganhamos”, ironizou ele.

Para evitar brigas, hoje Thiago e Joyce tomam rumos diferentes em dias de jogos. Antes, ela já até abriu mão do orgulho e acompanhou o namorado algumas vezes ao Mineirão e Independência, no meio da torcida atleticana, sem uniforme do Cruzeiro, claro, apenas com camiseta branca. “Ela fica comigo numa boa, mas eu não faria o mesmo sacrifício por ela ficando no meio dos cruzeirenses”, disse.

Hoje, Thiago dispensa a companhia nos jogos. “Ela é muito pé-frio. Nas quatro vezes que a levei para ver o Galo no Mineirão, meu time empatou ou perdeu. No independência, ela me dá mais sorte”, lembrou. E ela não deixa por menos. “Graças a Deus sou pé-frio”, disse. Joyce conta que quando acompanhou o namorado aos jogos do Atlético, teve que se conter e não gritar quando o time dele perdeu. “Fui com ele e amigos atleticanos ao jogo contra o Goiás e quase fui linchada. Uma amiga ficou me apontando e o povo começou a me olhar atravessado. Segurei o sorriso de lado e quase apanhei”, disse.

Ela diz que sua sina sempre foi namorar atleticanos e que Thiago é o mais chato de todos os torcedores. “Além dele, ainda veio a irmã dele de rebarba para mim. Também é atleticana doente. Em vez de uma pessoa pegando no meu pé, tenho duas”, reclamou.

O casamento ainda nem aconteceu e o casal já discute o futuro dos filhos. “Não vamos ter filhos cruzeirenses de jeito nenhum. Impossível a vontade dela se sobrepor à minha”, reagiu o publicitário. A namorada acha que se tiver filho cruzeirense é capaz de Thiago abandoná-la. “Não vou interferir nisso, mas vou fazer questão de levar meus filhos aos jogos do Cruzeiro e do Atlético e deixá-los decidir. Mas sei que a influência do Thiago vai ser muito forte. Gostaria muito que fosse cruzeirense para acabar com essa piadinha das Marias”, disse a publicitária.

Atleticano ou cruzeirense, o casal pretende levar a vida aceitando o “defeito” do outro. “O defeito dele é mais grave que o meu, mas aceito”, provocou Joyce. Mas ela confessa que até admira o amor do namorado pelo Galo, e alerta para que ele se cuide e não morra do coração. “Grande parte da família dele é atleticana e a minha também. Então já convivo com atleticanos há muito tempo e acho que deve haver respeito das duas partes. Mas se o Galo perder, pode ter certeza que vou zoar absurdamente”, disse Joyce. Thiago, por outro lado, se diz tranquilo e confiante na vitória do seu time na Libertadores.