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Empresário de David e Éderson explica oferta de R$ 10 milhões ao Cruzeiro e espera acordo para saídas de jogadores

Por liberações de atletas, André Cury está disposto a abater recebíveis do clube: 'Se o Cruzeiro tem um dono, esse dono teria aceitado a oferta'

postado em 11/01/2020 15:30 / atualizado em 11/01/2020 19:10

(Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press)
O volante Éderson e o atacante David entraram com ações na Justiça contra o Cruzeiro, porém os casos ainda podem ser contornados para acordos amigáveis. Na reunião desta sexta-feira, na Toca da Raposa II, o empresário dos jogadores, André Cury, propôs à diretoria o abatimento de mais de R$ 10 milhões em créditos que tem a receber do clube. Ele detalhou as duas situações em contato com o Superesportes na tarde deste sábado.

“A conta é simples: o Cruzeiro tem uma dívida comigo de mais de R$ 12 milhões. Estou propondo a compra do David por R$ 6 milhões e do Éderson por R$ 4 milhões. Se o clube não aceitar, a dívida de R$ 12 milhões persiste, além das ações do David, de R$ 8,5 milhões, e do Éderson, de R$ 5 milhões. Somando tudo, essa dívida pode chegar de R$ 25 a 30 milhões”.

Assim, dos R$ 12 milhões devidos pelo Cruzeiro a André Cury, R$ 6 milhões seriam ‘perdoados’ na saída de David e R$ 4 milhões no negócio por Éderson. “Se o Cruzeiro tem um dono, esse dono teria aceitado a oferta. Como o clube não tem dono, dirigente quer fazer bonito para a torcida e acaba tomando decisões erradas”, opinou o empresário, que acredita em decisões judiciais favoráveis aos atletas.

“A proposta do David é a seguinte: há uma compensação de R$ 1,2 milhão que o Cruzeiro deve para o David e de R$ 5 milhões de uma dívida comigo. O Cruzeiro tem que entender que o jogador está livre. A Justiça vai decidir favoravelmente ao jogador. Mesmo assim, nós fomos até ao Cruzeiro e oferecemos mais de R$ 6 milhões pela liberação. E se o Cruzeiro perde na Justiça, certamente os outros clubes, Vitória e Coimbra, vão questionar. No caso do Éderson, o Cruzeiro só fez o pagamento depois que o jogador procurou a Justiça. E o clube não pagou tudo. Não chega nem perto do que está no processo. Daqui a um mês, quando o clube perder a ação, esse valor servirá apenas para diminuir a dívida do restante do contrato”.

André Cury ressaltou que não orientou seus clientes a processarem o clube. “Eu não obrigo nenhum jogador a entrar na Justiça contra o clube. Se há o processo, é porque eles estão incomodados. E eu, como representante, tenho que atendê-los, senão eles procuram outro empresário. Tanto que trabalhamos com outros atletas no Cruzeiro, como Sassá, Maurício e Zé Eduardo (emprestado ao Villa Nova), e nenhum deles se manifestou até o momento sobre entrar na Justiça. O Sassá não recebe há seis meses, mas não nos procurou para sair do Cruzeiro. O patrão do empresário é o jogador, que tem todo o direito de escolher o caminho que bem entender”.

Um dos motivos que fizeram Éderson a buscar os direitos na Justiça foi as dificuldades encontradas para quitar um apartamento adquirido em Belo Horizonte. O jogador, segundo André Cury, correu o risco de ter o imóvel penhorado. “O Éderson não quer mais jogar no Cruzeiro. Ele tem salário de R$ 50 mil, e estava sem receber nada há vários meses. Ficou endividado, a imobiliária queria tomar o apartamento dele”.

(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)

Em meio à bola de neve de dívidas, Cury considerou incoerente a operação do Cruzeiro para comprar 50% dos direitos econômicos lateral-direito Orejuela ao Ajax, da Holanda. “Imagine a cabeça dos jogadores vendo o Pedrinho (Pedro Lourenço), que era o gestor de futebol, pegando 7 milhões de reais e comprando o Orejuela à vista? Com direito a luva de R$ 1 milhão e salário de R$ 300 mil. E o jogador está lá, há 4 meses sem receber, com a casa penhorada. São coisas totalmente incoerentes”.

Por fim, o empresário declarou que continua aberto para dialogar com a diretoria do Cruzeiro, principalmente pela boa relação construída no clube em 25 anos de agenciamento esportivo. “Ninguém quer tomar dinheiro do Cruzeiro. O clube só precisa entender que os atletas estão insatisfeitos por não receberem salários e querem sair. Já apresentamos as condições deles, agora está na mão da diretoria”.

Em conversa com a imprensa nessa sexta-feira, o diretor de futebol do Cruzeiro, Ocimar Bolicenho, ressaltou que o núcleo gestor vislumbrava uma liquidez com as saídas de David e Éderson, e não apenas a desobrigação do pagamento de dívidas. Neste sábado, o Superesportes tentou contato com o dirigente, que não atendeu aos telefonemas.

David, de 24 anos, foi contratado pelo Cruzeiro ao Vitória em janeiro de 2018, por R$ 10 milhões. Na ocasião, o banco BMG auxiliou na compra de 70% dos direitos econômicos (divididos em partes iguais de 35% entre o clube celeste e o Coimbra). Foram raros os bons momentos do atacante, que marcou apenas quatro gols em 72 jogos. Apesar das críticas de torcedores, ele arrancava elogios de quem o comandava. Tanto que foi frequentemente escalado por Mano Menezes, Rogério Ceni e Abel Braga.

Já Éderson, de 20 anos, tem 60% dos direitos econômicos ligados ao Cruzeiro. Adquirido ao Desportivo Brasil, de São Paulo, por R$ 1,25 milhão (parte do valor ainda não foi pago), o volante foi um dos poucos destaques na participação desastrosa do time celeste no Campeonato Brasileiro - rebaixado à Série B em 17º lugar, com 36 pontos em 38 rodadas. Em 21 jogos na competição, ele marcou dois gols.

Além de Éderson e David, o Cruzeiro foi processado pelo zagueiro Fabrício Bruno (R$ 3,5 milhões) e o meia Thiago Neves (R$ 16 milhões). Os jogadores requerem pagamentos de salários atrasados, 1/3 de férias, 13º e FGTS, além de multas rescisórias e remunerações até o encerramento de seus respectivos contratos. Deixaram o clube sem envolvimento judicial os laterais-esquerdos Dodô e Egídio, os volantes Henrique e Jadson, o meia Marquinhos Gabriel e os atacantes Pedro Rocha, Joel e Ezequiel.

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