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DA ARQUIBANCADA

Faça como Saja: só abra a boca pra incentivar o Galo

Chega dessa ladainha: minha pátria é o Galo, o Brasil que se dane

postado em 30/04/2016 12:00

Bruno Cantini/Atlético
Se não fosse a nova temporada de House of Cunha a ocupar uma parte importante da massa cinzenta, a essa altura do campeonato a cabeça deste atleticano aqui só serviria a dois objetivos: o boné da Galoucura e o Atlético. Não fosse o circo político (a parte reservada pra nós é a de sempre, o picadeiro), estaria agora me arrastando pelas ruas com dois braços de zumbis estendidos pra frente, os olhos vidrados, os lábios balbuciantes: “Eu acredito, eu acredito”. Pena que o Cunha tenha me roubado até isso, além do resto.

Mas quer saber? Cunha de Cunha é r*la! E como está aberta a temporada de promessas, macumbas e vodus, caminhadas de joelho e tatuagens na testa, assumo meu compromisso com o sobrenatural: pelo triunfo do maior partido de Minas, o Clube Atlético Mineiro, de hoje até o próximo domingo prometo não importunar mais ninguém com minhas opiniões políticas de botequim, meus arroubos de sindicalista da CUT e meu sonho de ser backing vocal do Suplicy em Blowin’ in the Wind. Chega dessa ladainha: minha pátria é o Galo, o Brasil que se dane.

E por falar em Brasil, gostei desse goleiro Saja dizendo que brasileiro borra diante dos argentinos. Parecia a Janaína Paschoal, a Janadiva do impeachment (putz, a minha promessa...). E ele tá certo! Depois dos 7 a 1, então, a incontinência é geral. E o Crüzeiro com trema? Falou em Argentina, corre pro trono. Saja só esqueceu que Atlético não é Brasil, que atleticano não veste CBF, que a gente meteu 10 no Arsenal de Sarandí, eliminou o NOB de Scocco, levou a Recopa em cima do Lanús com duas vitórias, e já tirou o Boca na Bombonera. Saja, seu machão de túnel de vestiário: não vá se borrar na cama, que vai ter réveillon. Bum! Bum!

Enquanto a quarta-feira não vem (parece a quarta do Goulart), domingo tem mais! Veja você que o Crüzeiro não borra apenas para a Argentina, a diarreia já é continental: borra pra América também. Da nossa parte, achei excelente: o Mequinha só vai valorizar a nossa conquista. Chega dessas finais tipo a Copa do Brasil de 2014, em que você passeia, mas na hora de celebrar o apito final o bêbado eufórico já deu lugar ao bêbado dormindo no sofá. Não dá. Melhor que seja com emoção – melhor, portanto, que tenha sido com a Caldense e que seja, agora, com o poderoso Coelho comedor de Raposa. Ave, Maria! O bicho vai pegar.

Ultrapassada a barreira deste domingo, concentremo-nos na difícil peleja da quarta. Sou do tempo da geral do Mineirão, de quando a Força Viva e a FAO comandavam a festa, e 0 a 0 na casa do adversário era ótimo resultado. Então, não venha você, seu corvo, dizer que foi ruim. Ruim é o Werley. Ruim é seu presidente ser o Ziza. Ruim é o Robinho do seu time chamar Robinho por causa do Robinho que joga no rival. Quando chegar a hora, faça como o goleiro Saja: só abra a boca pra incentivar o Galo. Como disse Marx, o garçom do Guilherme e do Valdir Bigode: atleticanos de todo o mundo, uni-vos!

Um dia o presidente Daniel Nepomuceno me explicou mais ou menos assim sua predileção pelo Independência: “O dia que você atravessar o Inferno Alvinegro dentro do ônibus do Galo, você vai entender”. O Brasil conseguiu a proeza de matar a arquibancada, um patrimônio de sua cultura popular. Diferentemente da Argentina, você só verá sinalizadores nas Ruas de Fogo, o recebimento mais espetacular de um time de futebol em todo o mundo. Mas, quando estiver na canja, lembre-se que ainda não confiscaram nossas gargantas e corações. Isso aqui é Cólera, punk rock na veia, mas vale pra nós: “Solte seus punhos, solte sua voz, rasgando no ar, rasgando no ar!”. Tô achando que o Saja num vai guentá!

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