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UFC 172

Em busca de espaço no UFC, Bethe Pitbull vê MMA feminino com mais aceitação

Brasileira disputa segunda luta pela organização contra americana, neste sábado

postado em 25/04/2014 08:57 / atualizado em 04/11/2014 15:47

Vicente Ribeiro, Luiz Martini e Túlio Kaizer
Superesportes

Protagonista da luta feminina do UFC 172, neste sábado, em Baltimore (EUA), ao lado da oponente, a americana Jessamyn Duke, Bethe Pitbull Correia é uma digna representante do esporte praticado pelas mulheres. Se ainda não possui um vasto currículo na carreira (disputou sete confrontos e venceu todos), ela chama a atenção com história de vida de muita superação, deixando a família de lado para se dedicar às artes marciais mistas. Mas por uma boa causa, já que a paraibana tem a chance de conquistar espaço na principal organização de MMA e se firmar na categoria peso galo.

Em entrevista exclusiva ao Superesportes, por telefone, direto de Baltimore, Bethe Pitbull comentou sobre o próximo desafio lutando novamente fora do país – ela estreou no UFC com triunfo apertado diante da alemã Julie Kedzie (decisão unânime) em Brisbane, Austrália -, mas garantiu que não sentirá a pressão e que está pronta para se impor na trocação, seu principal estilo. A paraibana de Campina Grande e radicada em Natal, onde reside e treina, vê o MMA feminino mais respeitado pelo público e também por companheiros de profissão.

A atleta da equipe Pitbull Brothers, dos irmãos Patrício e Patricky Pitbull, ambos de Natal e destaques do Bellator, aposta em um crescimento ainda maior do MMA feminino, justamente por causa da competitividade entre as mulheres, algo que agrada em cheio aos fãs e promotores de eventos. Aos 30 anos, ela começou a se dedicar às artes marciais mistas em 2012, conquistou seis vitórias seguidas e foi contratada pelo UFC. A brasileira espera ampliar a invencibilidade e alcançar projeção no peso galo.

Confira a entrevista exclusiva com Bethe Pitbull

Você terá a segunda luta pelo UFC, novamente fora do país. O fato de ter conquistado a vitória longe de casa te dá mais segurança para lutar novamente fora do Brasil? (Ela estreou em Brisbane, na Austrália, no ano passado)

Bethe Pitbull - A gente entra um pouco mais nervosa que o normal em uma estreia. Foi a minha primeira luta fora do Brasil, então eu estava tensa, mas a vitória me deu tranquilidade.

Na estreia, você encarou uma adversária experiente, a Julie Kedzie, que até se aposentou depois dessa derrota na Austrália. Agora, você terá pela frente uma atleta mais nova, que assim como você busca espaço no UFC, a Jessamyn Duke. Isso muda alguma coisa em sua estratégia? Vai segurar um pouco no começo, ou partirá para a trocação logo de cara?

Bethe Pitbull –
Elas são atletas diferentes, tanto na personalidade como no estilo de lutar. Fiz um camp diferente que fiz para enfrentar a Julie, que é mais madura. A Jessamyn está em uma fase em que quer mostrar resultado e vem mais instigada. Minha cabeça foi preparada de forma diferente em relação ao último camp. Vou buscar o combate, não aceito que ninguém cresça sobre mim. Meu objetivo é sempre buscar a luta.

Na hora de subir ao octógono, o que passa na cabeça de uma lutadora? No seu caso, que está invicta, com sete vitórias em sete lutas, a sensação é de confiança ou de que é preciso ter atenção total?

Bethe Pitbull –
Quando entro no octógono, minha mente para, não consigo prestar atenção em público, câmera, não vejo ninguém a não ser o tatame. Foco na minha adversária, não escuto muito bem o público, apenas penso na oponente.

Na estreia, você lutou em um evento da série Fight Night, com menos capacidade de público. Agora, você estará em uma edição maior, com grande expectativa de arrecadação com pay-per-view. Aumenta o nervosismo ser o centro das atenções? Ou você não leva isso para o octógono?

Bethe Pitbull –
Eu preparei a cabeça pra isso, não olho muito para os fãs, não consigo nem enxergar as pessoas. Sei que terá muita gente no evento, mas só consigo enxergar o tatame. Isso não me atinge.

Com o crescimento do MMA feminino, você considera que uma luta entre mulheres ainda chama tanta atenção dos fãs, pela curiosidade? Ou você sente que as pessoas já se acostumaram com isso?

Bethe Pitbull –
O povo está aceitando bem e se acostumando, o MMA está muito bem assistido. Ainda há críticos, mas mudou muito a cabeça das pessoas, que aceitam bem e percebem que as mulheres lutam com técnica. Não é uma briga, é um esporte, uma luta e as pessoas já perceberam isso, o preconceito diminuiu muito, nos tratam de igual para igual no MMA feminino. Estou feliz e acho que só tem a crescer, cada vez mais. Nós é que temos que mostrar o que podemos fazer. O MMA está muito competitivo.

A mulher ainda é tratada com certa desconfiança no meio? Ou ganhou o respeito de todos?


Bethe Pitbull –
As pessoas de fora ainda não sabem como é o nosso treinamento. Ao contrário de quem está lá no meio. Eu já vi muitas mulheres com mais resistência que os homens e muitos ficam intimidados. Mas o preconceito pra quem está no meio é bem menor. Quem está lá dentro trata a mulher como atleta, mais do que as pessoas de fora.

Você treina com os irmãos Patrício e Patricky Pitbull, em Natal. Os caras se destacaram no Bellator, organização concorrente do UFC. Eles te dão algumas dicas sobre as lutas, o lado emocional no momento de subir ao octógono?


Bethe Pitbull –
Eles me treinam, estão todos os dias acompanhando os treinos. Eles brigam comigo, mas não fico com raiva, estão diariamente comigo, treinamos juntos e temos o mesmo estilo. Sempre que há uma coisa errada eles me chamam para conversar.

Apesar de ser nascido em Brasília, Antonio Pezão adotou a Paraíba como se fosse a cidade natal e é um dos ídolos locais e um cara que sempre divulga o nome do estado por onde luta. Você o conhece, troca ideias com ele? Como é ter a chance de lutar e representar a Paraíba? Você é reconhecida nas ruas em Campina Grande? O povo gosta de MMA?

Bethe Pitbull – Conheço o Pezão, ele lutou no mesmo evento que eu, sou fã dele. Ele tem um coração maior do que ele, gosto dele como lutador e como pessoa. eu nasci na Paraíba, mas me descobri como lutadora no Rio Grande do Norte. Gosto de dizer que represento os dois, são meus estados de coração, um é onde reside minha família e no outro é onde eu treino. Em campina grande eu sempre recebo carinho dos colegas, fãs, família. Em Natal as pessoas me conhecem mais como lutadora. É diferente, mas adoro muito os dois estados. O MMA é mais conhecido no Rio Grande do Norte, temos grandes lutadores lá.

Uma curiosidade: por que o apelido Pitbull? Desde quanto você é chamada assim?

Bethe Pitbull –
Por causa dos meninos da Pitbull Brothers. Eu era muito instigada nos treinos e puxei isso para mim. A mídia também começou a me chamar assim e o apelido acabou pegando a partir da minha quarta luta, contra Carol Mutante, em Aracaju, em abril do ano passado.

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