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Baroni confirma que tentará impugnar vitória de Pedrosa no Conselho do Cruzeiro

Segundo colocado no pleito, Baroni tomará medidas para tentar invalidar vitória de Pedrosa

postado em 24/05/2020 16:24 / atualizado em 24/05/2020 16:44

(Foto: Reprodução)
O candidato Giovanni Baroni,  da chapa ‘Transparência e Reconstrução’, mudou mesmo de ideia e confirmou neste domingo, por meio do Twitter, que tentará impugnar a vitória de Paulo César Pedrosa na eleição do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, realizada na quinta-feira, dia 21 de maio. Segundo colocado, com dez votos a menos (112 a 102), Baroni entende que o pleito foi “imoral” devido à participação de 29 conselheiros que haviam sido expulsos por descumprirem o Estatuto durante a gestão de Wagner Pires de Sá, em 2018 e 2019. Eles conseguiram votar graças a liminares obtidas na Justiça.

“Vamos tentar fazer alguma coisa sobre essas eleições, que foram, no mínimo, imorais. Elas podem ter sido legais, através das liminares que esses conselheiros conseguiram para votar, mas foi imoral porque mudou todo o contexto da eleição. (...) Esse candidato (Pedrosa) não terá legitimidade para governar o Conselho Deliberativo, uma vez que tem só 30% do apoio e 70% não o apoiam. Não vai conseguir aprovar nada”, disse Baroni

Baroni alega que Pedrosa em nenhum momento buscou investigar a gestão de Wagner Pires de Sá a partir de julho do ano passado, quando venceu a eleição do Conselho Fiscal. Logo na posse, ele havia minimizado eventuais irregularidades cometidas pelo ex-presidente. Vale lembrar que Pedrosa foi apoiado naquela gestão por Wagner. À época, o fato gerou polêmica, pois cabe aos integrantes do Conselho Fiscal justamente fiscalizar as contas do clube, incluindo os feitos do presidente executivo.

“Isso me fez lembrar quando ele ganhou a eleição para o Conselho Fiscal, no ano passado, e que chegou falando que a gestão Wagner não tinha problema nenhum. Queria falar para ele o seguinte: ele olhou também o Conselho Fiscal que o prejuízo de 2019 foi de R$ 390 milhões, e que o prejuízo de 2018 foi menor, e mesmo assim ainda foi grande, porque tinha um Conselho Fiscal, que renunciou, porque não recebia documentos”, argumentou Baroni.

Baroni ainda se mostrou indignado com o fato de Pedrosa, ao ser eleito, criticar o relatório da consultoria Kroll, contratada pelo Conselho Gestor para investigar irregularidades durante a gestão de Wagner Pires de Sá. “Logo depois da apuração, ele ainda pega o microfone de uma rádio e fala coisas que, uma pessoa em sã consciência, jamais falaria. Falar ‘a tal da Kroll’, achando que ela faz balanço”.

“A Kroll está com a investigação, tem mais 52 conselheiros que receberam mais de R$ 6 milhões. Por que essas pessoas (29 conselheiros expulsos) foram votar mesmo sofrendo risco pela manifestação da torcida? Simples. Para salvar a própria pele, a esperança deles é esse cara (Pedrosa) que ganhou, que fica falando bobagem. Então, podem contar comigo e eu conto com vocês. A maioria dos conselheiros é do bem e a maioria vai nos ajudar a resolver isso. O Sérgio Santos Rodrigues também vai”, disse Baroni, referindo-se ao presidente executivo eleito também na quinta-feira.

Apoio da torcida e intenção de ajudar Sérgio

No vídeo postado neste domingo, Baroni pediu respaldo da torcida na tentativa de tirar Pedrosa do Conselho Deliberativo. “Sérgio Santos Rodrigues (presidente executivo) foi eleito legitimamente, tem excelentes projetos, é um cara corajoso, que precisa do nosso apoio, mas não podemos deixar esse tipo de coisa acontecer no Cruzeiro. A imoralidade no Cruzeiro tem que acabar, e eu peço apoio da torcida, dos conselheiros, para que isso não aconteça mais. Nós precisamos purificar o Cruzeiro. Enquanto não houver purificação do Cruzeiro, não haverá paz. Também não podemos ceder a essas coisas, essas artimanhas”, disse.

