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Vices do Cruzeiro rebatem Sérgio Rodrigues após divulgação de manifesto contrário à mudança de estatuto; Gilvan se cala

José Francisco Lemos e Bruno Vicintin comentaram falas de superintendente

postado em 20/03/2017 20:00 / atualizado em 21/03/2017 09:51

Montagem com fotos de EM/D.A. Press

Divulgado pelo advogado Sérgio Santos Rodrigues, conselheiro nato e superintendente de futebol do Cruzeiro, o manifesto contrário à mudança estatutária no clube repercutiu entre integrantes da diretoria celeste. O vice-presidente José Francisco Lemos Filho e o vice-presidente de futebol Bruno Vicintin rebateram o dirigente em pontos distintos. Enquanto o primeiro se posicionou a respeito do estatuto, o segundo retificou uma declaração dada por Rodrigues sobre a decisão de tornar as normas das eleições mais rígidas em 2011.

Em entrevista ao Superesportes, José Francisco Lemos defendeu a flexibilidade para que uma pessoa ligada ao clube se candidate à presidência. Ele lembrou o ocorrido na década de 1990, quando o tempo de mandato foi alterado de dois para três anos e beneficiou o ex-presidente Zezé Perrella, presidente do Cruzeiro de 1995 a 2002.

“As mudanças sempre aconteceram no Cruzeiro. Quando fui vice-presidente do Zezé Perrella, mudamos o estatuto e nos beneficiamos disso. O estatuto previa mandato da presidência por dois anos e uma reeleição. Ou seja, quatro anos no total. Mudamos para três anos de mandato e uma reeleição, totalizando seis anos. Isso aconteceu e foi bom para o clube, o conselho aprovou. Ninguém saiu reclamando. Pelo contrário, melhoramos a administração”.

Por isso, Lemos se mostra disposto a convencer os colegas de conselho a abrirem espaço para novos nomes. O argumento do primeiro vice-presidente de Gilvan de Pinho Tavares é que a alteração nas regras deixa o processo eleitoral mais democrático e não fere nenhum direito de conselheiros natos e beneméritos – até aqui os que têm direito a voto e a ser votados.

“A mudança que está para ser proposta não cassa os direitos de ninguém e também não é dirigida contra ninguém. Apenas aumentarão as possibilidades de conselheiros que estão há anos no clube, que amam o clube e merecem uma oportunidade de concorrer à presidência”.

Conselheiro benemérito – foi presidente do Cruzeiro em 1954 –, José Francisco Lemos, de 87 anos, admite ter votado a favor de um estatuto mais rígido em 2011, ano do primeiro mandato de Gilvan de Pinho Tavares, mas agora reforça o apelo pela transição. “Seis anos atrás foi uma coisa. Hoje é outra. Como lá atrás, quando o Perrella foi presidente, optamos também pela mudança para mantê-lo na presidência por mais tempo. As coisas mudam, daqui seis anos talvez eu pense de forma diferente”.

Anualidade eleitoral

No manifesto elaborado pelo grupo de conselheiros é citado o “Princípio da Anualidade Eleitoral”, criado em 1993 para garantir segurança jurídica nas eleições no Brasil. Segundo o artigo 16 da Constituição Federal, “a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. José Francisco Lemos Filho compreende a posição de Sérgio Santos Rodrigues, mas afirma que não existe obrigatoriedade do cumprimento dessa regra no Cruzeiro.

“Outros juristas pensam de forma diferente deles. Eles têm essa visão (de que a mudança não pode interferir na próxima eleição), mas tem outros grandes expoentes que não pensam assim. As coisas vão evoluindo e vão mudando, é preciso mudar, é preciso estar ao lado da modernidade. O Cruzeiro é um clube de vanguarda e não pode ficar no passado. Sou a favor e vou votar pela mudança do estatuto”.

Bruno Vicintin

Sidney Lopes/Estado de Minas - 05/08/2003
Já o vice-presidente de futebol Bruno Vicintin negou ter participado da assembleia que mudou trechos do estatuto em 2011, conforme citado por Sérgio Rodrigues.

