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MAJOR LEAGUE SOCCER

Estrelada e com melhor média de público que Brasileirão, MLS cresce a cada temporada

Criada em 1996, liga de futebol dos EUA vive momento de ascensão

postado em 12/08/2018 07:00 / atualizado em 11/08/2018 16:10

FREDERIC J. BROWN/AFP

Aquele antigo clichê de que os norte-americanos não gostam de futebol já faz parte do passado há algum tempo. O esporte bretão, já tradicional nos demais países da América, se expande cada vez mais na Terra do Tio Sam em valores surreais com o sucesso da Major League Soccer (MLS), criada em 1996. Duas décadas depois, os clubes conseguem se enriquecer, arrecadar com bilheteria e ser competitivos no mercado até mesmo com gigantes do Velho Continente.

Um exemplo é o Atlanta United, que joga a Conferência Leste da MLS. No início do ano, o clube superou a concorrência do Atlético de Madrid e do Monaco e contratou o jovem argentino Ezequiel Barco, de 19 anos, campeão da Copa Sul-Americana pelo Independiente. Em 2016, o uruguaio Lodeiro já havia trocado o tradicional Boca Juniors pelo Seattle Sounders, preterindo equipes do segundo escalão da Europa. Com passagens pela Seleção Italiana, o atacante Giovinco (ex-Juventus), de 31 anos, é outro que optou por jogar na MLS – há três anos, ele é atleta do Toronto.

Desta forma, a liga local gradativamente muda de perfil: em vez de apostar em craques em fim de carreira, os times começam a investir em jovens valores. “Antes, a liga americana começou a procura por atletas experientes, o que a ajudou ser popularizada na mídia. O público já era fantástico. Mas, agora, os clubes estão sendo competitivos no mercado. Quando mais atrativos tem o futebol americano, mais cresce o investimento”, afirma o empresário Ricardo Silveira, um dos organizadores da Florida Cup, torneio de pré-temporada em janeiro que ajuda a popularizar o futebol nos Estados Unidos. A opção de grandes clubes, como Real Madrid, Juventus e Roma, em fazer a preparação na América também ajuda a difundir o esporte.

Reprodução/Instagram
Jogar em solo norte-americano também virou opção para vários brasileiros que buscam novas oportunidades de trabalho. O atacante Stefano Pinho, de 27 anos, vive desde 2015 na Terra do Tio Sam e acumulou passagens por quatro clubes diferentes – Strikers, Minnesota, Miami e Orlando City, seu clube atual. Mineiro de São João Nepomuceno, na Zona da Mata, ele chegou a fazer teste no Atlético no início da carreira, defendeu o Friburguense e chegou às categorias de base do Fluminense. Sem ter o devido espaço no tricolor, foi emprestado a diversas equipes de menor expressão até o convite para atuar nos EUA, quando o ex-atacante Ronaldo era sócio do Strikers.

Hoje, são 12 brasileiros na elite dos EUA. O último a chegar foi zagueiro Danilo Silva, de 31 anos, que estava no Internacional e foi contratado pelo recém-criado Los Angeles FC. Stéfano Pinho hoje joga no mesmo clube que contratou o pentacampeão mundial Kaká em 2014. O mineiro se transformou em um artilheiro desde que chegou ao país, com 40 gols em 99 jogos (contando todas as equipes pelas quais passou). O atacante se sente adaptado ao estilo de jogo dos norte-americanos: “É muito diferente da nossa filosofia. No Brasil, os jogadores são mais técnicos e têm habilidade. Aqui, é mais força e estratégia. Quando você pega a bola, já há dois ou três te marcando. Os zagueiros são fortes. O futebol aqui está crescendo muito, tem muitos jogadores vindo para cá. Creio que daqui a alguns anos vai ser uma potência. Vim para cá pela questão familiar, pois meu filho (Nicholas) nasceu aqui e agora tem um ano. Era mais oportunidade de crescer profissionalmente e mais seguro ficar por aqui”.
Ele diz ter desejo de voltar ao Brasil no futuro, mas se sente satisfeito com a vida nos EUA. “Se tivesse a chance de voltar, eu voltaria. É claro que deveria ser uma coisa boa, porque agora tenho de pensar na minha mulher e no meu filho. Mas se não tiver, eu ficaria aqui, porque é um grande país para educar o meu filho e para viver”.

Veteranos

Apesar de agora investir em jovens jogadores, os veteranos continuam presentes na disputa. O atacante sueco Ibrahimovic, de 36 anos, continua sendo uma das estrelas do Los Angeles Galaxy e tem vínculo até dezembro de 2019. Campeão mundial com a Espanha em 2010, o atacante David Villa, de 36, atua desde 2014 pelo New York City. A última contratação de impacto foi o francês Bacary Sagna, de 35, que defenderá o Montreal Impact até o fim do ano.