Entenda o caso

A eleição para a presidência do Conselho Deliberativo do Cruzeiro foi decidida voto a voto. No fim, graças a urna na qual estavam os votos dos conselheiros reintegrados pela Justiça após exclusão no quadro do clube, Paulo César Pedrosa venceu o pleito.

Na urna cinco, Paulo Pedrosa recebeu 20 votos a mais que Baroni. Antes da contagem desta urna, Pedrosa estava em terceiro lugar. 

Até o fim da urna quatro, a parcial era a seguinte:
 
Giovanni Baroni: 97 votos
Paulo Sifuentes: 90 votos
Paulo Pedrosa: 87 votos
Luiz Carlos Rodrigues: 35 votos
 
Os números da urna 5 definiram a eleição:
 
Paulo Pedrosa: 25 votos (número final: 112 votos)
Giovanni Baroni: 5 votos (número final: 102 votos)
Paulo Sifuentes: 9 votos (número final: 99 votos)
Luiz Carlos Rodrigues: 4 votos (número final: 35 votos)

Além de votos de 29 conselheiros que haviam sido expulsos do Conselho e que procuraram a Justiça para participar da eleição, a urna cinco recebeu cédulas de outros integrantes do quadro.

“Os votos dos que conseguiram o direito na Justiça estavam na urna 5. Assim como votos de outros conselheiros também”, afirmou o presidente da Comissão Eleitoral do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, ao Superesportes, após a apuração.

Baroni não queria judicializar eleição

Na sexta-feira, o Superesportes ouviu Baroni sobre eventual possibilidade de impugnar a eleição diante da vitória de Pedrosa com base em vantagem na urna 5, composta por votos dos conselheiros então expulsos. Naquele momento, o candidato derrotado descartou essa hipótese: “O Cruzeiro não aguenta isso. Isso seria acabar com o clube. De mim não sairá ação na qual o maior prejudicado será o Cruzeiro", afirmou.

Em postagem na internet, no mesmo dia, Baroni reafirmou sua decisão de não acionar a Justiça.

Mudança de planos

Já no sábado (23), Baroni começou a dar indício de que mudaria de ideia. Em postagem no Twitter após ouvir entrevista de Paulo César Pedrosa na Rádio 98FM, ele mostrou indignação com declarações do vencedor da eleição. Em pontos da entrevista, Pedrosa questiona o relatório da consultoria Kroll sobre irregularidades cometidas pela gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá. 

“ABERRAÇÕES PEDROSA NA 98. CONSELHO: quer mais 200. SOBRE CG: Não somou nada em 5 meses. KROLL: “acha” que ela faz balanço. ELEIÇÕES: teve apenas 30% e 25 votos d excluido. TORCIDA: só uns 30 torcedores lá fora. ASSIM EU NÃO AGUENTO E ENTRO COM A IMPUGNAÇÃO E o Cruzeiro passando vergonha”, escreveu Baroni no começo da tarde deste sábado.

Já no período da noite, Baroni deu outro indício de que tomaria medidas para mudar os rumos da eleição do Conselho. “Boa noite, torcedores. Amanhã venho falar com vocês sobre a minha mudança de postura em relação ao Pedrosa, no momento estou descansando com a minha família. Minha prioridade é defender os interesses do torcedor e do @Cruzeiro”.

Em áudio enviado a conselheiros, ele já havia confirmado que partiria sim para uma batalha jurídica na tentativa de tirar Paulo César Pedrosa da presidência do Conselho.

Percentuais

Pedrosa teve 112 dos 348 votos da eleição (32,18%). Os outros três candidatos receberam 236 foto votos (67,82%). O entendimento de Baroni é que Pedrosa não tem respaldo da torcida, nem tampouco tem força no Conselho.

Paulo César Pedrosa é rejeitado por boa parte da torcida e do Conselho porque é presidente do Conselho Fiscal e não investigou possíveis irregularidades na gestão de Wagner Pires de Sá, que renunciou à presidência em dezembro passado. Ele teve que se licenciar do Conselho Fiscal para concorrer ao Conselho Deliberativo.

Para vencer a eleição do Conselho Fiscal, em julho do ano passado, Pedrosa foi, inclusive, apoiado por Wagner Pires de Sá e seu grupo político, a ‘Família União’.

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