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Mano critica rotulação a times menos tradicionais na Libertadores: 'Falta informação'

Técnico questionou modo como Deportivo Lara foi analisado pela opinião pública antes de jogo contra o Cruzeiro na competição continental

postado em 30/03/2019 09:00 / atualizado em 30/03/2019 15:44

<i>(Foto: JUAN MABROMATA/AFP)</i>
Por ter sido expulso nos minutos finais da vitória por 1 a 0 sobre o Huracán, na Argentina, Mano Menezes não pôde comandar o Cruzeiro à beira do gramado no jogo contra o Deportivo Lara, na quarta-feira, pela segunda rodada do Grupo B da Copa Libertadores. Sob as orientações do auxiliar técnico Sidnei Lobo, o time celeste fez 1 a 0 aos 7 minutos do primeiro tempo, com o armador Rodriguinho, e só foi ampliar o placar para 2 a 0 aos 50 minutos da etapa final, em chute colocado do volante Jadson. No intervalo entre o primeiro e o segundo gols, a Raposa lidou com dificuldades para superar a forte marcação dos venezuelanos e chegou até mesmo a levar pressão no campo de defesa. Num dos ataques do Lara, Fábio se esticou bem  no canto direito e espalmou a bola batida por Yriarte. Em outro lance, precisou sair de carrinho após aproximação do meia Centeno na pequena área.

Em razão da suspensão na quarta, Mano só falou sobre a partida com a imprensa dois dias depois. Em entrevista nessa sexta-feira ao programa Arena 98, da Rádio 98 FM, o técnico cruzeirense criticou a forma como o Deportivo Lara foi previamente avaliado pela opinião pública. “Tem a ver com a preparação do jogo e a maneira como você prepara uma partida de futebol. Se antes do jogo fosse dito que poderia haver a possibilidade de o Deportivo Lara jogar bem, que não é um time tão ruim como todo mundo falou, que se não vendesse a imagem de que eles chegariam apoiados em duas bengalas, fracos e desnutridos por causa da situação na Venezuela, talvez o entendimento de futebol seria mais de acordo com o que está acontecendo hoje”.

De acordo com Mano Menezes, muitas pessoas ainda têm o pensamento de que na Copa Libertadores as equipes do Brasil são obrigadas a ganhar de goleada dos times da Venezuela, pois os mesmos jamais chegaram à decisão da competição e têm histórico de eliminações na fase de grupos (como ocorreu com o Lara nas edições de 2013 e 2018). Para discordar de tal tese e exemplificar a evolução do futebol no país vizinho, o treinador cruzeirense citou a campanha da Seleção Venezuelana no Mundial Sub-20 de 2017 (vice-campeã após perder para a Inglaterra por 1 a 0 na decisão) e o amistoso vencido pela vinotinto contra a Argentina por 3 a 1, no último dia 22, no Estádio Wanda Metropolitano, em Madri.

“As pessoas às vezes não são informadas de que há duas semanas a Venezuela ganhou de 3 a 1 da Argentina com Messi e tudo. Que nos dois últimos Sul-Americanos (sub-20) a Venezuela ficou à frente do Brasil. E que recentemente foi vice-campeã mundial. Então a gente confunde um pouco isso, falta informação e a gente fica esperando que o Brasil massacre como fazia antigamente. Realmente há alguns anos os jogos contra os venezuelanos era 5 a 0, 6 a 0, a Seleção Brasileira atropelava, os clubes também. Mas não é mais tão assim”.

<i>(Foto: AFP/DOUGLAS MAGNO)</i>

O técnico comentou ainda que a vitória celeste por goleada nas quartas de final do Campeonato Mineiro gerou expectativa em parte da torcida por novo placar elástico na Libertadores. “Isso somado à atuação do Cruzeiro contra o Patrocinense, com um 5 a 0 de muito futebol, cria a expectativa de que você pode ganhar de todo mundo da mesma maneira. Vamos assumir a nossa parte, sempre procuro assumir a parte que nos toca, não foi brilhante. Mas fez um jogo seguro de Libertadores. Fez 1 a 0 muito cedo, talvez pode ter transmitido aos jogadores do nosso time que as facilidades poderiam ser maiores, mas não foram. A gente soube conviver dentro do jogo com essas dificuldades que talvez passaram um pouquinho do ponto esperado de modo geral”.

Mano reconheceu que o Cruzeiro poderia ter atuado melhor contra o Deportivo Lara, mas procurou compreender o mérito do adversário e se deu por satisfeito com a vantagem que manteve a liderança do Grupo B, com seis pontos - quatro a mais que o Emelec, do Equador, adversário de quarta-feira, às 21h30, no Estádio George Capwell, em Guayaquil.

“Depois do jogo a gente sempre busca dados da partida e faz análise juntamente com os jogadores. Cabe a nós entender o porquê nós encontramos dificuldades em questões táticas de jogo. Eles se posicionaram bem, a gente insistiu de algumas maneiras, sempre teve um bom espaço para criar jogadas quando a bola chegou do meio da frente, mas tivemos dificuldades de início de construção de jogadas. Poderíamos ter feito melhor? Claro que poderíamos ter feito melhor. Mas talvez até não fizemos porque o adversário cresceu. Mas quero deixar bem claro que foi longe de me aborrecer. Já tenho experiência na Copa Libertadores e sei que as coisas são assim. Independentemente da classificação daquele no ranking sul-americano, lá estarão os melhores jogadores daquele país. O Deportivo Lara foi segundo colocado, o Zamora o primeiro, então lá estarão os principais jogadores do país e são eles que enfrentaremos”.

Coincidentemente, o técnico do Deportivo Lara, Leonardo González, tem o mesmo tempo de trabalho no clube que Mano Menezes no Cruzeiro. Ambos iniciaram suas respectivas trajetórias à frente dos elencos em julho de 2016 (no caso de Mano, é a segunda passagem pela Toca da Raposa 2). Por causa do calendário apertado no Brasil, com média de mais de 70 partidas por ano, o time celeste disputou 191 jogos nesse intervalo, enquanto o Lara fez 130. 

Dos times do Grupo B da Copa Libertadores, apenas o Cruzeiro foi campeão, em 1976 e 1997, e vice, em 1977 e 2009. Em 160 partidas pelo torneio, o clube contabiliza 92 vitórias, 30 empates e 38 derrotas, com 299 gols marcados e 156 sofridos. O Emelec até participou mais vezes da Libertadores que os mineiros (28 a 17), porém alcançou as semifinais apenas uma vez, em 1995. O Huracán, que está em sua quarta edição na competição, chegou ao triangular semifinal em 1974. O Deportivo Lara, conforme já explicado, nunca passou da fase de grupos.

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