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Os 46 dias de Rogério Ceni no Cruzeiro: polêmicas, resultados frustrantes e crises

Treinador chegou com apresentação empolgante e saiu de forma melancólica

postado em 26/09/2019 20:30 / atualizado em 27/09/2019 04:37

<i>(Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro)</i>

Da apresentação empolgante ao fim melancólico. Em 46 dias de Cruzeiro, desde a sua contratação, em 11 de agosto, o técnico Rogério Ceni chegou sendo elogiado pelos jogadores e saiu depois de um desentendimento com parte do elenco. No período em que esteve na Toca da Raposa II, ele se envolveu em polêmicas, colecionou resultados negativos e viveu em crise.



1 – Apresentação empolgante


Na apresentação no Cruzeiro, Rogério Ceni empolgou muitos torcedores. Deixou claro que assumiu a Raposa por causa do desafio em dirigir um grande clube. "É uma honra, orgulho muito grande. É um clube que enfrentei muitas vezes, me tirou títulos aqui (risos). Quem sabe esses que faltaram em minha carreira não podemos conquistar juntos. Agradeço de coração a oportunidade, a camisa lindíssima. Espero que a gente possa corresponder à expectativa de vocês e tentar fazer com que o Cruzeiro suba na tabela de classificação o mais rapidamente possível, já que este momento não condiz com a história do clube". Rogério assumiu o Cruzeiro com a anuência dos jogadores.

2 – Elogios dos jogadores


O início do trabalho de Rogério Ceni no Cruzeiro recebeu muitos elogios. Os jogadores sempre se posicionaram de forma positiva aos métodos do novo comandante. “Eu vejo os jogadores muito confortáveis em conversar com ele, isso é importante, o treinador tem que saber como o jogador tem se sentido, e esse feedback é importante, ainda mais tendo mudado a maneira de jogar. Essa comunicação entre nós e ele tem sido um ponto positivo, e espero que melhore e faça o time render cada vez mais dentro de campo”, afirmou Dodô.

O atacante Fred disse que Rogério Ceni estava no top 5 dos melhores treinadores do Brasil.
“Os melhores que eu trabalhei: Roger, fenômeno. O futuro próximo aí é Roger, Rogério, gosto muito do Enderson, do Carille. Os caras estão com um trato com jogador muito bacana. O Odair está se destacando lá, mas eu não conheço. Agora, Enderson, Roger, Rogério e Carille, todo mundo, sem exceção, elogia”, disse o atacante.

 

3 – Resultados positivos


Logo nos primeiros jogos, o técnico conseguiu resultados positivos. O Cruzeiro vinha de apenas uma vitória em 18 jogos com o técnico Mano Menezes. Na estreia do ex-goleiro, o time venceu o Santos por 2 a 0, no Mineirão. Depois, empatou com o CSA por 1 a 1, no Rei Pelé, em Maceió. Na sequência, bateu o Vasco, no Gigante da Pampulha, por 1 a 0. O futebol não era brilhante, mas, enfim, o time voltava a somar pontos no Campeonato Brasileiro.

4 – Queda na Copa do Brasil


O primeiro grande baque do técnico Rogério Ceni foi a queda do Cruzeiro na Copa do Brasil - derrota para o Internacional por 3 a 0, no Beira-Rio. A Raposa começou bem a partida, mas depois caiu abruptamente de rendimento. A estratégia montada por Rogério Ceni não funcionou.


5 – Questionamentos de jogadores


Rogério Ceni foi questionado publicamente por Thiago Neves. Após o jogo contra o Internacional, o treinador foi criticado pelo armador por mudanças na escalação. “É um jogo diferente, a gente precisou se adaptar. Na minha opinião, você mudar três ou quatro jogadores em uma decisão fora de casa é muita coisa, em um time que já vem formado. Improvisar jogadores é difícil, ainda mais jogadores que não vêm jogando. Ficou um pouco complicado, mas mesmo assim a gente conseguiu fazer um bom primeiro tempo. E aí o primeiro gol complicou”, disse.

