Sylvinho deixou o Corinthians com 48% de aproveitamento e 16 vitórias em 48 jogos
Sylvinho deixou o Corinthians sob críticas e um clima muito ruim em 2022. Mais de um ano após a demissão, porém, o treinador argumenta que fez mais do que o combinado com a diretoria.
– Nós terminamos com o Corinthians na quinta posição no Campeonato Brasileiro, entregando uma [vaga na] Libertadores de maneira direta. O Corinthians teve dois treinadores que não tinham aceitado aquele projeto. Eu naquele momento disse 'eu aceito'. Conhecia muito bem a diretoria e o presidente. Falei 'sim, sim, estou indo. Eu estou preparado, já faz dez anos que estou fazendo isso' – afirmou Sylvinho em entrevista ao site Premier League Brasil.
Foi o primeiro trabalho de Sylvinho como treinador. Ele assumiu em maio de 2021, depois de anos como auxiliar de Mano Menezes e Tite, inclusive em anos vitoriosos no próprio Corinthians. O que o ex-lateral viveu em Itaquera pode ser entendido de diferentes maneiras: crítica fundamentada? Perseguição? Para o treinador, o trabalho superou expectativas.
"Ninguém imaginava aquele time na Libertadores"
Sylvinho revela que o planejamento do Corinthians na época era muito mais modesto. "A tendência era: ‘cara, não vamos flertar com o rebaixamento, vamos fazer tudo para não (cair)'. Esse era o trabalho", recorda.
– Ninguém sabia e nem imaginava que aquele time poderia dar Libertadores de forma direta. No primeiro turno, viramos praticamente sem reforços, o time era aquele e terminamos em quinto ou quarto. No segundo turno já com três, quatro reforços – lembra o ex-treinador do Alvinegro.
As críticas vieram sobre trabalho, técnico e jogadores. Willian, que chegou sob grande expectativa, foi um dos principais alvos. Sylvinho lamenta o que o atual jogador do Fulham sofreu.
– Foi uma pena o Willian ter uma lesão ali pelo caminho, um atleta extraordinário de grandíssimo nível. Nós sabíamos da readaptação depois de muitos anos fora do Brasil.
Te surpreende o momento ruim do Corinthians?
"São fases que vão ocorrendo", resumiu o ex-jogador. Ele ressaltou que o clube vive momentos complicados, mas que a sequência do seu trabalho com Vítor Pereira foi positiva.
– Logo depois da nossa saída, o Vitor (Pereira) fez um bom trabalho. Com respeito ao Campeonato Brasileiro (fez) a média. Ele fez quarto lugar, nós fizemos um quinto. Por maior que seja necessidade de colocar uma pressão (por título) no Brasileirão, a vontade é uma coisa, mas o mundo real tem uma diferença enorme. Tem um momento que tu não consegue – desabafou Sylvinho.
– Entendo que teve um caminho positivo na nossa saída e na chegada do Vitor. Nós acrescentamos (à equipe), certeza absoluta. O Vítor acrescentou, certeza absoluta. Depois houve a saída, aí depois dele já não acompanhei.
Em retrospectiva, a diretoria do Corinthians entende que não tinha como manter Sylvinho. A pressão era grande demais. O clima foi piorando a cada resultado, e o treinador caiu após um clássico contra o Santos na Neo Química Arena.
Atualmente Sylvinho treina a seleção da Albânia
O queridinho no Timão
Sylvinho foi um dos responsáveis por dar chance a alguns jovens do Corinthians, como Du Queiroz, que despontou como titular, e Gabriel Pereira - o "queridinho" do treinador. "Ele estava no sub-20, foi um atleta que eu bati o olho e vi que tecnicamente era muito bom. Eu sou suspeito em dizer, porque eu gosto muito de jogador canhoto. Não sei o porquê, mas eu gosto", brincou o ex-lateral... canhoto.
– Ele era um atleta franzino, mas que dentro do campo deslizava, ele tinha saídas, um câmbio de ritmo rápido, com bola bem pegadinha no pé. Depois eu comecei a observar nos jogos a parte defensiva dele, é um atleta que mesmo franzino, que parecia ser delicado na sua estrutura, um atleta pouco viril, ele gastava energia e não tinha problema em se impor em combate, mesmo perdendo em um momento ou outro. pra nós não é um problema, o importante é ir e disputar com o adversário e ele não era medroso - revelou o técnico, que virou fã de Gabriel Pereira.
– Quando eu vi a resposta (dos treinamentos), ele jogando, eu fiquei muito feliz. É um atleta que até hoje eu acompanho. Está no New York City, é um atleta que eu vejo muito potencial e fico feliz que ele está jogando em níveis ainda mais altos.
Propostas do Brasil
Sylvinho revelou que teve oportunidade de ficar no Brasileirão, mas esperou a "poeira baixar" e decidiu voltar à Europa com a família.
– Tinha, sim, uma ou outra oportunidade em clubes, mas entendi que não poderia ocorrer, tecnicamente ficou muito claro. Vendo todo esse cenário (da saída) houve sim uma procura no mercado brasileiro pelo trabalho feito, mas estava muito recente a situação do Corinthians. E eu tinha voltado imediatamente pro Porto, onde minha esposa estava vivendo com meu filho. Respirei e falei: 'calma, Sylvio' – expôs o ex-técnico do Timão.