
Atleta da conceituada academia Nova União, no Rio de Janeiro, a mesma de José Aldo, Renan Barão e outros renomados lutadores de MMA, Poliana Botelho estrearia no ano passado no UFC. Campeã do XFC no peso mosca (até 58kg), a mineira assinou contrato em maio e teve a luta contra a experiente Valerie Letourneau marcada para dezembro de 2016, mas fraturou a mão e precisou cancelar o duelo.
O sonho foi adiado para 2017, mas outras lesões e também frustrações na vida pessoal foram fatores que atrasaram a estreia. Entretanto, perseverante, Poliana se reergueu e, finalmente, ganhou outra chance de subir pela primeira vez ao octógono. Com cartel de cinco vitórias e uma derrota, a lutadora mineira só pensa em começar bem a participação na organização. Em entrevista ao Superesportes, ela comentou sobre a expectativa de lutar em Las Vegas, mesmo em um momento de tristeza e comoção na cidade, depois do tiroteio durante festival de música country, no domingo passado.
Depois da frustração com a estreia adiada, no ano passado, você terá a tão esperada chance de lutar pela primeira vez no UFC. Como foi superar a decepção até ter a estreia remarcada?
Foi um momento conturbado, um ano conturbado para mim. Além de ter fraturado duas vezes a mão, eu tive duas perdas familiares, então foi complicado. Mas eu acho que estava tudo nos planos lá de cima, sabe? Tinha de ser assim, nesse tempo, nesse momento.
Você enfrentaria uma atleta experiente, Valeria Letourneau, naquela oportunidade. Agora, teve confirmada uma lutadora que vem de derrota na estreia no UFC. O que muda em sua preparação?
Cada adversário tem um estilo de jogo diferente. Então a partir do momento que fechamos a luta, estudamos a adversária, os seus pontos fracos e fortes e montamos o cronograma de acordo com ela.
O fato de você ter tido algumas lesões a deixou mais preocupada durante os treinos? Você teve que dosar ou mesmo diminuir algum trabalho específico para diminuir o risco de se machucar de novo?
Eu diria que foi muito mais uma pressão de cabeça. O corpo esteve perfeito o tempo todo, o treinamento foi completo. O que sentia mais era medo de machucar de novo e ficar de fora.
Como fica o psicológico ao ter a estreia marcada para um evento grande do UFC?
Eu encaro que agora é o início da minha carreira, que tudo começou agora. Assinar com o UFC, poder lutar no melhor evento do mundo. Não me dá mais ou menos pressão, eu realmente encaro como se fosse o começo de tudo.

Quando ficamos sabendo, estávamos em Atlanta, correndo para pegar o voo para Las Vegas, então ficamos sabendo por alto. Quando chegamos, vimos que a cidade não estava cheia como de costume e aí fomos tendo noção do que havia acontecido mesmo. A cidade está bem abalada, é um fato muito triste. Eu já falei que ganhando essa luta, pretendo dedicar a vitória para as famílias de todas as vítimas dessa tragédia.
Você treina no Rio de Janeiro, na Nova União. Como é ser atleta de uma renomada academia, na liderança de um treinador reconhecido como um dos melhores do MMA como o Dedé Pederneiras?
Quando eu saí da minha cidade, eu já conhecia a Nova União, sabia que era um celeiro de campeões. Eu quis fazer um teste lá, tive a oportunidade e deu tudo certo. Sou muito feliz por lá.
Você prevê uma luta em pé, com muita trocação, ou crê em um duelo focado na luta agarrada? Sua adversária teve sucesso no boxe amador...você pensa em qual situação na luta?
Vou manter ela em pé. Eu acho que ela vai tentar partir para a luta agarrada, mas vou manter a distância e vai ser do jeito que eu quero.
Como foi deixar Muriaé para se dedicar ao MMA profissional? E o apoio da família? Você vai muito a Minas para rever amigos e familiares? E a torcida dos conterrâneos em Las Vegas? Fale um pouco sobre sua história, como começou no esporte...
Foi uma escolha de vida, eu quis buscar uma chance na minha vida dentro do MMA e o esporte era muito pequeno dentro da minha cidade, então escolhi o Rio e a Nova União. Eu encontro minha família depois das lutas, não sou muito de ficar indo em casa, mas sou muito ligada a eles, gosto da energia deles, de trocar. Eu me dedico muito ao MMA, então não tem como ficar indo e voltando.
Eu comecei no esporte por acaso. Estava querendo perder um pouco de peso, então uma amiga me levou para uma aula de muay thai. Eu fiz algumas aulas e o professor já pediu para me colocar pra lutar. A partir daí todo mundo já sabe.
O MMA feminino é sucesso no UFC; você acha que o preconceito sobre uma mulher lutadora é algo do passado? Ou ainda está presente na sociedade?
É engraçado que sempre me perguntam isso, mas eu nunca sofri nenhum tipo de preconceito. E acho que o sucesso não é só no MMA feminino, as mulheres vêm dominando o mundo de maneira rápida.
Como você analisa a divisão peso palha do UFC? Alguém pode desbancar a atual campeã, Joanna Jedrzejczyk, em um curto espaço de tempo?
A Joanna é muito dura, muito agressiva e vem ganhando de todo mundo. Hoje, não vejo ninguém tirando o cinturão dela não. Eu acho sim, que ela indo pro mosca, muita gente vai tentar a sorte também e a categoria vai ficar bem forte.