![Juarez Rodrigues/Estado de Minas - 20/10/2002 Juarez Rodrigues/Estado de Minas - 20/10/2002](https://imgsapp.mg.superesportes.com.br/app/noticia_126420360808/2015/08/20/317466/20150819183026132003e.jpg)
Pioneiro nos programas de sócio, o Internacional é exemplo no tratamento com torcidas organizadas. Desde 2013, conforme explica o vice-presidente de administração, Alexandre Silveira Limeira, o número de integrantes das facções caiu consideravelmente. “Hoje, a maioria dos frequentadores do estádio não é de nenhuma torcida organizada. Canta junto das organizadas, fica perto, mas ele não é da torcida, ele é sócio do clube. A relação é direta do torcedor com o clube, não passa pelas organizadas”, explica o dirigente.
Alexandre Limeira assegura que o Inter não dá qualquer quantia ou ingresso para as organizadas, justamente para fortalecer a credibilidade com os sócios. Hoje, há apenas 1.052 torcedores cadastrados oriundos dessas facções. “Não existe contribuição financeira a nenhuma torcida organizada. O que fazemos é ajudar com contribuições para alguma faixa, para um instrumento. O Inter compra, dá para a torcida, mas em casos pontuais. Para o jogo contra o Coritiba, por exemplo, uma torcida pediu colaboração para fazer um mosaico em homenagem ao Fernandão, e demos todo suporte”, declarou Limeira.
Rival do Colorado, o Grêmio tem relação parecida com essas ‘organizações’. Diretor do departamento de torcidas do clube – cargo inédito no país –, o delegado Lauro Noguez afirma que torcida organizada não pode ser sinônimo de despesa. “Não damos dinheiro. Nada que custe dinheiro. O Grêmio não dá ônibus, não dá ingresso, não financia nada, não permite que venda produto deles na loja do Grêmio. Não temos nenhuma despesa, mas gostamos da presença deles, senão o estádio fica muito neutro”, pondera.
Polêmica de ingressos
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A ampliação do programa “Sócio do Futebol”, em 2012, no início na gestão de Gilvan de Pinho Tavares, decretou o fim dos benefícios às facções do Cruzeiro. “Vou continuar com a mesma posição do início do mandato, de não dar ingresso para torcida organizada. É injustiça dar ingresso para membro de torcida organizada e não dar para o torcedor comum”, destacou.
”Antigamente, as organizadas ainda eram grupos que tinham muita renda com venda do uniforme da torcida ao torcedor comum e usavam escudo do clube. Isso tirava a receita do Cruzeiro. Os torcedores deixavam de comprar uniforme oficial para comprar uniforme da torcida. Isso também mudou”, acrescentou o presidente cruzeirense.
Atual presidente do Grêmio, Romildo Bolzan prometeu, durante sua campanha para chegar ao cargo máximo do Tricolor, que manteria ações do antecessor Fábio Koff, responsável por cortar todos os benefícios das organizadas. Hoje, são sete torcidas cadastradas, com cerca de 5.300 integrantes no total. “O Grêmio dá apoio, tem um espaço adequado na Arena com ingresso mais barato, mas não tem qualquer outro benefício”, reforça Noguez.
Futuro das organizadas
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O diretor gremista acredita que o aumento dos benefícios para os sócios, na mesma medida em que os cortes acontecem para organizadas, pode decretar o fim dos grupos. “É difícil dizer (se vão acabar). Sempre haverá grupos que vão se reunir para torcer, que gostam de ir juntos, principalmente jovens. Acho que é difícil, mas as organizadas acabarem por causa dos programas de sócio é uma boa tese. Muito associado reclama, tem o associado que não gosta de estar em pé, que não gosta da bandeira para atrapalhar a visão”, opina.
Por sua vez, o cruzeirense Gilvan de Pinho Tavares tem opinião formada: a tendência é que as torcidas organizadas minguem cada vez mais e tenham o fim decretado em breve. “A tendência é acabar. Tanto é que os integrantes de torcidas organizadas estão entrando para os programas de sócio porque querem ficar juntos. Se eles deixarem para comprar ingressos de última hora, eles não vão conseguir ficar no estádio, na posição que gostam e juntos. A tendência é isso, é acabar (as torcidas organizadas)”, concluiu.
Postura radical
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“Nossa relação com a torcida organizada é nenhuma, zero. Nós rompemos formalmente e sem volta. Com a Torcida Jovem, inclusive na Justiça – existem processos da torcida contra o clube e do clube contra a torcida. Proibimos a torcida de usar símbolos do clube nos produtos da torcida. Não distribuímos nenhum benefício, nenhum ingresso, não permitimos sequer que entrem uniformizados no estádio. Eles não podem guardar nada nas dependências do Sport. Não mantemos nenhuma relação”, garantiu o dirigente.
Hoje, o Sport tem mais de 32 mil sócios e ocupa a 11º colocação no ranking divulgado pelo “Movimento por um futebol melhor”. Barros, no entanto, não pretende aumentar esse número com integrantes das organizadas que, segundo ele, torcem mais pela própria facção do que pelo clube. “Não queremos integrantes das organizadas como sócios. Infelizmente ainda não podemos controlar isso. Mas para ser sócio do Sport não basta pagar a mensalidade, é preciso que obedeça a pressupostos do estatuto e uma torcida que torce pela própria facção não está neste grupo”, finalizou.
Palmeiras na mesma linha
Desde a construção do Alianz Parque, o Palmeiras subiu no ranking dos clubes com mais sócios e já é o segundo maior do país, com 129 mil associados. O clube cortou vários benefícios às torcidas organizadas justamente para valorizar o programa "Avanti". A postura firme do mandatário cruzeirense Gilvan em relação à Máfia Azul rendeu um telefonema do presidente alviverde Paulo Nobre.
“Estou recebendo muito apoio dos torcedores, conselheiros, imprensa. Vou continuar com a mesma posição. É injustiça dar ingresso para membro de torcida organizada e não dar para o torcedor comum. O presidente do Palmeiras conversou comigo, elogiou minha atitude, e também da parte dele está fazendo isso. Outros presidentes estão fazendo a mesma coisa. É o que tem que fazer. O torcedor é que tem que ajudar, não o contrário”, ratificou Gilvan de Pinho Tavares.