“Não procede a informação de que votei pela mudança do estatuto em 2011. Na oportunidade, não estive presente porque não recebi a convocação para a assembleia do Conselho que deliberou sobre a reformulação do estatuto devido a um erro no envio de e-mail com o aviso sobre a reunião. Caso tivesse ido, teria votado contra, pois minha opinião sempre foi essa. Quero apenas retificar essa informação”.

Sobre o manifesto, ele preferiu não polemizar. “Vivemos em um país democrático e respeitamos todas as opiniões”.

Vicintin, de 39 anos, é associado conselheiro e só pode se candidatar à presidência do Cruzeiro caso o estatuto seja alterado. Em várias entrevistas, o empresário dos ramos de metalurgia e pecuária já ressaltou o desejo de, um dia, assumir o cargo mais elevado na Raposa.

Gilvan se cala

Na tarde desta segunda-feira, a reportagem do Superesportes tentou contato com o presidente Gilvan de Pinho Tavares para comentar o assunto. Ele, no entanto, não atendeu as ligações e nem tampouco respondeu as mensagens. Gilvan só se pronunciou por meio da assessoria de comunicação do Cruzeiro e disse que “por enquanto não dará nenhuma declaração” acerca do tema.

O manifesto

O manifesto divulgado por Sérgio Santos Rodrigues defende a imposição de vários requisitos para a candidatura à presidência do Cruzeiro e a necessidade de uma instituição ser regida de maneira “sólida e não suscetível a mudanças casuísticas”. O documento é assinado também pelos conselheiros Antônio de Pádua Oliveira, Antônio Sérvulo dos Santos, Décio Freire,  Édson Potsch Magalhães Neto, Giovanni José Pereira, Igor Campos de Oliveira Pires, João Carlos Gontijo Amorim, Joaquim Herculano Rodrigues, José Eustáquio Lucas Pereira, Luciano Santos Lopes, Luiz Audebert Delage Filho, Mauro Soares de Freitas, Nelson Missias de Morais, Osmando Almeida, Sérgio Murilo Braga e Wanderley Salgado de Paiva.

Sérgio Santos Rodrigues já deixou claro que apoiará o senador da República Zezé Perrella, que já confirmou a candidatura e o desejo de voltar ao clube que presidiu entre 1995 e 2002 e de 2009 a 2011. “Dentro do clube, o meu posicionamento é esse, todos sabem. Inclusive o doutor Gilvan. Nunca escondi que eu apoiaria o Perrella. Foi ele que me levou ao Cruzeiro, temos uma amizade de família, sou advogado do Zezé, e eu o considero ideal para comandar o Cruzeiro novamente. O meu apoio ao Zezé decorre de acreditar em coisas que nós conversamos, de projetos que ele tem e eu aprovo totalmente, como programar política de metas, fazer planejamento estratégico, modernizar a gestão e adotar métodos empresariais dentro do Cruzeiro”.

Qual o peso de cada voto?

De acordo com o artigo 7 do estatuto do Cruzeiro Esporte Clube, existem pesos que qualificam os votos dos integrantes da assembleia geral. Veja:

  • Conselheiro benemérito (ex-presidentes e ex-presidentes do conselho deliberativo): seis por um.
  • Conselheiro nato: cinco por um;
  • Conselheiro: quatro por um;
  • Suplente do conselheiro: dois por um;
  • Associado: um por um;

Segundo o estatuto, o Cruzeiro dispõe atualmente de 14 conselheiros beneméritos, 280 conselheiros natos, 220 associados conselheiros e 110 conselheiros suplentes. A lista completa de nomes pode ser visualizada no site oficial do clube.

O inciso I do artigo 26 explica que “o cargo de presidente e vice-presidente do Cruzeiro Esporte Clube é privativo de associado integrante do quadro de conselheiro benemérito ou nato com no mínimo 3 (três) mandatos completos e ininterruptos como conselheiro”.

Se um associado conselheiro (como é o caso de Bruno Vicintin) quiser se tornar nato para disputar a presidência do Cruzeiro, ele precisa ter três mandatos completos ou cinco alternados, além de aguardar por vacância no quadro de conselheiros natos da agremiação.

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