O armador também criticou a revelação da escalação para o elenco poucas horas antes da partida decisiva. “A gente ficou sabendo na preleção, sei lá, duas ou três horas antes do jogo. Na minha opinião, achei muito em cima da hora. Você improvisar três ou quatro jogadores numa linha que já vinha formada há dois anos. Nada contra, óbvio que queremos ganhar, jogadores que entraram jogaram bem, mas é muita coisa para um segundo jogo de semifinal”, complementou.  

Dedé foi outro que questionou o treinador. Em entrevista no dia 23 de setembro, o zagueiro afirmou que o clube precisava reerguer os veteranos mentalmente. Ele chegou a citar nominalmente Edilson, Sassá e Thiago Neves, atletas preteridos por Rogério Ceni em parte dos jogos.

Não posso perder um Thiago Neves, que deu um título para o Cruzeiro, um título não, que foi importante nos dois títulos da Copa do Brasil, fora os dois Mineiros. Não posso perder o Edilson, que, pra mim, é um dos melhores da posição. Não vive boa fase hoje, como ninguém no Cruzeiro vive boa fase. Mas, do grupo do Cruzeiro, da instituição, foi o cara mais próximo de ter ganhado a Libertadores, também foi campeão da Copa do Brasil e do Mineiro com a gente. (...) Não posso deixar de citar esses jogadores que são muito importantes, como Sassá”, acrescentou Dedé.

6 – Estilo de jogo não deu resultado


Uma das marcas de Rogério Ceni desde a chegada ao Cruzeiro foi a saída de bola. O goleiro Fábio foi orientado a dar passes rasteiros para zagueiros, laterais ou até mesmo volantes, em vez do chutão em direção ao campo ofensivo. Na prática, a estratégia falhou. Nas derrotas para Internacional (3 a 0) e Flamengo (2 a 1), o Cruzeiro tomou gols em erros de saída de bola e cedeu ataques perigosos aos adversários.  

O zagueiro Dedé questionou o estilo: “Entendo até e sei da qualidade que a gente tem para sair jogando, mas eu acho que temos que estar bem firmes para fazer uma jogada de saída de bola. E uma saída de bola tem que ser muito segura, é momento que a gente não pode errar, dar vacilo. A gente tem trabalhado, tem melhorado nesse fundamento, com o tempo a gente vai ter essa situação de saída de bola um pouco melhor”, disse.

7 – Sequência sem vitória e desabafo


Depois de um início positivo, o Cruzeiro com Ceni enfrentou uma sequência de cinco partidas sem vitória. Derrotas para Internacional (3 x 0), Grêmio (4 x 1), Palmeiras (1 x 0) e Flamengo (2 x 1), além de um empate com o Ceará (0 x 0).

Após a goleada sobre o Grêmio, o treinador desabafou
: “Se for para ficar no Cruzeiro, preciso fazer alguma coisa diferente. Se não, preciso passar a vez a outra pessoa que tenha uma mentalidade diferente para continuar no Cruzeiro”, disse. “Perdi muito, mas não nasci para perder, ainda mais duas pancadas seguidas como essas. É a reputação da gente que entra em jogo, independentemente do tempo de trabalho aqui”, acrescentou o técnico.

Depois disso, o Cruzeiro melhorou o nível de atuações, mas ainda assim ficou abaixo do que o elenco pode render. Paralelamente, o técnico tinha que conviver com protestos da torcida contra a diretoria do clube. Apesar disso, o treinador tinha apoio dos torcedores.


8 – Sem clima com parte dos jogadores


O clima entre o técnico Rogério Ceni e os jogadores estava desgastado. A reportagem do Superesportes apurou que os atletas estavam descontentes em saber a escalação apenas horas antes das partidas e com a falta de diálogo do treinador. A situação ficou insustentável após o jogo dessa quarta-feira.

Após o empate com o Ceará (0 a 0), Dedé falou no vestiário sobre a importância dos jogadores experientes, em especial do armador Thiago Neves. O posicionamento do defensor teria o apoio de outros atletas. Na partida dessa quarta, TN10 foi preterido e não entrou em campo. Rogério Ceni não gostou do que ouviu e saiu do vestiário. Foi o fim simbólico da era Rogério Ceni no Cruzeiro.

9 - A trajetória


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