A média de público na Major League Soccer superou os 21 mil torcedores em 2018, número muito superior ao do Campeonato Brasileiro (17,5 mil pagantes). Se hoje a competição conta com 23 clubes participantes, os organizadores têm a expectativa de aumentar essa quantidade para 28 até 2020. O custo de cada franquia na MLS pode chegar a R$ 600 milhões. O investimento de cada clube com salários por temporada é de aproximadamente R$ 50 milhões. A competição tem regras para que equipes não extrapolem os gastos. Um atleta só pode ganhar, no máximo US$ 450 mil por ano (R$ 1,7 milhão). Como na NBA, a disputa tem duas conferências (leste e oeste) e conta com 23 times.

Segundona de elite

Austin Bold/Divulgação

A exemplo da MLS, a United Soccer League (USL) – o que equivale à Segunda Divisão local – também segue em expansão. Um dos clubes presentes é o recém-criado Austin Bold, que jogará em um estádio com capacidade para 5 mil pessoas. O clube é dirigido por um treinador mineiro, Marcelo Serrano, principal responsável pela ida do atacante Kléber Gladiador (ex-Cruzeiro), de 36 anos, para a equipe do Texas. O contrato foi assinado na semana passada, meses depois de o jogador rescindir o vínculo com o Coritiba.

Nascido em Nova Lima, Serrano acumulou experiência na Seleção Brasileira Sub-20 (trabalhou ao lado de Ney Franco) e também esteve no Bahia, Joinville, Coritiba e na Seleção dos Estados Unidos. Neste último trabalho, adquiriu bagagem e ganhou confiança para, enfim, assumir o novo projeto.

Marcelo Serrano acredita que Kléber vai render muito no novo clube: “Ele foi nossa primeira contratação importante. Ele é um camisa 9, fez 26 gols em 2016 com o Coritiba. Pretendo usá-lo como centroavante. Estamos negociando outros nomes com nível alto. O importante é que ele tenha perfil para atuar nos Estados Unidos. E o Kléber tem o intuito de morar definitivamente no país com a família”.Na visão do treinador, o mercado norte-americano tornou-se vantajoso graças às facilidades de condições de trabalho: “A cultura é diferente da nossa, mas há estrutura administrativa e financeira excelente. A organização das ligas é profissional e há a facilidade de viver aqui, um país de primeiro mundo. Acredito que o futebol vai crescer muito mais ainda mais com a realização da Copa do Mundo de 2026 por aqui”.

Ele acredita que a Segunda Divisão dos EUA será tão atrativa quanto a MLS: “A USL é a maior segunda divisão do mundo. A conquista do acesso é diferente do que vimos no Brasil. Você precisa ter um bom time no campo, mas seu clube precisa de estrutura física boa, de coordenação administrativa e financeira. Para ir à MLS, o time tem de ter todos os aspectos bem feitos para conquistar o acesso. A parte técnica é importante, mas outros atributos também são considerados”.

Mercado atrativo

Ibrahimovic (sueco, 36 anos, do Los Angeles Galaxy)
Ashley Cole (inglês, 37 anos, do Los Angeles Galaxy)
Giovanni (mexicano, 29 anos, do Los Angeles Galaxy)
Lodeiro (uruguaio, 29 anos, do Seattle Sounders)
David Villa (espanhol, 36 anos, do New York City)
Schweinsteiger (alemão, 34 anos, do Chicago Fire)
Ignácio Piatti (argentino, 33 anos, do Montreal Impact)
Giovinco (italiano, 31 anos, do Toronto)
Rooney  (inglês, 32 anos, do DC United)

Os brasileiros da MLS

Bruno (goleiro, 25 anos, do DC United)
Auro (lateral, 22 anos, do Toronto)
Danilo Silva (lateral, 31 anos, do Los Angeles FC)
Fabinho (lateral, 33 anos, do Philadelphia Union)
Marquinhos (lateral, 24 anos, do Dallas)
Artur (volante, 22 anos, do Columbus Crew)
Felipe Martins (volante, 27 anos, do Vancouver Whitecaps)
Luiz Fernando (volante, 23 anos, do Minessota)
Ilsinho (armador, 32 anos, do Philadelphia Union)
Íbson (armador, 34 anos, do Minessota)
Stéfano Pinho (atacante, 27 anos, do Orlando City)
Victor PC (atacante, 24 anos, do Orlando City)
Elio Firmino* (armador, 17 anos, do New England Revolution)

*Atua na base

Times por conferência

Leste

Atlanta United
Chicago Fire
Columbus Crew
DC United
Montral Impact
New Engald Revolution
New York City
New York Red Bulls
Orlando City
Philadelphia
Toronto

Oeste

Colorado Rapids
Dallas
Houston Dynamo
Los Angeles FC
Los Angeles Galaxy
Minnesota United
Portland Timbers
Real Salt Lake
San Jose Earthquakes
Seattle Sounders
Kansas City
Vancouver

Regulamento

Os times se enfrentam em dois turnos em cada conferência e jogam uma vez contra os adversários da outra conferência. Os seis melhores de cada chave se classificam e disputam os playoffs. Os dois vencedores de cada conferência disputam a grande final.

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