Futebol Nacional
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Aqui é casa cheia

Enquanto cariocas e paulistas lamentam falta de público até nos clássicos, Atlético e Cruzeiro atraem grandes torcidas mesmo prejudicados por administradores dos estádios

postado em 06/03/2013 08:00 / atualizado em 06/03/2013 08:20

EM/D.A Press

A reabertura dos estádios de Belo Horizonte aguçou o desejo e a curiosidade das torcidas de Atlético e Cruzeiro. Bom exemplo disso foi no fim de semana. A vitória celeste sobre o Tombense, no Mineirão, atraiu mais público do que os clássicos semifinais da Taça Guanabara no Engenhão (Vasco x Fluminense e Flamengo x Botafogo) e do que o duelo paulista Santos x Corinthians, no Pacaembu, com Neymar e Pato em campo.

Vários fatores podem explicar o sucesso mineiro. O maior deles é a volta dos jogos à capital depois de dois anos. Com Mineirão e Independência fechados simultaneamente para reforma e modernização, Raposa e Galo foram obrigados a mandar jogos na Arena do Jacaré (Sete Lagoas), Ipatingão (Ipatinga), Parque do Sabiá (Uberlândia), Melão (Varginha) e Arena do Calçado (Nova Serrana).

O Cruzeiro, em três jogos como mandante no Mineirão (capacidade para 62.170), arrecadou em média mais de R$ 1 milhão. Grande parte se deve ao clássico inaugural, ao qual a torcida do Atlético compareceu em igual número. Com mais dois mandos na primeira fase do Estadual, ambos em fins de semana, na pior das hipóteses a Raposa pode ficar próxima desse índice – com chance de elevá-lo consideravelmente nas eventuais semifinal e final.

“A boa presença de público é resultado de uma combinação. A torcida do Cruzeiro sempre foi fiel, sempre ajudou o time. Além disso, está muito confiante no nosso grupo, que é totalmente novo. Será fundamental para o bom desempenho nesta temporada a aliança com a torcida. É com ela nos apoiando, cobrando, que vamos conseguir alcançar nossos objetivos”, destaca o técnico celeste, Marcelo Oliveira.

PRIORIDADE À LIBERTADORES


A média de arrecadação do Atlético no Horto pelo Estadual só não é maior porque a prioridade da massa é a Libertadores, com ingressos mais caros. Ainda assim, em grande fase desde o vice-campeonato brasileiro do ano passado, o time tem levado bom público ao Independência, cuja capacidade é de 23.018.

“Torcida sempre faz a diferença e ajuda nos momentos difíceis. Quando a fase é boa, ela comparece ainda em maior número. O próprio fato de o Independência ser pequeno e acanhado dá aquela sensação de que o estádio está cheio e nos ajuda muito, porque a torcida nos apoia durante todo o tempo”, comenta o hoje zagueiro Gilberto Silva.

A média do Galo, mesmo inferior às de competições mais expressivas, como Brasileiro e Libertadores, supera, por exemplo, as das equipes cariocas contra adversários mais fracos. E também aumentará nas eventuais fases decisivas.

ANÁLISE DA NOTÍCIA


Imagem do desdém

Por Cláudio Arreguy

Os dois anos sem jogos na capital mineira provocaram saudável efeito nas torcidas de Atlético e Cruzeiro: renovaram o interesse delas em ver de perto o time do coração. Ao mesmo tempo, porém, parecem ter provocado o contrário nos responsáveis pela administração do novo Independência e do novíssimo Mineirão. Nunca se viram tantos problemas para receber uma galera ávida por um jogo de futebol do Galo ou da Raposa. Na medida do possível corrigidos, os tumultos nas partidas iniciais no Horto, ao que se vê, não serviram de alerta suficiente para evitar o mesmo no Gigante da Pampulha. É de espantar o descaso com que o torcedor foi recebido – ou pior, deixou de ser recebido – numa praça com capacidade para mais de 60 mil pessoas. As monumentais filas em volta das escassas bilheterias abertas no sábado para Cruzeiro x Tombense constituíram uma triste imagem da falta de previsão e do excesso de desdém. Algo que o calendário espaçado de jogos seria capaz de solucionar de vez. Se houver boa vontade, é claro.

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