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Diretor financeiro fala sobre possível saída do Cruzeiro, ações na Fifa, pagamento de salários e dinheiro para investimentos

José Ramos colocou cargo à disposição do presidente eleito Wagner Pires

postado em 23/11/2017 22:30 / atualizado em 24/11/2017 10:46

Marcos Vieira/EM D.A Press
Com problemas políticos e de caixa, o Cruzeiro tenta organizar a casa para tocar o planejamento visando à temporada 2018, quando disputará a Copa Libertadores. Uma das mudanças será no departamento financeiro: o atual diretor José Ramos de Araújo dará lugar a Divino Alves de Lima, executivo do Banco BMG. A decisão partiu do presidente eleito Wagner Pires de Sá.

Ao Superesportes, Wagner confirmou a mudança. "O Divino Alves será o principal executivo de toda a área financeira que será totalmente reformulada. O José Ramos será realocado com maior aproveitamento dentro de seus excelentes ramos de conhecimento. Vou reformular toda a administração do Cruzeiro. Torná-lo mais profissional".

A reportagem procurou José Ramos de Araújo para comentar a possibilidade de saída do cargo. O diretor afirmou que não teve contato recente com Wagner Pires, porém, ainda à época da eleição presidencial (em 2 de outubro), já havia colocado seu cargo à disposição.

“O Wagner não falou nada comigo a respeito disso. Mas quando houve a eleição, tivemos a oportunidade de conversar. Ele disse que contaria comigo na administração, mas eu falei que se tivesse alguém da confiança dele, não haveria problema em mudar. Às vezes ele já tinha alguém em mente para exercer a função”.

Advogado tributarista e auditor fiscal aposentado, José Ramos de Araújo, de 76 anos, teve a primeira passagem como diretor financeiro do Cruzeiro em 1999, quando existia uma parceira com a extinta empresa norte-americana Hicks, Muse, Tate & Furst. À época, Zezé Perrella era o presidente. Ramos de Araújo também trabalhou nas gestões de Alvimar de Oliveira Costa e de Gilvan de Pinho Tavares. Ele falou sobre outros temas em conversa com a reportagem.

Salários em dia

José Ramos confirmou que o Cruzeiro já recebeu o dinheiro referente à venda de 25% dos direitos econômicos do lateral-esquerdo Diogo Barbosa ao Palmeiras. Na moeda nacional, a quantia foi de aproximadamente R$ 5 milhões. Segundo o diretor, essa operação ajudou a colocar todos os salários em dia. “Não há nada em atraso. Tudo está regularmente quitado”.

A folha salarial do Cruzeiro é de cerca de R$ 9 milhões. Isso, claro, contando todos os jogadores vinculados ao clube, inclusive os que estão emprestados a outras equipes. Do elenco atual, o gasto mensal é de R$ 7,5 milhões – quantia inferior aos R$ 13 milhões divulgados pela gestão que assumirá o clube em 2018.

Ações na Fifa

O Cruzeiro lida com vários processos na Fifa em função de atrasos no pagamento de direitos econômicos de vários jogadores, casos do meia Arrascaeta e do atacante Rafael Sobis. O dinheiro cobrado por clubes do exterior chega a R$ 50 milhões. Segundo José Ramos de Araújo, problemas de “fluxo de caixa” fizeram com que outras obrigações recebessem prioridade de resolução. O diretor ainda citou a queda de arrecadação com bilheteria e no programa Sócio do Futebol como razão para os imbróglios financeiros.

“Houve uma queda significativa no programa Sócio do Futebol. O Cruzeiro perdeu muitos sócios (de 78 mil, em 2016, para 63 mil, em 2017). E há um problema judicial envolvendo a Minas Arena. Todos os jogos do Cruzeiro como mandante, seja no Mineirão ou no Independência, 25% da renda bruta com bilheteria é depositada numa conta judicial”. 

Ramon Lisboa/EM D.A Press

Para o executivo, os bens intangíveis do Cruzeiro – propriedade de direitos econômicos de jogadores – garantem tranquilidade à diretoria que assumirá o comando a partir de 2018.

“O pessoal está se baseando pelo balanço do ano passado ao comentar a situação financeira do Cruzeiro. A atual é mais confortável. Quando o Gilvan assumiu a direção, em 2012, só havia o Montillo como jogador diferenciado. O time estava todo desmontado. Com muito sacrifício, o Gilvan montou o time, foi bicampeão brasileiro e fez muitas contratações. O elenco atual é muito valorizado, foi campeão da Copa do Brasil. O Gilvan está sendo criticado injustamente. Numa eventual necessidade, qualquer jogador dará ao Cruzeiro um bom retorno financeiro”.

Dinheiro para investimentos

Como o ano de 2017 ainda não terminou, o caixa do Cruzeiro ainda precisa ser fechado – as atualizações de receitas e despesas é feita em balanço a cada três meses. Uma coisa, entretanto, é certa: os recursos para compra de direitos econômicos estão praticamente zerados, segundo José Ramos de Araújo. A nova gestão, portanto, terá de buscar alternativas de negociação, como atletas que estão em fim de contrato nos clubes ou parcelar os pagamentos se houver necessidade de aquisição.

Conselhos a sucessor

José Ramos de Araújo chefia uma equipe que conta com 23 funcionários. Além do departamento financeiro, há os setores de contabilidade, fiscal e de contratos. Juntos, ocupam um andar inteiro na sede administrativa da Rua dos Timbiras, no Barro Preto.

Caso saia mesmo do Cruzeiro, o gestor deixará recomendações ao sucessor. “Vou avisar ao diretor financeiro que assumir que quando as coisas apertam, caem no colo do diretor financeiro. É preciso ter mais responsabilidade. Você tem que ter uma controladoria, um planejamento orçamentário. O Cruzeiro é uma empresa com cinco unidades (Toca da Raposa I, Toca da Raposa II, Sede Campestre da Pampulha, Parque Esportivo do Barro Preto e Sede Administrativa). São muitas coisas a serem cuidadas e fiscalizadas”.

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