Futebol Nacional
None

TRAGÉDIA DE ORURO

Menor que confessou disparo deve dar novas explicações à Justiça

postado em 27/02/2013 07:00

Mesmo depois de conversar na segunda-feira por 2 horas e 15 minutos com o promotor Gabriel Rodrigues Alves, da Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos, o menor que diz ser o autor do disparo do sinalizador que matou o boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, de 14 anos, durante a partida entre San José e Corinthians, deve ser convocado nos próximos dias para prestar novos esclarecimentos à Justiça.

O encontro do adolescente H.A.M., de apenas 17 anos, com o representante do Ministério Público não foi considerado um depoimento, já que ele não foi intimado e se apresentou por espontânea vontade. Como parte do procedimento jurídico iniciado nesta terça-feira para apurar os fatos, estão depoimentos (do próprio torcedor corintiano e de outras pessoas), imagens de tevê e outras possíveis provas. Caso entenda que o menor tenha sido o responsável pelo disparo, o promotor vai oferecer a denúncia ao juiz da Infância e da Juventude de Guarulhos.

O menor está protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e o caso correrá em segredo de Justiça, sem prazo para ser concluído. H.A.M. está recluso. O advogado dele e da Gaviões da Fiel, Ricardo Cabral, que acompanhou o encontro do jovem com o promotor na segunda-feira, não retornou aos recados deixados pela reportagem nesta terça.

O adolescente é sócio da Gaviões da Fiel há dois anos. Segundo Ricardo Cabral, o Conselho Deliberativo da torcida organizada vai abrir nos próximos dias uma sindicância para apurar a conduta do menor e entre as punições previstas está a sua exclusão do quadro de associados.

NA BOLÍVIA - Os 12 torcedores corintianos que estão presos na penitenciária de Oruro terão de arcar com os honorários do advogado Miguel Blancourt, que os defende da acusação de envolvimento na morte do jovem Kevin Espada.

E, se for aceita a apelação contra prisão preventiva e eles conseguirem responder ao processo em liberdade, eles também terão de arcar com as despesas do aluguel de uma casa na Bolívia - o fato de ter residência fixa configurada é considerada imprescindível pela Justiça boliviana para os indiciados em processos criminais.

A embaixada brasileira atuou como intermediária - tanto da contratação do advogado como na pesquisa de um aluguel -, mas não vai além disso. "Temos de tratar todos os brasileiros que estão na Bolívia da mesma forma. Temos inúmeros réus também esperando a definição da Justiça boliviana e a embaixada não tem condições de alugar um prédio para todos. Os advogados sempre recebem honorários da parte", diz Eduardo Saboia, ministro conselheiro da embaixada brasileira na Bolívia. Existem entre 100 e 200 brasileiros aguardando definição de sua situação judicial em solo boliviano.

Os diplomatas brasileiros continuam otimistas sobre o relaxamento da prisão preventiva, independentemente de o Ministério Público da Bolívia ter visto com ressalvas a confissão do menor em Guarulhos, ocorrida na última segunda-feira.

"Mesmo sem a confissão, eles não deveriam estar presos. Existem várias razões para isso. A principal é que uma pessoa só pode ser presa se houver provas sólidas de sua culpa", disse o embaixador, negando que tenha havido discriminação dos torcedores presos em Oruro.