
As raras vezes em que ele sobe o tom de voz coincidem com passageiros momentos de "apagão" do time multicampeão, que inscreveu, neste domingo, mais uma página na história do vôlei ao conquistar o tetracampeonato da Superliga. Os momentos de explosão fazem sentido e vêm, principalmente, quando o time perde concentração, ou pior, quando não colocam em prática o que foi determinado táticamente.

Saiba mais
O vice-campeonato de 2010/2011 se transformou em título na temporada seguinte. A hegemonia nacional viria em seguida, com os troféus de 2011/2012, 2013/2014 e 2015/2016. Nesse meio tempo, conquistou sete vezes o Campeonato Mineiro (seis pelo Cruzeiro) e duas Copas do Brasil (2014 e 2016).

Em 2013, Wallace, Leal, Eder e Douglas atropelaram os russos do Lokomotiv Novosibirsk: 3 sets a 0. A primeira vez que um time brasileiro conquistou o mundo no vôlei. Dois anos depois, o páreo era mais complicado. Contra o Zenit, também da Rússia, equipe recheada de jogadores de fortes seleções ao redor do mundo, Mendez se destacou. Um nó tático. Se William, Wallace e Leal fizeram partidas impecáveis, o segredo estava fora de quadra.
O tranquilo Marcelo Mendez montou uma equipe que, ironicamente, é justamente o oposto de sua personalidade. Velocidade de jogo, explosão e imprevisibilidade são armas mortais do Cruzeiro. Armas que foram se construindo ao longo da trajetória do treinador. Do vôlei de praia, ele se transferiu para a base do River Plate, onde conquistou o título nacional. Rodou pela Argentina, pela Itália e comandou a seleção da Espanha. Resolveu voltar à América do Sul e assumiu o Montes Claros antes de se transferir para o Cruzeiro.
Em todo esse tempo, Mendez incorporou diversos predicados europeus ao seu estilo de jogo, que mudou bastante desde a época que comandava o River. Uma característica, no entanto, não mudou: a fome de títulos.
"Quando vim para o Brasil, há mais de cinco anos, não imaginava conquistar tanto. Mas quero mais", disse, às vésperas da decisão do Mundial.
Para o cruzeirenses, melhor que siga assim.
Matéria produzida sob supervisão de Daniel Seabra