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COPA LIBERTADORES

Um pé nas telas

Lance memorável de Victor que assegurou o Atlético nas semifinais da Libertadores será tema de curta-metragem de cineasta mineiro, e atleticano, radicado no Rio de Janeiro

postado em 04/06/2013 08:00 / atualizado em 04/06/2013 09:17

Valf/Washington Alves

O Atlético empatava com o Tijuana por 1 a 1 no Independência. O placar o classificava às semifinais da Copa Libertadores. Mas, aos 46min, o zagueiro Leonardo Silva cometeu pênalti em Aguillar. Dois minutos depois, a massa foi do desespero à euforia: o goleiro Victor, de forma espetacular, defendeu com o pé esquerdo a cobrança de Riascos. Esse curto espaço de tempo, que pareceu uma eternidade para os atleticanos, será imortalizado em curta-metragem pelo cineasta mineiro e atleticano Mauro Reis, da carioca Rocinante Produções.

A ideia de Lobo Mauro, como ele prefere ser chamado, é retratar o drama de quinta-feira no Horto em imagens fotográficas e texto em multivozes. “O tempo é uma coisa engraçada diante de um pênalti, é um momento de profunda dor, no qual o mundo para por alguns minutos que parecem durar horas. Carrega uma dramaticidade que é um clímax. Aquele momento transcende possibilidades”, diz o cineasta, lembrando a cobrança desperdiçada por Baggio na final na Copa do Mundo’1994, que deu ao Brasil seu quarto título mundial. “O lance originou um curta de um minuto. Fico imaginando o que os italianos sentiram diante daquilo.”

A intervenção de “São Victor” será contada por torcedores que sentiram na pele a agonia. “Eram 20 mil pessoas no Independência e passavam 20 mil filmes diferentes na cabeça delas. É uma coisa pessoal e ao mesmo tempo comum. Por isso a ideia de produzir um curta contado pelo próprio torcedor.” Um trecho da coluna de Fred Melo Paiva “La canhota de Dios”, publicada no último sábado no Estado de Minas, deverá ser usado na produção.

Para Victor, ser protagonista da produção é motivo de orgulho. “Esse lance marcou a minha carreira, marcou a minha vida. Foi um momento especial, inesquecível. Fico contente que tenha virado argumento para curta-metragem. Foi uma jogada bonita dentro de uma história tão rica quanto a do Atlético. É algo que ficará guardado para sempre em minha memória.”

SOFRIMENTO ATÉ A REPRISE


O belo-horizontino Lobo Mauro, de 39 anos, vive no Rio desde 2000, quando foi estudar cinema na Universidade Federal Fluminense. Ele conta que tem acompanhado o Galo sempre que pode, embalado pela boa fase do time de Ronaldinho Gaúcho desde o ano passado. Confessa que o desespero diante do Tijuana não lhe sai da memória. “Naquele jogo, o Galo já não jogava o que a gente estava acostumado a ver e já sentia que a casa poderia ruir. Quando o pênalti foi marcado, nunca vi tanto homem chorar, foi uma comoção. E, mesmo depois de tudo, assistindo à reprise, a gente sentia um mal-estar, aquele momento não estava saindo da cabeça e me atrapalhando até a trabalhar. Então, posso dizer que é também uma forma de exorcizar esse sentimento e compartilhá-lo com as pessoas ao mesmo tempo.”

Será a primeira produção do mineiro sobre futebol. Ele tem também um projeto sobre a decisão da Copa de 1950, Brasil 1 x 2 Uruguai, no Maracanã, o célebre Maracanazo. “É que um dos personagens principais, que narrava jogos para os turistas, sofreu um aneurisma e tinha se afastado. Depois, veio a falecer. Ou seja, tivemos o nosso maracanazo de projeto”, comenta.