Zagueiro Leo foi um dos que aceitaram redução salarial para ficar no clube (Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)
O Cruzeiro dá sequência à montagem do elenco que iniciará a temporada diante do Boa, dia 22 de janeiro (quarta-feira), às 21h30, no Mineirão, pela primeira rodada do Campeonato Mineiro. Assolado pela dívida total de R$ 800 milhões, consequência da má gestão do ex-presidente Wagner Pires de Sá, o clube tenta enxugar ao máximo seus gastos para conseguir acertar ao menos parte dos salários pendentes, caminhar com recursos próprios durante o ano e atender às necessidades apontadas pelo técnico Adilson Batista.
Os últimos dias foram de constantes reuniões entre dirigentes, empresários e jogadores. Na sexta-feira, o zagueiro Leo solicitou à assessoria de comunicação do Cruzeiro uma entrevista para anunciar a permanência no clube. Entre várias respostas, manifestou a gratidão pela instituição que defende desde agosto de 2010. “Por respeito, identificação e por gostar do clube, decidi ficar e fazer parte dessa reconstrução”.
Outros jogadores acertaram a readequação salarial e têm presença garantida no grupo em 2020. Nesse sábado, o diretor de futebol Ocimar Bolicenho esteve em Curitiba, onde se encontrou com o estafe de Robinho. Em recuperação de cirurgia no joelho esquerdo, o meia ficará no Cruzeiro. Assim como o lateral-direito Edilson, que até vislumbrou retorno ao Grêmio, porém concordou em seguir em Belo Horizonte ganhando menos. O zagueiro Manoel e o volante Ariel Cabral também ficam no clube em 2020. Inclusive, o argentino deixou claro o desejo de ampliar o vínculo para 2021.
Entre os que estão em fase de conversas, o goleiro Fábio é quem mais se aproxima da permanência na Toca. Conforme apurou a reportagem, ele aceitou receber menos da metade do salário anterior. Por se tratar de um ídolo, o Conselho Gestor deve aceitar o acordo. O atacante Fred propôs redução à diretoria, porém com cifras ainda acima das condições, tornando difícil a continuidade. No caso do goleiro Rafael, a remuneração não seria o empecilho, e sim o desejo de ter sequência em campo. Já Rodriguinho, em contato preliminar, mostrou-se pouco propenso a baixar os salários, deixando aberta uma contraproposta.
O estafe do lateral-esquerdo Marcelo Hermes ainda não conversou com o Cruzeiro, mas como os vencimentos do jogador estão próximos do valor de R$ 150 mil, definido como referência pelo Conselho Gestor, as chances de entendimento são boas. O atacante Sassá, também à espera de um diálogo com a direção, pode ser emprestado ou até mesmo vendido, já que é relativamente jovem (26 anos) e detém bom potencial no mercado. O empresário André Cury é quem busca propostas. Segundo Zé Elias, comentarista do canal ESPN, o Coritiba tem interesse no camisa 99 celeste - informação confirmada pelo Superesportes.
O zagueiro Dedé já teve duas reuniões com a diretoria do Cruzeiro. Acompanhado de seus empresários, Ubiraci Cardoso e Giuliano Aranda, ele compreendeu o momento financeiro delicado do clube, porém ressaltou a impossibilidade de reduzir os salários em função dos compromissos já firmados. Ainda assim, conforme o seu estafe, o jogador nunca cogitou acionar a Justiça. A saída apresentada ao defensor foi uma negociação definitiva ou empréstimo no qual o Cruzeiro pague parte da remuneração, com limite máximo de R$ 150 mil. Inicialmente, os agentes tentam colocá-lo no exterior, com clubes brasileiros, como o Vasco, correndo por fora.
O lateral-direito Orejuela teve 50% dos direitos econômicos adquiridos pelo Cruzeiro com o auxílio do empresário Pedro Lourenço, ex-vice-presidente de futebol. Ele pagou R$ 6 milhões ao Ajax, da Holanda, além de R$ 1 milhão de luvas ao camisa 28, que receberá R$ 300 mil mensais. Nos próximos dias, a diretoria deve fechar o empréstimo do colombiano. O Flamengo é o principal interessado, já que cedeu Rodinei ao Internacional e tem apenas o jovem João Lucas, de 21 anos, como alternativa a Rafinha.
O restante do grupo do Cruzeiro é formado por jogadores jovens, que se encaixam nos padrões salariais estabelecidos pela diretoria: os goleiros Vitor Eudes e Vinícius; o lateral-direito Weverton; os zagueiros Cacá, Arthur e Edu; o lateral-esquerdo Rafael Santos; o volante Adriano; o meia Maurício; e os atacantes Welinton, Vinícius Popó e Judivan. Após a participação do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior, o meia Marco Antônio e o atacante Caio Rosa devem ser promovidos.
No quesito reforços, há espaço para cinco contratações de imediato. Duas estão engatilhadas: o zagueiro Ramon, ex-Vitória (já treina no clube), e o meia Everton Felipe, do São Paulo. No mercado, o Cruzeiro deve priorizar os setores de meio-campo (preferencialmente um volante) e ataque - caso se confirmem as saídas de Sassá e Fred. Com as mudanças, a folha girará em torno de R$ 4 milhões. A promessa é de pagamento em dia em 2020, de modo que os meses em atraso sejam quitados paulatinamente, à medida em que o clube obtiver receitas extraordinárias.
Jovens jogadores se encaixam dentro da realidade financeira do Cruzeiro (Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)
