Quarenta anos depois do primeiro troféu sul-americano vencido pelo Cruzeiro, Jairzinho, recentemente homenageado pela diretoria celeste, comentou o peso do feito que, até então, somente o Santos de Pelé havia alcançado entre os brasileiros.
“O atleta traça um cronograma de vida e sabe que só será reconhecido ganhando títulos. Assim comecei desde minha idade de juvenil até a maioridade. Vim para ser campeão mineiro e da Copa Libertadores. Um ponto importante é que éramos mais amigos fora que dentro de campo. Nos preocupávamos uns com os outros para fortalecer o bom relacionamento. Isso nos deu facilidade de praticar o futebol. Era difícil ver no time do Cruzeiro dessa época um jogador em defasagem e também era difícil de saber quem era o melhor. Todos nós tivemos o mesmo objetivo de levar o Cruzeiro a ser campeão da Copa Libertadores”, disse.
Mas a humildade toma conta do Furacão da Copa de 1970, que fez questão de destacar a participação do contundido Dirceu Lopes como peça-chave para motivar o grupo.
“Uma fatalidade o retirou, mas o Dirceu sempre esteve do nosso lado. Ele, de fato, me ajudou muito a conviver muito com essa família”.
No mesmo tom, Dirceu valorizou a amizade com Jarzinho. Para ele, o ex-ponta-direita teve participação determinante tanto dentro quanto fora de campo para consolidar o Cruzeiro como grande força continental.
“O futebol me proporcionou momentos inesquecíveis. O Jair é um dos maiores tesouros que o futebol me trouxe. Por dois anos ele honrou a família cruzeirense. Veio para me substituir na Copa Libertadores de 1976 e foi tão bem ou até melhor do que eu para ganhar esse título para o Cruzeiro”.
Homenagem a Batata
No dia 20 de maio de 1976, uma semana depois do falecimento do atacante Roberto Batata num trágico acidente automobilístico no km 182 da Rodovia Fernão Dias, em Oliveira, a 150 quilômetros de Belo Horizonte, o Cruzeiro enfrentou o Alianza Lima, do Peru, no Mineirão. Coincidentemente, o time marcou sete gols (7 a 1), lembrando a camisa número 7 utilizada por Batata. Responsável por quatro tentos na partida, Jairzinho lembrou a tristeza pela morte do ex-companheiro.
“Pedi ao Dirceu e ao Nelinho para não deixarem ele pegar o carro, mas ele foi, pegou o carro e teve o acidente fatal. Isso machucou todos nós. Eu dava muita força pra ele, que era cotado para jogar na Seleção. Todos nós ficamos sensibilizados”.
Além da Copa Libertadores, Jairzinho fez parte do grupo que levantou o troféu do Campeonato Mineiro de 1975 (a fase final foi disputada no começo de 1976). Ao todo, ele disputou 51 partidas pela Raposa e marcou 30 gols.
Jairzinho na Copa Libertadores
Jogos: 12
Gols: 12
Cruzeiro 5x4 Internacional - Mineirão - 07/03/1976 (fase de grupos)
Sportivo Luqueño/PAR 1x3 Cruzeiro - 14/03/1976 (fase de grupos) - 1
Olimpia/PAR 2x2 Cruzeiro - 18/03/1976 (fase de grupos) - 1
Cruzeiro 4x1 Sportivo Luqueño/PAR - 24/03/1976 (fase de grupos) 1
Internacional 0x2 Cruzeiro - 28/03/1976 (fase de grupos) - 1
Cruzeiro 4x1 Olimpia/PAR - Mineirão - 04/04/1976 (fase de grupos) - 2
LDU/EQU 1x3 Cruzeiro - Atahualpa - 09/05/1976 (segunda fase)
Alianza Lima/PER 0x4 Cruzeiro - 12/05/1976 (segunda fase) - 1
Cruzeiro 7x1 Alianza Lima/PER - Mineirão - 20/05/1976 (segunda fase) - 4
Cruzeiro 4x1 LDU/EQU - Mineirão - 30/05/1976 (segunda fase) - 1
Cruzeiro 4x1 River Plate/ARG - Mineirão - 21/07/1976 (final)
River Plate/ARG 2x1 Cruzeiro - Monumental de Núñez - 28/07/1976