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Em crise, Fifa cancela de última hora entrevista coletiva de Joseph Blatter e fecha entidade

'Incidente' teria ocorrido e executivos foram instruídos a não falar com jornalistas

postado em 25/09/2015 11:30 / atualizado em 25/09/2015 11:37

AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI
De forma inédita, uma reunião do Comitê Executivo da Fifa terminou sem uma entrevista coletiva para explicar as decisões tomadas, em mais um exemplo da grave crise enfrentada pela entidade. Assim, a coletiva de imprensa do presidente Joseph Blatter, previamente marcada, foi cancelada.

Com o presidente da entidade, Joseph Blatter, sem poder sair da Suíça, com o secretário-geral, Jérôme Valcke, afastado e todos os computadores confiscados pela polícia, a entidade passou a ser controlada pela Justiça e por advogados, e se calou nesta sexta-feira.

A reportagem foi informada de que um "incidente" ocorreu durante o dia e que os executivos foram instruídos a não falar com os jornalistas e nem dar detalhes. A Fifa também anunciou que fecharia sua sala de imprensa, às 17 horas de Zurique (meio-dia do horário brasileiro).

Tradicionalmente, os encontros da Fifa são seguidos por entrevistas coletivas. Desta vez, cerca de cem jornalistas foram informados primeiro que o evento seria adiado em meia hora. Depois de serem retirados da entrada do local, os jornalistas foram comunicados sobre mais um atraso. Finalmente, uma hora depois, por e-mail, todos foram informados de um cancelamento definitivo de qualquer evento público. "Algo grande ocorreu", confirmou à reportagem um alto dirigente da Fifa.

Em um comunicado de imprensa, a Fifa apenas explicou que sua próxima reunião, marcada para dezembro, não ocorrerá mais no Japão, como estava planejado. Para evitar uma eventual prisão de Blatter, o evento foi transferido para a Suíça.

Com seus computadores confiscados e sob a ameaça da polícia, a Fifa passou a ser de fato controlada por escritórios de advocacia. Blatter contratou a peso de ouro o advogado americano William Burck do poderoso Quinn Emanuel Urquhart & Sullivan. Ex-conselheiro de George W. Bush na Casa Branca, Burck já defendeu políticos africanos.

Desde a prisão dos cartolas em maio, tudo passa por ele na Fifa, inclusive as declarações à imprensa e decisões de viagens de dirigentes. O controle de segurança para acesso ao prédio também foi reforçado, inclusive aos jornalistas credenciados.

Para uma reunião regular e um sorteio esvaziado do Mundial de Clubes, jornalistas foram obrigados a passar por revistas e impedidos de entrar no saguão de entrada da Fifa, aberto tradicionalmente a todos. A Fifa também fechou suas portas para turistas.

A segurança da entidade fez questão de não deixar qualquer brecha para um eventual protesto durante o sorteio. Todos os jornalistas tiveram de se registrar com dias de antecedência, malas foram abertas antes da entrada no edifício e o saguão da Fifa foi fechado à imprensa, obrigada a entrada por uma porta lateral.

As medidas foram tomadas depois que, em julho, um comediante britânico conseguiu entrar em uma entrevista coletiva concedida por Blatter. Antes do evento, ele jogou notas de dinheiro falso sobre o cartola. As imagens rodaram o mundo e, visivelmente abalado, Blatter exigiu mudanças profundas no acesso ao prédio.

Foram os advogados também que recomendaram que o local de reunião da Fifa em dezembro não seja no Japão, como inicialmente programado, sob o risco de ocorrerem novas prisões.

No lugar de cartolas, os assuntos do futebol passaram a ser dominados por um exército de advogados. Timothy Treanor, do escritório Sidley Austin passou a defender membros da Concacaf, enquanto o ex-vice-presidente da Fifa, Jeffrey Webb, recorreu a Edward O'Callaghan, ex-chefe do Combate ao Terrorismo da Unidade de Manhattan do Ministério Público americano.

Já a família de Jack Warner, acusado de receber propinas na escolha das sedes das Copas, contratou o escritório Brafman & Associates, de Nova York, e responsável por conseguir retirar da prisão o ex-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, em um caso de suposto assédio sexual.

O brasileiro José Hawilla foi defendido ainda pelo advogado Lewis Liman, enquanto José Maria Marin montou uma equipe com advogados da Suíça, Brasil e Estados Unidos.

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