Cruzeiro
None

CRUZEIRO

Primeiro vice-presidente do Cruzeiro, Hermínio Lemos também indica renúncia: 'Se o melhor for nova gestão, tem meu apoio'

Em carta obtida pelo Superesportes, dirigente ainda relatou ter avalizado, em março de 2018, um empresário feito pelo clube de R$ 12 milhões

postado em 18/12/2019 14:08 / atualizado em 19/12/2019 18:29

(Foto: Reprodução)

Primeiro vice-presidente do Cruzeiro, Hermínio Francisco Lemos também indicou renúncia ao cargo no início da tarde desta quarta-feira. Em carta, obtida pelo Superesportes, o dirigente garantiu, assim como Ronaldo Granata, segundo vice, que apoia uma nova gestão, caso essa seja a melhor solução para o futuro do clube.

No comunicado, Hermínio ainda revela que avalizou, enquanto vice-presidente, um empréstimo de R$ 12 milhões ao Cruzeiro em março de 2018. “Comprometi assim todo meu patrimônio arrecadado nos 46 anos de dedicação profissional. Quem tiver interesse pode ter acesso ao meu extrato de Imposto de Renda, entre 2009 e 2019, no cartório”, escreveu. 

Irmão de José Francisco Lemos, ex-presidente do Cruzeiro e decano do Conselho Deliberativo, Hermínio revela ainda que a família tem sofrido ameaças nas últimas semanas. “Hoje, estou extremamente preocupado pois eu e minha família estamos sofrendo ameaças, inclusive de morte”, lamentou.

Com as renúncias praticamente confirmadas por Hermínio e Granata, só resta o presidente Wagner Pires de Sá oficializar o desejo. Internamente, ele já confirmou ao presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Dalai Rocha, que esse é o seu objetivo. A reportagem apurou que termos de renúncias já estão sendo produzidos.

Com a saída iminente do trio, o Cruzeiro será administrado por um Conselho Gestor. O grupo será composto por Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH; Emílio Brandi, do grupo Nova Safra; Pietro Sportelli, presidente da Aethra; Alexandre de Souza Faria, da Multiseg; Carlos Ferreira Rocha, do Frigorífico Uberaba; Saulo Tomaz Froes, da Lokamig; e Jarbas Matias dos Reis, que participou da comissão de sindicância e que integrou o conselho criado por Zezé Perrella em outubro para ajudar na administração.

O empresário Aquiles Diniz preferiu auxiliar na gestão tendo uma cadeira simbólica na Sede Administrativa, mas sem participar do grupo formalmente.

Leia, na íntegra, a carta de Hermínio Francisco Lemos obtida pelo Superesportes:

Olá, sou Hermínio Lemos e tenho uma longa trajetória no Clube Celeste. 

Aos 5 anos de idade, me associei ao Clube Social. Depois, fui suplente do Conselho, Conselheiro Efetivo, Nato, até me tornar Conselheiro Benemérito. Fui 2º e 1º secretário do Conselho Deliberativo, Vice e Presidente do Conselho Deliberativo. Já fui superintendente administrativo da Toca da Raposa I e secretário-geral da presidência. 

Com 70 anos de grandes trabalhos realizados, sou formado em Engenharia Civil, com pós-graduação e especialização em Engenharia de Transporte e Engenharia de Segurança do Trabalho e MBA em Gestão de Negócios.

Minha família tem sim uma forte ligação com o Cruzeiro Esporte Clube há muitos anos. São anos de uma história limpa, ética e muito transparente.

Em 2017, fui eleito 1º vice-presidente do Cruzeiro Esporte Clube. Minha atribuição sempre foi estatutária. Atuei nas funções que competem ao 1º vice-presidente.

Art. 28. Compete ao 1º Vice-Presidente:

I  - substituir o Presidente na sua ausência ou impedimento;

II - incumbir-se, por delegação expressa do Presidente, de parte de suas atribuições.

O que o exercício me deu por delegação foi ser o responsável pelo lado administrativo e dos clubes sociais. Tenho orgulho em afirmar que lutei por uma governança corporativa e por uma gestão profissionalizada no Clube. Trouxemos a Ernest Young, a Falconi e implementamos o Complaince.

Nunca tive envolvimento direto nem indireto com o futebol profissional. Nunca acompanhei um contrato ou distrato. Acho que não é segredo para ninguém que, departamento de futebol profissional é uma ilha nas administrações, onde poucos tomam as decisões e, muitas vezes, sem o conhecimento dos demais, como no meu caso.

Lamento muito como cruzeirense, como profissional e como pessoa a situação em que o Cruzeiro se encontra hoje. O cargo é coisa passageira, mas a Instituição não. Estamos prestes a completar 100 anos.

Meu patrimônio desde que eu entrei aqui não evoluiu, pelo contrário, para quem não sabe, avalizei o Cruzeiro em 12 milhões de reais, em março de 2008. Comprometi assim todo meu patrimônio arrecadado nos 46 anos de dedicação profissional. Quem tiver interesse pode ter acesso ao meu extrato de Imposto de Renda, entre 2009 e 2019, no Cartório.

Hoje, estou extremamente preocupado pois eu e minha família estamos sofrendo ameaças, inclusive de morte. Meu irmão, José Francisco Lemos tem 90 anos e vem sendo constantemente ameaçado. Um homem sério, íntegro e que dedicou sua vida a esta Instituição. As pessoas não sabem os reais motivos e jogam todos no mesmo barco.

Eu não fui mencionado em nenhuma investigação, não fui indiciado e não tive nenhuma busca e apreensão. Nada consta contra meu nome.

Mas, não estou aqui para apontar os erros, pois se eles realmente existirem que os responsáveis arquem com as responsabilidades e as consequências.

Deixem que a polícia e a justiça trabalhem, este é o papel deles. Não tomem decisões precipitadas, ofendendo e agredindo pessoas que não têm culpa.

E se o melhor for uma nova gestão para este grande Clube, já tem aqui meu total apoio. Estarei sempre torcendo e lutando para que o melhor seja feito ao Cruzeiro Esporte Clube.

Hermínio Lemos
Belo Horizonte - MG
18 de dezembro de 2019

Tags: Cruzeiro interiormg futnacional seriea