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FARRA DOS CARTÕES

Brooksfield, Zara, Amazon e mais: com cartão corporativo, ex-presidente do Cruzeiro gastou mais de R$ 12 mil com grandes lojas e marcas

Conta de Wagner Pires de Sá em free shops da América do Sul também é alta

postado em 25/04/2020 06:00 / atualizado em 29/04/2020 18:17

(Foto: Superesportes)
Wagner Pires de Sá se mostrou exigente em seu perfil de compra. Documentos obtidos pelo Superesportes mostram que o ex-presidente do Cruzeiro adquiriu vários produtos em grandes lojas durante seu mandato, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019. Famosas marcas de roupas também foram contempladas na farra promovida pelo antigo mandatário com o cartão corporativo do clube. 

Na Brooksfield, de roupas, Pires de Sá gastou R$ 2.669. Os pagamentos para compras em lojas de vestuário não pararam por aí: o ex-presidente desembolsou R$ 412 para compras na Zara; R$ 20 na Pernambucanas e mais R$ 14 na Lupo, tradicional marca de moda íntima.

Além das roupas, famosas lojas de presentes também receberam visitas de Wagner - ou de pessoas que utilizaram o cartão em seu nome. No período em que foi presidente, ele gastou R$ 4.670 na Geórgia Casa Comigo, no Lourdes, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A loja vende, entre outros artigos, joias, perfumes, porcelanas e cerâmicas. Para se ter ideia, o anel mais barato é comercializado a R$ 1.800.

(Foto: Divulgação)
Os presentes não pararam por aí. Na loja Roberta Mourão, o ex-presidente pagou, com cartão corporativo, compras no valor total de R$ 3.971. Até e-commerce Wagner usou: a gigante Amazon registrou gastos de R$ 602. Todas as aquisições nessas grandes lojas representaram débito de R$ 12.358 para o combalido caixa do Cruzeiro.

Freeshops


Não só com restaurantes sofisticados Wagner aproveitou as viagens internacionais às custas do Cruzeiro. Os documentos, analisados por auditorias internas e externas do clube, indicam que o ex-presidente era cliente assíduo dos freeshops de aeroportos mundo afora. 

Essas lojas, instaladas no interior de salas de embarque e desembarque de voos internacionais, vem produtos sem a aplicação de alguns encargos locais ou nacionais. Fontes ouvidas pela reportagem, que participaram de muitas viagens, relataram que Wagner sempre comprou muitas bebidas alcoólicas nesses espaços - whisky, principalmente.

Os registros apontam que, só nos freeshops, Wagner gastou R$ 3.927 com os cartões corporativos do Cruzeiro. Ele passou nas lojas antes ou depois de jogos da Raposa conta Universidad de Chile, Emelec, Huracán e River Plate, todos pela Copa Libertadores. 

Outro lado


Por meio de nota, divulgada no fim da manhã desta sexta-feira, Wagner Pires de Sá afirmou que não vê ‘absurdos financeiros’ nas contas do Cruzeiro e que cartões corporativos eram utilizados por sua gestão para cobrir despesas de dirigentes enquanto 'personalidades públicas'. 

Não vejo aí nenhum absurdo financeiro, mas sim, a eminente intenção de determinadas pessoas, que mais uma vez, fazendo uso de métodos baixos e rasteiros buscam denegrir a minha imagem pessoal com nítido intuito político e a clarividente intenção de cobrir com uma cortina de fumaça os reais problemas pelos quais vem perpassando o Cruzeiro por total incompetência em solucioná-los”. Clique aqui para ler todo o posicionamento do ex-presidente.

Investigações


Não há, no Estatuto ou no código de conduta do clube - os dois únicos documentos disponíveis no site oficial -, quaisquer artigos ou parágrafos que tratem exclusivamente da ‘regulação’ do cartão de crédito corporativo. Em geral, no entanto, ele deveria ser utilizado especialmente por supervisores de futebol e por responsáveis pelo departamento financeiro para pagamentos relativos ao dia-a-dia do clube.  

(Foto: Leandro Couri/EM/D.A. Press)
As faturas do cartão de crédito de Wagner já estão com a Kroll, empresa de investigação corporativa contratada pelo Cruzeiro para auditar cada passo da antiga administração do clube. 

Internamente, o Cruzeiro acredita que poderá cobrar dos ex-dirigentes reembolsos pelos valores que foram gastos por meio dos cartões corporativos. Esse, no entanto, é um processo burocrático e sem prazo para desfecho. 

Esta reportagem é a quarta de uma série que revela, de forma ainda mais profunda, como os ex-dirigentes do Cruzeiro utilizaram de forma desregrada as receitas do clube, que atravessa a maior crise financeira/institucional de sua história e disputará, em 2020, aos 99 anos, sua primeira Série B do Campeonato Brasileiro.

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