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Paulo Junior: dá tempo de o Corinthians virar time após dois meses de Luxa?

Urge para as próximas semanas a constituição de um time que consiga pontuar com o mínimo de segurança para se manter confortável na Série A

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Luxemburgo tem só quatro vitórias em 16 jogos
foto: Iconsport

Luxemburgo tem só quatro vitórias em 16 jogos

Vanderlei Luxemburgo reestreou no Corinthians no dia 2 de maio, uma derrota em casa para o Independiente del Valle logo em sua chegada, uma noite em que o time até teve bons momentos diante de sua torcida, mas terminou confirmando a dificuldade para vencer times bem organizados. Dois meses depois, em 2 de julho, o treinador chegou ao seu 16º jogo numa atuação que mostrou que a situação segue mais ou menos na mesma, sem notáveis sinais de melhora, ainda querendo entender de onde tirar um time dali. São só quatro vitórias no período, duas pelo Brasileirão.

O treinador admitiu que falta crescimento coletivo. Também evitou falar em risco de rebaixamento, mesmo com a equipe firmando posição na turma de baixo da tabela e com um aproveitamento de apenas 12 pontos em 13 jogos. Na próxima rodada, visita o Atlético-MG. Na que terminou, já podia ter ficado entre os quatro últimos. É realista a possibilidade de conviver com as posições da queda e bem razoável a projeção de que, jogando assim, vira o turno pelo menos rondando a zona da confusão, parafraseando o próprio professor.

Contra o Red Bull Bragantino, chamou atenção a facilidade que o time do interior teve em controlar o jogo ao seu gosto, num confronto que não lembrava em nada o desafio que paira no imaginário do campeonato sobre visitar o Corinthians em Itaquera. O gol saiu naturalmente no início, os visitantes até se permitiram agredir pouco em finalizações, e o espanto no intervalo era geral ­– o time da casa não vai nem conseguir competir?
 
 

Porque a estratégia ofensiva não funcionou, basicamente uma aposta de marcar e fazer a bola chegar logo em Róger Guedes e Yuri Alberto, se virando num jogo direto (Yuri, aliás, viveu mais uma jornada em que não demonstrou a capacidade de garantir esse modelo, presa fácil para zagueiros que o tempo todo parecem mais inteiros e confiantes que o 9 do time corintiano, como tem sido rodada após rodada). A defensiva menos ainda, com um meio que sofreu correndo atrás da posse do rival e uma primeira linha que logo desencaixou quando a tabela avançou até a área no gol aos 17 minutos.

Algumas saídas de jogo chegaram a ser constrangedoras. Não se enxerga grandes jogadas construídas, e os meninos que têm atuado não encontram muitas referências para se apoiarem. Gabriel Moscardo, 17, Guilherme Biro, 19, e Ruan Oliveira, 23, foram titulares, além de Murilo, 21, zagueiro que já vem com espaço há mais tempo. Felipe Augusto, 19, e Wesley, 18, tentaram dar novo gás no segundo tempo. Mas os laterais não conseguiram subir, Maycon não vive grande fase, Giuliano nem entrou, Paulinho se machucou, Renato Augusto está em recuperação de lesão... Róger Guedes, muitas vezes um oásis de qualidade técnica, apesar de mais rodado não é exatamente um jogador associativo, que combina, joga junto e potencializa os novatos. Fica difícil.
 
Róger Guedes é esperança solitária no Corinthians
foto: Iconsport

Róger Guedes é esperança solitária no Corinthians

 
 

E aí sofre o gol no começo e o estádio cheio não dá conta de empurrar o time sozinho. A sincronia do Red Bull contrastou com os longos espaços e as indecisões corintianas, que vão se refletindo em segundas bolas perdidas, falta de intensidade para os duelos individuais, aquela impressão de que dificilmente o resultado vai ser alterado. Mas claro que é futebol, e no fim a equipe de Bragança foi ameaçada porque é natural que uma vitória magra na casa de um gigante mantenha a chama acesa até os acréscimos.

O desempenho do Corinthians assustou. Não conseguiu igualar na técnica, no físico nem no tático. Quando falta o ajuste fino no coletivo, basta os jogadores se esforçarem, mas na maior parte do tempo apenas correram atrás, e aí não adianta reclamar de falta de vontade se o time ainda não tem um jeito confiável de funcionar. Dá para contar nos dedos os lampejos recentes, como o primeiro tempo da vitória contra o Santos na Vila Belmiro e a classificação contra o Atlético-MG pela Copa do Brasil, esse sim um jogo influenciado pelo aspecto mental em que o time de Luxemburgo, correndo atrás da vaga, atropelou o Galo que, entre poupados e improvisados, sentou um pouco na vitória do jogo de ida em Belo Horizonte.
 
 
 

Corinthians terá maré de melhor futebol? 


Sobre os resultados, ainda é possível reverter a situação, claro. Vanderlei tem razão quando diz que com três ou quatro vitórias o time já está brigando por vaga na Libertadores, qualquer criança sabe que a tabela é matematicamente muito apertada, o difícil é encontrar tal sequência. Sobre o nível do time, o fim de semana só manteve as dúvidas em imaginar uma maré de melhor futebol ou ao menos uma mínima sequência invicta. Não brigar pelo título era até previsto, mas perder em casa sem que o adversário tenha precisado chegar a um grande dia para impor sua organização, não.

O tempo para treinar será o padrão de sempre, sem muita folga, já que o time segue em ambas as Copas e terá os duelos eliminatórios contra América-MG, pela do Brasil, e Universitario, na Sul-Americana. Vai dar tempo de Luxemburgo dar forma num time? O início de maio foi o da tentativa desesperada, em terra arrasada após a viagem errada em torno de Cuca; o de junho foi a da esperança, depois de bater Fluminense e Atlético-MG, quem diria; o de julho, um desalento, uma manhã de domingo para esquecer diante da própria arquibancada.

Urge para as próximas semanas a constituição de um time que consiga pontuar com o mínimo de segurança para se manter confortável na Série A, ou o início de agosto pode ser tarde demais.

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