Futebol Nacional
None

GALO CAMPEÃO!

É festa ainda que tardia

Mesmo mais de uma semana depois da conquista, atleticanos tomam o Centro de Belo Horizonte para comemorar a inédita Libertadores

postado em 02/08/2013 08:13 / atualizado em 02/08/2013 08:26

João Miranda/Esp. EM/D.A Press


O palco não era o Horto, nem o Mineirão. Desta vez, com a taça em mãos, torcedores e jogadores do Galo invadiram a Praça Sete, transformando o Centro de Belo Horizonte em um imenso mar de gente em preto e branco. Que importa se já se passou uma semana da conquista da América? A espera pelo título durou 42 anos. Tão sofridos, os alvinegros repetiram gritos e cenas da arquibancada e, em vez do tão entoado pedido de raça, o time todo pôde ouvir dos milhares de atleticanos – segundo estimativas da PM, cerca de 70 mil pessoas passaram pela festa – um mais que merecido “muito obrigado”.

A carreata alvinegra, com os jogadores divididos em três caminhões do Corpo dos Bombeiros – incluindo o clássico American Le France 1959 –, seguidos pelo ônibus do Atlético, saiu do Mineirão por volta das 19h, com centenas de carros e milhares de torcedores na Avenida Antônio Carlos. Desde a saída do Gigante da Pampulha, milhares invadiram a avenida, com faixas, bandeirões e camisas alvinegras, aos gritos, fazendo buzinaço, filmando e fotografando o momento histórico na vida do clube.

O anúncio da chegada do cortejo com os ídolos teve pompa semelhante à entrada dos jogadores em campo para a partida com o Olimpia. Mas a explosão de euforia do time campeão substituía a tensão de quem necessitava ganhar com dois gols de diferença. Quem esteve em uma das partidas do time na campanha da Libertadores – ou nos jogos do Atlético nos últimos meses – sabe o tratamento dispensado pela fanática torcida.

João Miranda/Esp. EM/D.A Press


Ao redor do Pirulito da Praça Sete, grades foram colocadas para posicionar dois trios elétricos vindos de Salvador, por onde circulavam jogadores e os músicos da banda do cantor Tuca Fernandes. A aglomeração deu trabalhou aos seguranças do Atlético, que a todo momento, tinham que conter torcedores exaltados que tentavam invadir a área delimitada. Do lado de fora, como se observassem de perto o campo de jogo, torcedores com bandeiras, fogos de artifício e adornos, em êxtase, repetiam gritos aliviados por uma guerra iniciada em 1971. Gente de todo tipo e idade tomou conta da praça. “É animação total por um sonho demorado”, diziam os primos Euler Piero e Cássio Câmara, que, de tão ansiosos por um lugar perto dos ídolos, chegaram três horas antes do previsto para a entrada em cena dos jogadores e prometiam: “É festa até o amanhecer”.

E os jogadores, logo que chegaram, fizeram questão de agradecer aos torcedores, considerados peças-chave na conquista. O zagueiro Réver foi o primeiro a aparecer no trio onde se concentravam o elenco e comissão técnica, estourando uma garrafa de champanhe. Em seguida foi a vez de Tardelli ser ovacionado pela torcida. Apontado como azarado antes da conquista do título, o técnico Cuca foi o personagem que mais extravasou na comemoração. Na primeira aparição, às 19h54, o técnico do Atlético elogiou a torcida, a quem considerou “diferente de tudo o que havia visto até hoje”. “A gente conseguiu (o título) depois de tanto tempo. Vocês vão estar para sempre no meu coração”, disse. Ele reapareceu por volta das 21h com um copo de cerveja na mão, provocando os rivais cruzeirenses. “Cruzeiro, o sonho acabou. O Mundial sou eu quem vou. Uhuu!”, cantou.

Personagem decisivo na caminhada até o título, o goleiro Victor foi bastante festejado. Ele foi o primeiro jogador a falar para a massa. “Obrigado a todos por acreditar, porque aqui todos acreditaram. Somos campeões da América”, frisou o goleiro, considerado santo por muitos. “Não tenho nem palavras para agradecer tamanho carinho. Desde o primeiro dia, no momento mais delicado da minha vida e da minha carreira, vocês me abraçaram e não vou me esquecer jamais, por tudo que vivi aqui! Aqui é Galo, p…”, disse o armador Ronaldinho Gaúcho, logo em seguida. Igualmente ovacionado, Bernard apontou a torcida como o 12º jogador do time na campanha pela Copa Libertadores’2013. “Vocês são os maiores merecedores desse título. Mesmo em situações ruins, estavam presentes, ajudando”, acrescentou, sem falar sobre o seu futuro. O também atacante Jô agradeceu pela confiança. “Essa torcida maravilhosa desde que eu cheguei, ano passado, acreditou em mim. Passei por muitas coisas, mas vocês me abraçaram.”

Tuca Fernandes assumiu o microfone e cantou o hino do Atlético. Gilberto Silva, Victor e Leonardo Silva foram os primeiros atletas a deixar a festa, por volta das 21h30.

Túlio Santos/EM/D.A Press


A GALERA Em tom de agradecimento, os amigos Mateus Ribeiro, Bruno Alves e Samara Roniri estavam ali só para ter uns minutos perto de Victor, Ronaldinho, Diego Tardelli e companhia. “Contra o Tijuana, já tinha largado tudo. Nem quis ver a cobrança do pênalti, mas eles acreditaram”, disse Bruno.

E quem pensa que só os atleticanos puderam festejar se engana. Donos de comércios nas proximidades aproveitaram a farra. Acostumado a vender pastel, salgado e vitamina, o empresário Antônio Reginaldo de Assis, sem se importar com a concorrência das 100 mil latas de cerveja distribuídas pelo patrocinador, se muniu com 65 caixas. Antes mesmo de os jogadores chegarem, o estoque já estava perto do fim. Quem foi à festa na esperança de conseguir uma das latinhas distribuídas pelo clube teve de ter paciência com as longas filas. A ressaca também veio antes da hora para os profissionais que cuidavam da entrega das bebidas: pelo menos dois caminhões foram saqueados na Avenida Amazonas. Vândalos invadiram a carroceria dos veículos. A nota triste de noite foi a queda da torcedora Grazielle Alessandra Costa Santos, 20 anos, do teto de um ônibus em que “surfava”. Ela foi levada ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII com traumatismo craniano, em estado grave.

Tags: festa sete praça libertadores atleticomg