Segurança de Fábio é um um dos trunfos do Cruzeiro na Série B (Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)
América e Cruzeiro iniciam neste sábado a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro 2020 tentando mostrar logo as credenciais de favoritos ao acesso. O Coelho, que vai a São Paulo enfrentar a Ponte Preta, deixou escapar a elite por apenas um ponto no ano passado e tem um grupo acostumado à briga mais física da Segunda Divisão. Já a Raposa, que recebe o irregular Botafogo-SP, terá de se adaptar não só ao estilo de jogo, mas também a alguns gramados e estádios piores aos que estava acostumada na Série A.
No caso da equipe celeste, há forte pressão por ser o clube mais tradicional da Série B e por começar a disputa com seis pontos negativos. Isso ocorreu por determinação da Fifa, em punição ao não pagamento de dívida de 850 mil euros (cerca de R$ 5 milhões) ao Al Wahda-EAU pelo empréstimo de seis meses do volante Denilson, em meados de 2016.
Atravessando grave crise financeira, o time aposta em um treinador habituado à Série B, Enderson Moreira, que levou o Goiás ao título em 2012 e repetiu a campanha cinco anos depois com o América. “Estamos preparados para iniciar a Série B, sabemos das dificuldades, sabemos o que temos pela frente”, afirma o belo-horizontino, que fará 49 anos em 28 de setembro. Ele comandará uma espinha dorsal formada pelo goleiro Fábio, o zagueiro Leo, o volante Ariel Cabral e o atacante Marcelo Moreno.
O Cruzeiro fez campanha ruim no Mineiro, a ponto de ficar fora das semifinais. Na fase de classificação, foi apenas o quinto, e teve que disputar o modesto Troféu Inconfidência.
América tem time cascudo em Série B; Zé Ricardo está acostumado à disputa (Foto: Estevão Germano / América)
O América também é comandado por um treinador com vasta experiência na Série B, mas sem títulos ou acessos. Porém, conta com jogadores cascudos em Segundona, como os laterais Leandro Silva e João Paulo, os volantes Juninho e Zé Ricardo e o armador Felipe Azevedo. Além disso, tem como trunfo o atacante Rodolfo, com passagens por clubes como Bragantino, CRB, Boa, Paraná, Fortaleza, onde foi campeão da B, e Cuiabá.
No Mineiro, o Coelho foi eliminado pelo Atlético nas semifinais, com duas derrotas: 2 a 1 e 3 a 0. A produção ofensiva deixou a desejar e é um ponto a ser trabalhado na Série B.
Não bastassem as próprias limitações técnicas e financeiras, os dois mineiros terão alguns concorrentes difíceis na busca pelas quatro vagas na elite. Dos que caíram ano passado, Chapecoense – que tem o goleiro João Ricardo e o atacante Anselmo Ramon, acaba de contratar Thiago Ribeiro e quer o volante Elias –, e Ponte Preta, do artilheiro Roger, do lateral Apodi e agora do armador Camilo, despontam depois de trabalhos razoáveis no primeiro semestre, tendo ido às fases finais dos estaduais.
O mesmo vale para os alagoanos CRB, de Leo Gamalho, e CSA, de Rodrigo Pimpão. Na final do estadual, o primeiro levou a melhor. O Galo da Pajuçara manteve a base que fez 2 a 0 sobre o Cruzeiro em março, no Mineirão, pela Copa do Brasil, com atletas como os zagueiros Gum e Ewerton Páscoa, o lateral-direito Leo Príncipe e o volante Claudinei.
Incógnitas
Outro que estava na Série A no ano passado, o Avaí parece incapaz de ameaçar. Nem mesmo chegou às semifinais do Catarinense, eliminado pela Chapecoense. Pior seu rival de Florianópolis, o Figueirense, goleado por 4 a 1 pelo Juventus na queda precoce no Estadual.
Quem também está em má fase é o Vitória, que não passou da primeira fase do Baiano, além de ter sido eliminado nas quartas de final da Copa do Nordeste. O mesmo vale para o Náutico, que caiu na fase de grupos do torneio regional e foi batido pelo Santa Cruz nas semifinais do Pernambucano, mesmo tendo jogadores experientes, como o atacante Kieza e Jorge Henrique.
Há ainda verdadeiras incógnitas, sem jogar há quase cinco meses. Caso do Cuiabá-MT, que liderou a primeira fase do Estadual e no ano passado surpreendeu ao fazer boa Série B, em oitavo lugar. O Sampaio Corrêa, do técnico Leo Condé, por sua vez, estreia com apenas dois jogos desde março. O problema é que na sequência terá de conciliar a disputa do Brasileiro com fase decisiva do Estadual, mesmo drama do Confiança-SE.
Sem direito a vacilos
Um dos tantos desafios dos mineiros será se impor diante de equipes de menor qualidade. O América passou por isso na Segunda Divisão de 2019, quando perdeu cinco pontos para o Operário-PR, além de ter sido derrotado em casa pelo já rebaixado São Bento na última rodada. Já na Série A, o Cruzeiro poderia ter evitado a queda se não tivesse, por exemplo, perdido em BH para o CSA e empatado com o Avaí.
Assim, vão enfrentar adversários como o Juventude, do armador Renato Cajá, que deixou escapar a classificação às semifinais do segundo turno do Campeonato Gaúcho perdendo como mandante na última rodada da fase de classificação para o Esportivo por 3 a 2. Outro representante do Rio Grande do Sul na Série B, o Brasil, também não obteve sucesso no Estadual.
Outros que não dão sinais de que vão brigar na parte de cima da tabela são os paranaenses Operário e Paraná. Ambos foram eliminados nas quartas de final do Estadual, por Cianorte e Coritiba, respectivamente, e não se reforçaram tanto para justificar mudança de perspectiva das torcidas.
Na mesma situação figura o Oeste-SP. Após ser rebaixado no Campeonato Paulista, o time junta os cacos para tentar se reerguer na Série B. Resta saber o que fará o Guarani na competição. Bastante tradicional, o time alterna altos e baixos, tendo lutado contra o rebaixamento no ano passado.
