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Da festa ao reconhecimento

Atleticanos vão da tensão à euforia desmedida em BH, enquanto torcedores da Caldense aplaudem a campanha do time, que sofreu uma única derrota no Estadual

postado em 04/05/2015 08:01 / atualizado em 04/05/2015 08:09

Paulo Filgueiras/EM/D.A Press

Por Renan Damasceno, Landercy Hemerson e Roger Dias
Enviados especiais a
Poços de Caldas e Varginha


Em domingo preguiçoso de fim de feriadão, os atleticanos que saíram às ruas experimentaram emoções distintas ao longo de 90 minutos. Com as ruas da cidade bastante vazias, nem todos os pontos tradicionais lotaram, como o Bar do Salomão, que permaneceu com as portas fechadas, mesmo com o Atlético na finalíssima do Estadual. Torcedores se juntaram na Savassi, bares do Centro e, especialmente no Horto, a poucas quadras do Independência. Mas os alvinegros que se arriscaram a ir às ruas reclamaram, berraram, vibraram com o gol alvinegro, lamentaram o empate da Caldense e, quando já roíam as unhas, explodiram de alegria com o gol de Jô. Na Avenida Silviano Brandão, pouco mais de 200 pessoas se reuniram em um bar para vibrar diante do telão montado. “Nosso papel é apoiar. Sempre nos reunimos aqui e hoje não foi diferente”, explicou a empresária Míriam Cruz, ao lado do namorado Artur Ferreira e amigos.

Alguns apoiavam, outros cobravam. “Um jogador do Atlético ganha mais que o time inteiro deles. Por isso que estou lamentando cada chance perdida. Mas estou tentando me acalmar, já que tenho certeza da vitória”, reclamava o advogado Rodrigo Soares, que foi o primeiro a subir na mesa para puxar o hino entoado assim que o árbitro Emerson de Almeida Ferreira apitou o fim do jogo. Ao ritmo de pagode, os torcedores comemoraram o título.

Algumas buzinas cortaram o silêncio do fim de domingo e, com o anúncio de que a equipe não desfilaria para manter a concentração para a partida contra o Internacional, quarta-feira, pela Libertadores, poucos torcedores foram à sede, mas a Praça Sete lotou no início da noite. Em Poços de Caldas, a cena do fim do jogo foi emblemática: mesmo com a Caldense derrotada por 2 a 1, o que assegurou o título ao Atlético, milhares de torcedores deixaram a Praça Pedro Sanches gritando o nome do time. Era um reconhecimento à equipe de Leonardo Condé, que havia chegado em primeiro lugar à fase classificatória e estava invicta até ontem. A confiança de que era possível chegar ao segundo título da história da Veterana havia levado cerca de 10 mil pessoas ao local. Elas acompanhavam o confronto pelo telão e vibravam a cada lance de perigo do time local. Da mesma forma, esbravejavam diante da irritação com a arbitragem, como num lance da primeira etapa em que reclamavam possível pênalti não assinalado sobre o atacante Zambi.

E mesmo com a vantagem do Atlético, assegurada por Thiago Ribeiro, os torcedores da Caldense chegaram a acreditar que era possível alcançar a taça quando o artilheiro Luiz Eduardo empurrou a bola para as redes de Victor, empatando em seguida. Eles, porém, foram vendo o alvinegro crescer em campo com a entrada de mais atacantes e, por fim, o gol de Jô, em que houve ligeiro impedimento. Mesmo com a revolta no fim, a maioria deixou a área central de Poços exaltando a bela campanha. O encarregado de expedição Carlos Eduardo, de 28, não se continha. “Passou da hora de os juízes terem acesso às imagens do jogo em caso de dúvida. A Veterana foi prejudicada e, para mim, é a campeã moral”.


NO MELÃO


Em Varginha, desde as primeiras horas do dia a cidade respirava futebol. O clima era pacífico. Diversas caravanas de torcedores de Caldense e Atlético chegaram de vários cantos de Minas.

Dentro do Estádio Melão, restando duas horas para o início do jogo, os grupos se provocavam, mas sem agressões. Em maior número, os atleticanos chegaram em pequenos grupos e se estabeleceram na parte descoberta.

Os fãs da Caldense viajaram 130 quilômetros, vindos de Poços de Caldas para tentar organizar um carnaval fora de época em Varginha. Vestido de ET, um dos símbolos de Varginha, o comerciante José Roberto Balbino, de 46 anos, valorizou o feito da Veterana, que chegou à decisão do Estadual de forma heroica. “Os jogadores são valorizados por tudo de bom que fizeram na competição”.

As mascotes dos times foram atração à parte. Graças à ação do departamento de marketing da Caldense, o Periquito, que normalmente entra nos jogos em Poços, foi substituído pelo ET, causando furor nas arquibancadas. O Galo Doido também fez festa com os alvinegros.

Os atleticanos estiveram presentes em maiores caravanas – torcedores de cidades como Sete Lagoas, Lavras, Pouso Alegre, Brumadinho, Itaguara, Barbacena e até São Paulo. O empresário Evandro Oliveira veio de Candeias, distante 140 quilômetros da cidade que recebeu a final do Mineiro, e fez um apelo à diretoria alvinegra. “O Atlético tem muitos torcedores no interior e poderia mandar outros jogos aqui. Tem que dar mais chance de a gente ver o time de perto, poder torcer com alegria e festejar”.

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