O Cruzeiro confirmou que Itair Machado não é mais vice-presidente de futebol do clube. O acordo para a saída do dirigente foi definido nesta quinta-feira.
Por meio denota no site oficial do Cruzeiro, o presidente Wagner Pires de Sá explicou que sua decisão se deve ao “grave momento político” que o clube atravessa atrelado a “forte crise financeira”.
“Wagner Pires de Sá revelou, mais uma vez, que assumiu o clube tremendamente endividado tendo pago durante o seu mandato mais de R$ 150 milhões de dívidas da administração anterior, além das despesas mensais de salários de funcionários e jogadores e os respectivos impostos. Acrescentou ainda que diante das constantes disputas políticas o clube foi perdendo chances seguidas de recorrer ao mercado para corrigir suas finanças”, diz parte do comunicado.
Wagner explicou ainda que pretende antecipar as eleições no clube para janeiro de 2020, desde que os vice-presidentes eleitos, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata, deem anuência. Nesta quinta-feira, Itair esteve na Toca da Raposa para se despedir de jogadores, comissão técnica e funcionários. O treinamento da tarde foi fechado após o aquecimento.
A saída de Itair Machado ocorre em meio a momentos turbulentos na parte política, na área administrativa e no desempenho do futebol cruzeirense.
Na administração, a Raposa enfrenta problemas financeiros e completou no último dia 7 de outubro dois meses de salários atrasados. No primeiro ano da administração de Wagner, houve aumento da dívida geral de R$ 386 milhões (2017) para R$ 520 milhões (2018).
Wagner Pires de Sá, Itair Machado e outros dirigentes são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público por suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos. Há ainda indícios de quebra de regras da Fifa, da CBF e do Governo Federal.
A conduta administrativa gerou racha na política do Cruzeiro. Por várias vezes, grupos de oposição entraram com ações na Justiça solicitando as saídas de Itair Machado e também de Wagner Pires de Sá. Os dirigentes recorriam dos processos e conseguiam manter suas funções.
O modelo de gestão refletiu nos resultados no futebol. O Cruzeiro está na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, em 18º lugar, com 21 pontos em 25 rodadas. São quatro vitórias, oito empates e 11 derrotas, com apenas 29,2% de aproveitamento e 72,7% de risco de ser rebaixado, segundo o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais.
A gestão de Itair no Cruzeiro ficou marcada por contratações suntuosas, como o volante Bruno Silva (R$ 5 milhões), o meia Rodriguinho (R$ 15 milhões) e os atacantes David (R$ 10 milhões) e Pedro Rocha (R$ 3,2 milhões por empréstimo). Houve ainda prorrogações de contratos de jogadores experientes, como o goleiro Fábio, ovolante Ariel Cabral e o meia Thiago Neves.
Além disso, houve pagamentos de comissões a empresários que nem sequer representavam atletas, como Carlinhos Sabiá, que embolsou R$ 800 mil na transferência do lateral-direito Mayke para o Palmeiras.